Oito

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Os dias se passaram vagarosamente, Arthur não me obrigou a atender nenhum cliente e nem a ir ao salão, ficava durante todo o tempo no quarto. Como não havia nada que eu pudesse fazer, dormia para ver se assim os dias se passavam mais depressa.

Sarah achava que Arthur só estava esperando que meus hematomas sumissem completamente, e muitos deles já estavam mais claros, menos o da minha costela, e o corte na minha boca ainda estava visível e dolorido.

Me assustei quando vi a porta ser aberta, e pela primeira vez em vários dias, ele se direcionou a mim.

- Ei morena, se arrume e vista isso. – ele jogou uma sacola em minha cama.

Abri a sacola, e vi que era uma camisola preta e transparente e uma calcinha pequena e preta de renda.

Engoli em seco quando vi as peças, imaginando que hoje eu teria que ir ao salão para agradar clientes.

- Não vai atender clientes hoje, morena. Já disse que tenho outros planos para você. - vendo minha apreensão ele se apressou em dizer. – Tem maquiagens e sapatos aí dentro também, quero você impecável hoje. E você – ele apontou para a Sarah. – Está liberada por essa noite. – ele completou e ela assentiu.

Eu sabia que não teria como fugir do que quer que ele tenha planejado. E se eu fosse mesmo leiloada, talvez era essa a minha chance de me ver livre desse lugar, poderia fugir do meu comprador quando eu estivesse longe daqui.

Me levantei e fui tomar um banho, lavei os meus cabelos e quando sai, os enrolei na toalha, para que drenasse todo o excesso de umidade dos fios.

Voltei a abrir a sacola, me vestindo com as peças que Arthur me entregou. A camisola era completamente transparente e justa no meu corpo, no seios, havia um triângulo que tampava meus mamilos.

Ainda era possível ver uma leve sombra do hematoma da minha costela sob a roupa, e ele ainda doía um pouco.

Retirei a tolha dos meus cabelos, e os penteei. Joguei os fios para frente do meu corpo, fazendo com que meus cabelos tampassem os meus seios. E iniciei uma maquiagem com os produtos que Arhur me deu.

Já estava acostumada a fazer maquiagens no salão, então não foi difícil me maquiar. Fiz uma maquiagem leve, apenas para tampar as sombras dos hematomas que ainda estavam no meu rosto. Não sentia vontade de me arrumar naquele lugar.

Passei um gloss nos lábios e máscara de cílios, e um pouco de blush para me dar um ar saudável.

Meus cabelos já estavam quase secos, e estavam naturalmente ondulados.

Sarah me contou que depois que uma das meninas, queimou os dedos do Arthur com uma prancha, ele recolheu todos os itens de cabelos, e elas tinham que se virar como dava.

Sentei na cama, olhando para um ponto fixo na parede, pensando o que seria de mim essa noite. Eu tinha medo, medo de continuar aqui, medo de sair. A verdade é que eu só queria voltar para a minha vida na Paraíba, e esquecer que isso um dia aconteceu comigo.

A porta se abriu depois de um tempo, era um dos seguranças musculosos da boate, e eu sabia que ele estava ali para me buscar. Calcei os sapatos que ainda estavam em cima da cama, e me levantei.

- Foi bom te conhecer. – Sarah me deu um abraço, e eu segurei a vontade de chorar.

- Se eu conseguir fugir, volto pra te buscar. – prometi, e ela sorriu com lágrima nos olhos.

- Anda logo. – o segurança me puxou, me levando pelos braços até a parte de fora.

Ele segurava forte em meu braço e andava depressa, me fazendo tropeçar em meus próprios pés, os saltos eram muito altos e eu não tinha costume de usar esse tipo de sapato.

Contornamos o palco, e ele me conduziu por uma escada, até que subimos o palco pela parte dos fundos.

- Agora o momento que todos esperavam. – ouvi Arthur dizer, enquanto o brutamontes continuava a me puxar pelo braço, até o centro do palco. – A estrela do nosso leilão.

Havia um refletor com uma luz forte em cima de mim, e eu mal conseguia ver quem estava sentado nas mesas, acho que era proposital para que eu não fosse capaz de conhecer nenhum dos rostos ali.

- O nome dessa gracinha, é Juliette, tem 21 anos e é virgem. – ele segurou forte em meu queixo, me forçando a erguer a cabeça e tirando meu cabelo do rosto.

Não consegui conter as lágrimas, mesmo que eu não pudesse identificar os rostos, eu sabia que estavam ali com um único intuito: me comprar. E era impossível não sentir repulsa sobre isso.

- Começaremos os lances em cinquenta mil reais. – Arthur anunciou e logo vi a sombra de várias placas se erguerem.

A cada lance, meu estômago embrulhava ainda mais. Não é possível que aquelas pessoas considerassem isso normal. Era doentio.

- Dou meio milhão. – vi um homem se levantar ao fundo.

Não era possível dizer se era jovem, velho, bonito ou feio pela sua silhueta, mas sua voz era grave e imponente. Um silêncio se instaurou depois de seu lance, e eu soube que não demoraria muito até que eu soubesse quem era ele.

- Vendida, para o sr. Matthaus!

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