Quatorze

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Tomei um banho para retirar o cloro da piscina dos meus cabelos e corpo, tirei o excesso de água dos meus cabelos com a toalha e fui até o guarda-roupas, em busca de algo para vestir. Acabei optando por um vestido azul claro, com estampas florais, de alças finas, decote no busto e rodado. Não era longo, chegava até metade das minhas coxas. Nos pés uma sandália não muito alta de saltos grossos.

Fiz uma maquiagem leve, o corte nos meus lábios, eram quase imperceptíveis agora, e os hematomas não podiam mais ser vistos. Quando me achei bonita o suficiente, penteei os meus cabelos, que ainda estavam úmidos e naturalmente ondulados, e desci ao encontro de Rodolffo.

Fomos em silêncio até a casa dos pais dele, percebi que ele não era muito de falar. A casa ficava em outro condomínio um pouco distante do dele. Quando adentramos pela portaria, me senti ansiosa, passando os dedos nervosamente na barra do meu vestido.

A casa era tão grande, quanto a de Rodolffo, e eu olhava admirada para o jardim bem cuidado na entrada. Ricardo parou o carro bem na porta, e Rodolffo logo desceu do carro. Precisei respirar fundo antes de fazer o mesmo.

Rodolffo colocou a mão na minha cintura, e caminhamos lado a lado até o interior da casa. Todo o piso da sala era de madeira, e toda a decoração era mais fechada e tradicional, sem muitos traços modernos. Haviam algumas obras de arte penduradas nas paredes, e um aparador cheios de fotos de família. Vi várias fotos de Rodolffo quando criança, ao lado de uma garotinha que presumi ser sua irmã.

O sofá era grande e parecia confortável, era de cor de creme, assim como o grande tapete que ficava à sua frente. Havia uma mesa de centro de vidro, com um arranjo lindo de flores, pareciam ser flores frescas, recém colhidas do jardim.

- Meu filho, que bom que chegou.

Vi uma senhora se aproximar, era bonita e se parecia com o Rodolffo, usava uma saia lápis marsala, uma blusa preta de botões e mangas curtas, e um sapato peep toes preto. Apesar da idade, era bem jovial.

Ela se aproximou com os braços abertos e sorriso tímido, abraçando Rodolffo em seguida.

- Oi, mamãe. – ele respondeu, a abraçando forte.

Não consegui disfarçar um sorriso ao ouvi-lo a chamar de mamãe, ele parecia tão sério e másculo, achei fofo que ainda se referisse a mãe assim.

- E quem é essa moça linda? – ela se virou para mim, me olhando de forma amorosa e com um sorriso gentil nos lábios. – Não me diga que finalmente verei meu filho se casar?

Rodolffo deu uma risada e olhou para mim, ainda me sentia desconcertada e sem saber muito bem como agir, ela parecia tão gentil, que me senti mal de enganá-la.

- Essa é a minha namorada, Juliette. – ele me apresentou e eu estendi minha mão para ela, que me puxou para um abraço tão carinhoso, que me senti ainda pior.

- Prazer, minha querida. Me chamo Vera, Rodolffo nunca trás as namoradas aqui, e é uma felicidade receber você em minha casa.

- O prazer é todo meu, dona Vera. – respondi sorrindo e ela segurou minhas mãos.

- Vamos logo entrar, seu pai vai ficar muito feliz de conhecer sua namorada, meu filho.

Saímos da sala, e continuamos a adentrar a casa, até chegarmos na sala de jantar, haviam grandes portas de vidro, que levavam até os fundos, e foi para lá que fomos. Havia uma grande mesa posta no jardim, além de várias jarras de flores, que decoravam a mesa.

Mais a frente, vi um senhor de cabelos grisalhos de costas, e parecia falar ao telefone com alguém. Usava calças brancas sociais e uma camisa azul marinho.

