Três

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Arthur foi agradável durante todo o caminho até o alojamento das modelos, me explicava sorridente como as coisas funcionavam na agência e como seria feita minha primeira sessão de fotos.

Fiquei empolgada quando ele falou das fotos, e imaginei como seria estar em frente às câmeras.

Vi que o alojamento ficava bem distante, já estávamos no carro há bastante tempo, e não parecíamos estar perto ainda. Estranhei isso, imaginei que o ideal, seria que fosse o mais perto possível da agência, até para facilitar a ida das modelos.

Depois do pareceram horas, Arthur entrou em uma rua com poucas casas e bem deserta. Havia uma grande casa ao fim da rua, com grandes portões de ferro na entrada, os muros eram altos e o lugar parecia uma fortaleza.

Senti um arrepio na espinha, o local era estranho e afastado, e por um momento, percebi que aquilo não parecia certo. Ele apertou um controle, e os portões se abriram e ele passou com o carro, apertando novamente o botão para que o portão voltasse a se fechar atrás da gente.

Apesar da entrada ser sinistra, a casa era grande e de construção moderna. Ele parou o carro, em frente a uma grande porta preta, descendo do carro em seguida e tirando minha mala do porta-malas.

Eu não queria descer, meu inconsciente gritava que eu precisava sair dali. Ao ver que eu permaneci imóvel, Arthur abandonou a personalidade dócil e amigável que ele teve ao longo do caminho, e se tornou hostil, me agarrando pelo braço e me obrigando a sair do carro.

Ele segurava forte em meu braço, e mesmo que me debatesse e tentasse me soltar, não conseguia me ver livre do seu agarre. Arthur me soltou, apenas quando passei pela porta. Passei a mão pelo meu braço, o vendo vermelho, de tanta a força que ele usou.

Olhei em volta, tentando me familiarizar com o ambiente, e só então vendo a grande enrascada que eu me meti.

Estava parada em um grande corredor com paredes pretas, Arthur conversava com um homem alto e musculoso, que usava roupas bregas e corrente de ouro.

Havia uma grande porta de vidro, que estava aberta, e quando espiei, vi que se tratava de algum tipo de bar. Haviam mesas dispostas pelo interior, e um palco, com algumas barras de ferro, que sabia ser de pole dance.

Senti uma repulsa instantânea, dei dois passos para trás, e tentei correr para a porta, mas fui impedida pelo homem musculoso.

- Onde pensa que vai, vadia?

- Eu não... – queria rebater, dizer que eu não era uma vadia, muito menos uma qualquer, mas sentia tanto medo, que a única coisa que saíram foram lágrimas e mais lágrimas.

- Vem comigo. – Arthur se aproximou, voltando a me puxar pelo braço.

Entramos em outro corredor, esse as paredes eram em vermelho vivo, e haviam várias portas dos dois lados. Vi algumas mulheres, algumas mais novas, outras mais velhas, nos mais variados biotipos, passando pelos corredores, usando apenas peças de lingerie.

Continuamos caminhando, e entramos por uma porta, que dava em outro corredor, esse também era preto, e também haviam várias portas dos dois lados. Algumas das portas estavam abertas, e pude ver que eram quartos pequenos, com duas camas de solteiro.

Arthur abriu uma das portas, me jogando com brutalidade para dentro, o que me fez desequilibrar e quase cair.

- Você vai ficar aqui. – ele disse, antes de sair e fechar a porta.

Fiquei por alguns segundos encarando a porta fechada atrás de mim, pensando em como eu conseguiria fugir daquele lugar. O quarto era escuro e mal iluminado, não haviam janelas e cheirava mofo. Olhei em volta e percebi que em uma das camas de solteiro, havia uma moça loira dormindo.

Sentei na cama vazia e abracei minhas pernas, deixando as lágrimas caírem. Me sentindo tola por ter acreditado na falsa agência de modelos e suja de pensar no que teria que fazer para sobreviver ali.

Eu não tinha ninguém, ninguém me procuraria, ninguém viria atrás de mim.

Precisava pensar em como fugir, eu não podia continuar naquele lugar.

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