Onze

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Nada melhor do que uma noite de sono, em um lugar que não fedia a mofo. Os lençóis estavam cheirosos e a cama era extremamente confortável, não era de se admirar que eu dormisse tanto, faziam dias que não dormia tão bem.

O sol já estava alto lá fora, e quando olhei para o relógio na mesa de cabeceira, vi que já se passavam das dez da manhã. Eu ainda usava as peças de roupa que ele me entregou ontem, eram roupas dele e eu conseguia sentir os resquícios do seu perfume forte nas roupas.

Me levantei, e fui direto ao banheiro para fazer minha higiene, e me surpreendi quando vi que na bancada, haviam uma escova de cabelos, escova de dentes, uma necessaire com produtos faciais e de maquiagem e no box haviam alguns produtos de cabelo.

Depois de fazer minha higiene e pentear os cabelos, decidi sair do quarto e ir à procura de Rodolffo.

Os corredores estavam silenciosos, e não parecia ter ninguém em casa, talvez fosse a minha chance de fugir. Desci as escadas, e olhei pela sala, fui até a varanda que havia na frente, e não vi ninguém.

Continuei andando pelo jardim, sentia a grama úmida sob meus pés, e talvez fosse uma má ideia tentar fugir descalço, mas tinha que tentar. Quando já estava chegando próxima ao portão, ouvi uma voz atrás de mim.

- Tudo bem, senhorita? Necessita de algo? – me assustei um pouco e levei a mão ao coração, me virando para trás e vendo um homem de meia idade sorridente, usando um avental e com uma enorme tesoura de jardim nas mãos.

- Oh, sim. Tudo bem, só estava tomando um ar fresco. – sorri sem graça e ele assentiu.

- O patrão saiu, mas Lúcia pediu que a procurasse na cozinha, assim que acordasse. – ele deu o recado e eu concordei.

- Ok, obrigada.

- Disponha. – ele voltou ao jardim, e eu fui até a cozinha.

Assim que entrei, vi duas mulheres na cozinha, uma delas olhou para mim e sorriu de forma gentil.

- Você deve ser a Juliette. – ela disse limpando as mãos numa toalha, e se aproximando de mim. – Meu nome é Lúcia, trabalho para o Sr. Matthaus há anos, qualquer coisa que precisar pode me pedir querida.

Fiquei um pouco sem graça, será que ele teve coragem de dizer como eu vim parar aqui? Que eu era uma de suas posses?

- Muito obrigada Lúcia. – agradeci sorrindo. – E onde ele está?

- Ele já deve estar quase chegando para o almoço. – ela informou e depois me olhou de cima a baixo. – O Ricardo chegou há pouco com algumas roupas para você, porque não toma um banho e se troca, o almoço logo será servido. Se estiver com fome, faço um sanduíche para você.

- Eu gostaria muito do sanduíche, estou cheia de fome. – confessei e ela sorriu.

- Suas roupas novas já devem estar no quarto, levo seu sanduíche lá enquanto toma o banho.

- Obrigada, Lúcia.

Subi as escadas, e voltei a entrar no quarto. No recamier eu vi algumas sacolas de loja, e dentro haviam várias peças de roupa, todas no meu tamanho. Separei um short jeans, e camiseta preta, um conjunto de lingerie e segui para o banheiro.

Aproveitei para lavar meus cabelos, e saí enrolada na toalha. Quando voltei para o quarto, me assustei quando vi que ele estava sentado na minha cama. Estava apenas de camisa social branca, com os três primeiros botões abertos, e calça social azul marinho.

- Não quis te assustar. – ele sorriu, e eu segurei mais forte a toalha em volta do meu corpo.

- Tudo bem.

- Precisamos conversar, vou te deixar se trocar, e assim que terminar, me procure no andar debaixo. Você vai pegar o mesmo corredor que leva a cozinha, mas vai seguir reto até a segunda porta à esquerda. Estarei te esperando lá.

Vi ele se levantar da cama, e caminhar até mim, fiquei apreensiva por um momento, mas ele apenas depositou um beijo em minha testa e saiu, me deixando sozinha no quarto. Corri até a porta e a fechei, querendo muito entender porque minhas pernas ficavam trêmulas, e meu coração disparava, todas as vezes que ele estava perto de mim.

Tentei afastar os pensamentos e me vesti, vi uma bandeja em cima da mesa, com suco e sanduíche, além de algumas frutas. Comi um pouco, e voltei ao banheiro para escovar os dentes e pentear meus cabelos.

Achei na sacola uma sandalinha de tiras finas e a calcei, saindo do quarto em seguida e fazendo o caminho que ele me orientou. Estava curiosa para saber o que ele queria falar comigo, mas não deixaria de fazer meus questionamentos também. 

Queria muito saber o que ele pretendia.

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