Trinta e quatro

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**********ALERTA DE CONTEÚDO SENSÍVEL**********

Esse capítulo, contém cenas de tentativa de abuso sexual e violência, que podem despertar gatilhos. Peço para que quem tenha sensibilidade com o tema, ou já sofreu algum tipo de abuso psicológico e ou sexual, que não leia.

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Acordei sentindo minha cabeça rodar, me sentia tonta e havia um gosto amargo na minha boca. Olhei em volta, tentando entender onde eu estava, era um galpão não muito grande e estava praticamente vazio, havia apenas uma mesa de ferro perto de uma das paredes. O local era sujo, mal iluminado, cheirava a óleo e algo podre.

Meus pulsos estavam presos juntos, com uma abraçadeira de nylon, e eu mal conseguia me mover. Os meus tornozelos também estavam presos com silver tape, e Arthur não parecia estar em nenhum lugar aqui por perto.

Tentei morder a abraçadeira, mas era forte demais e eu acabaria quebrando os meus dentes. Olhei em volta, procurando por algo que ajudasse a me soltar, vi que em cima de uma mesa havia uma chave de fenda, e mesmo que eu não conseguisse me soltar, ela me ajudaria a me defender.

A mesa estava longe, e do jeito que eu estava presa, seria difícil chegar até ela, mas mesmo assim eu tentei, apoiando minhas mãos no chão e pegando impulso para me arrastar até lá.

- Onde a princesa pensa que está indo? – ouvi a voz asquerosa de Arthur e senti meu estômago embrulhar.

- O que você quer comigo, Arthur? Não tenho nada pra te oferecer.

- Você, não. Mas o seu noivo, ele tem muito a me oferecer.

Ele se aproximou de mim, se ajoelhando à minha frente e pegando meu dedo para desbloquear meu telefone.

- Achou mesmo que eu iria perder tudo, enquanto você vive um conto de fadas? – ele estalou a língua enquanto negava com a cabeça. – Vou ter meu final feliz também, morena. – ele disse, procurando o nome de Rodolffo na agenda telefônica. – Amor. – ele deu uma risada de escárnio. – Que coisa fofa, vamos ver quanto seu amor está disposto a pagar por você.

O vi ligar para o Rodolffo, e colocar a chamada em viva voz, com poucos toques, ouvi a voz dele no outro lado da linha e senti ainda mais vontade de chorar. Se eu não tivesse saído de casa no calor da emoção, Arthur não teria conseguido me pegar.

- Amor, onde você está? – o sorriso que surgiu no rosto de Arthur me deu medo.

- Advinha de novo? – Arthur perguntou debochado.

- Arthur, eu juro por Deus, se tocar nela eu te mato. – ouvi Rodolffo dizer do outro lado da linha, e Arthur soltar uma gargalhada da ameaça.

- Primeiro você vai ter que me achar. – ele debochou. – Quanto ela vale pra você, Matthaus?

- Quanto você quer?

- Três milhões, e eu penso em soltá-la. – Arthur tinha um brilho sombrio no olhar, e eu sabia que ele estava disposto a qualquer coisa.

- Nenhum banco vai me dar essa quantidade de dinheiro agora, e você sabe muito bem disso. Mas solta ela e o dinheiro é seu.

- Sério que está disposto a pagar tanto dinheiro assim por ela? Não sabia que ela era tão importante assim pra você.

- Ela é, por favor, não machuca ela.

- Sabe, vamos ter muito tempo aqui enquanto não consegue o meu dinheiro, e sempre a achei bem gostosinha, talvez eu me divirta um pouco com ela, antes de te devolvê-la. – ele se aproximou mais de mim, tocando minha bochecha, enquanto eu tentava me esquivar. - Me conta Matthaus, ela geme gostoso?

- Seu verme, asqueroso e imundo, não encosta na minha mulher.

Arthur tentou passar o polegar nos meus lábios e eu o mordi para impedi-lo. Porém isso não veio sem punição, ele logo me deu um tapa forte no rosto, me fazendo gritar e cair para o lado.

- Achei que tivesse conseguido domá-la, mas ela continua arisca. – ele deu uma risada maldosa. – Pode deixar, que quando te entrega-la, vai estar bem domada.

- Eu vou matar você! – Rodolffo gritou do outro lado, mas Arthur encerrou a chamada.

Ele voltou a se aproximar, agarrando meus cabelos e tentando beijar minha boca, mas comprimi os lábios e virei o rosto para que ele não conseguisse. Arthur sorriu e negou com a cabeça, me puxando mais forte e me forçando a deitar no chão.

Arthur cortou a silver tape, afastando as minhas pernas e subindo em cima de mim, eu me debatia embaixo dele, enquanto tentava me soltar, mas ele segurou meus pulsos em cima da minha cabeça.

- Quando mais resistir, mais vai doer.

- Por favor, não faz isso. – implorei, sentindo as lágrimas escorrerem intensamente em meu rosto, o que só fez com que ele sorrisse ainda mais.

- A gente só vai se divertir, morena.

Arthur começou a lamber meu pescoço, me fazendo ter vontade de vomitar, olhei para o lado, e vi Rodolffo e Ricardo se aproximarem cautelosos. Assim que meu olhar cruzou com o de Rodolffo, ele fez sinal para que eu ficasse quieta e eu obedeci.

Ricardo puxou Arthur pela gola da camisa, e o tirou de cima de mim. No mesmo instante, Rodolffo me levantou do chão e me abraçou.

- Eu cheguei, amor. – ele disse, e ao ver meus pulsos presos, ele se virou para Ricardo. – Ricardo, você tem uma faca?

- Aqui, chefe.

Rodolffo pegou a faca nas mãos de Ricardo, que ainda mantinha Arthur imobilizado, e cortou as abraçadeiras que me prendiam. Assim que me vi livre, eu o abracei, me sentindo aliviada de vê-lo ali.

- Deixa eu ver você. – ele pediu, olhando cada parte do meu rosto, e ficando mais sério quando olhou a minha bochecha esquerda, exatamente no local que Arthur havia me batido. – Zé, leva a Ju pro carro. – seu olhar estava sombrio e sem emoção, e eu tive medo do que ele poderia fazer.

- Não, vem comigo. – implorei, mas Zé já me puxava pelo braço, me tirando dali. – Rodolffo!

- Eu já vou, fica no carro.

Ele se virou de costas para mim, enquanto Zé continuava a me puxar para fora. Ele abriu a porta traseira para que eu entrasse, e eu me encolhi no banco, deixando as lágrimas caírem, enquanto eu sentia medo do que poderia acontecer.

Arthur merecia o pior, mas não queria que Rodolffo se envolvesse nisso dessa forma. Tinha medo do que aconteceria com ele, caso ele deixasse as emoções falarem mais alto e acabasse matando o Arthur.

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