- Juarez. – Vera o chamou, ele olhou para trás e sorriu quando nos viu, falando algo no telefone e desligando em seguida. – Venha conhecer nossa nora.

- Mas que moça bonita. – ele elogiou ao se aproximar, abrindo os braços para um abraço.

- Prazer conhecer o senhor. – disse, o abraçando tímida. – Sou a Juliette.

- Escolheu bem, meu filho. – ele se direcionou ao filho e deu um abraço rápido nele. – Estávamos só esperando que chegassem para almoçarmos, espero que goste, querida.

Rodolffo me puxou pela mão, e puxou uma das cadeiras para que eu me sentasse, sentando ao meu lado em seguida. Juarez ocupou a cabeceira da mesa, e Vera sentou ao seu lado. O almoço foi servido, e estava tudo delicioso.

- Há quanto tempo vocês dois estão namorando? – Juarez quis saber e eu voltei a ficar ansiosa.

- Não tem muito tempo. – Rodolffo deu de ombros.

- E pretende se casar? Não vou viver muito, e gostaria de deixar a empresa em suas mãos, mas sabe bem que os acionistas exigem que o presidente seja casado.

- Começamos a namorar há pouco tempo, mas pretendo sim me casar, não vou abrir mão da minha herança.

- Ótimo, e espero que a moça esteja de acordo.

- Ela está. – Rodolffo me olhou nos olhos, se inclinando até mim e selando nossos lábios, e eu me surpreendi com a sua atitude repentina.

- Está mesmo? – ele perguntou, olhando para mim.

- Sim. – respondi, ainda sentindo meus lábios formigarem com o contato rápido dos nossos lábios.

A sobremesa chegou, era uma deliciosa torta de frutas vermelhas, e acabou cortando o assunto enquanto comíamos. O resto da tarde foi agradável, e quando dona Vera foi orientar os empregados e seu Juarez chamou Rodolffo para uma conversa, resolvi conhecer o que mais me encantou quando cheguei aqui: o jardim.

Estava caminhando pelo jardim, quando vi Rodolffo se aproximar.

- Desculpe se te assustei com aquele beijo. - ele pediu e eu sorri, me lembrando do toque suave dos seus lábios nos meus.

- Acho que vou precisar me acostumar. - dei de ombros, olhando para o bonito jardim. - É tão lindo aqui.

Ele segurou meu queixo, e me virou para olhá-lo. Rodolffo passou o polegar de leve pelos meus lábios, e eu senti meu corpo inteiro se arrepiar.

- Você tem uma boca linda, na verdade, você é toda linda. - ele elogiou e eu fiz uma careta.

- Sempre tive vergonha da minha boca, sempre falaram que era grande demais. 

- Não é, é perfeita. - ele continuou a carícia, sem desgrudar os olhos da minha boca.

Rodolffo se aproximou mais, e se inclinou para me beijar. Fechei meus olhos quando nossos lábios se tocaram, e ele passou a mão pela minha nuca, entrelaçando os dedos pelos meus cabelos, enquanto pedia passagem com a sua língua.

Toquei seu peito firme, enquanto permitia que ele me beijasse. Sua língua tocando a minha numa dança sensual, conseguia sentir o gosto adocicado da torta de frutas em sua boca, e ele me puxava para mais perto, tornando o beijo mais voraz e urgente.

Nunca havia sido beijada daquela forma, meu corpo inteiro parecia arder em brasa, e eu já me sentia ofegante. Ele parou o beijo, e permaneceu de olhos fechados, com nossas testas coladas. Eu tentava recobrar meus sentidos, me sentia nas nuvens. 

Quando ele abriu os olhos, conseguia ver o desejo que refletia neles, e senti meu rosto corar ao ver que ele me queria daquela forma, mas ainda não me sentia pronta. Por mais carinhoso e atencioso que ele fosse, ele tinha me comprado, e isso ainda me causava confusão.

- Vamos pra casa. - ele chamou e eu assenti.

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