Dez

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Peguei no sono durante o voo, e só acordei quando pousamos. Me espreguicei antes de desprender o cinto, e segui meu comprador até o lado de fora do jatinho. Ouvi Arthur chamá-lo de Matthaus, mas imagino que esse seja seu sobrenome.

Não que o nome dele importasse, planejava fugir assim que tivesse alguma chance.

Um motorista nos esperava do lado de fora de uma SUV preta, e abriu a porta à medida que nos aproximamos.

Já era bem tarde, e eu bocejei enquanto ele seguia o caminho de onde pensei que seria a sua casa. O moreno ao meu lado, permanecia em silêncio, e imaginei que ele não era do tipo que falava muito.

O carro entrou em um condomínio fechado, era todo arborizado, com várias casas que mais pareciam mansões. A dele, era toda rodeado por robustas árvores, a maioria das paredes eram de vidro, mas não era possível ver o interior do lado de fora.

Toda a área externa e o grande jardim, eram iluminados por refletores. As partes da casa que não eram de vidro, eram de madeira ou de alvenaria. Todo o design era moderno, e imaginava que o interior deveria ser tão chique quando o exterior.

- Está dispensado, Ricardo. – ele se direcionou ao motorista. - Desculpe pedir que trabalhasse tão tarde hoje. – ele pediu e o motorista sorriu, negando com a cabeça.

- Sempre as ordens, senhor Matthaus. – ele fez uma sutil curvatura, antes de entrar novamente no carro, e sair.

Senti as mãos dele nas minhas costas, me empurrando de leve para que entrássemos em sua residência. Fiquei por um tempo olhando tudo ao redor, a sala era tão grande, que caberia a minha casa ali três vezes.

Nas paredes claras, haviam as mais variadas obras de arte, que deveriam ser de algum artista famoso. O chão era todo de mármore em tonalidades cinza e branco, o sofá cinza, era enorme, e caberiam vinte pessoas tranquilamente. A minha direita, havia uma escada toda em madeira, que levava ao segundo andar.

- Eu preciso tomar um banho, você está com fome? – ele perguntou.

- Faminta. – confessei, pensando que também precisava de um banho, mas por ordem de necessidade, a fome vinha primeiro.

Ele sorriu, e me guiou até a cozinha, que também era enorme e equipada com o que tinha de mais moderno, o chão também era de mármore, e os armários eram pretos. Todos os eletrodomésticos eram em inox, e ao centro, havia uma grande ilha, onde ficava o fogão, e ao redor, várias banquetas.

- Coma o que quiser, eu já volto. – ele me deu um beijo na testa e saiu.

Estranhei sua atitude, ele parecia gentil e cortês, mas não podia me enganar. Ele havia me comprado, não deveria ter boas intenções comigo.

Quando me vi sozinha, mordi os lábios e me senti um pouco envergonhada. Minha mãe me ensinou a nunca abrir a geladeira da casa dos outros, mas como ele me deu a liberdade, e eu estava faminta, eu caminhei até ela e a abri.

A geladeira estava bem abastecida, mas não queria abusar. Peguei um suco de laranja, alguns ovos, queijo e presunto. Abri os armários procurando por uma frigideira, e quando o encontrei, liguei o fogão e fritei os ovos.

Piquei algumas fatias do queijo e do presunto, e misturei aos ovos, deixando o queijo derreter um pouco. Achei um pacote de pão no armário, e resolvi fazer torradas.

- Hmm, que cheiro bom. – ele disse ao entrar na cozinha, me fazendo assustar um pouco.

Ele usava apenas uma calça de moletom preta, e seu torso talhado e bronzeado estava a mostra. Engoli seco e desviei o olhar de seu corpo, ele se aproximou de mim, enquanto eu tirava as torradas da torradeira, e eu conseguia sentir o cheiro gostoso de sabonete que exalava dele.

- Sente e coma comigo. – ofereci, colocando o prato de torradas em cima da bancada, e colocando mais duas fatias na torradeira.

Ele esperou paciente enquanto as torradas não ficavam prontas, e só comeu quando eu me sentei a sua frente, servindo nossos copos com suco de laranja. Soltei um gemido de satisfação quando levei a torrada e os ovos a boca, estava com tanta fome, faziam dias que eu não sabia o que era comer direito.

Ele me lançou um sorriso triste enquanto comia, acho que percebeu o quanto éramos mau tratadas naquele lugar.

- Isso está mesmo uma delícia. – ele elogiou, comendo mais um pouco.

Terminamos de comer em silêncio, ele me olhava a todo o tempo e eu não conseguia encará-lo.

- Não precisa limpar. – ele pediu, quando me viu começar a lavar a frigideira que eu sujei.

- Faço questão. – respondi, enquanto limpava.

Deixei tudo exatamente como encontrei.

- Quer tomar banho, Ju? – ele perguntou, e eu franzi a testa ao ouvir que ele me chamava pelo apelido, com uma intimidade que eu nem havia dado a ele.

- Como sabe o meu nome? – ele sorriu.

- O Arthur me falou, quando te comprei. – o choque de realidade veio estampado em sua resposta, eu era sua propriedade agora, como tudo nessa casa.

- Eu não sei o seu nome, ouvi ele te chamar de Matthaus.

- Rodolffo Matthaus. – ele sorriu. – E então, quer tomar banho? Deve estar cansada.

- Se não for incomodo, eu gostaria sim.

Segui ele, e subimos as escadas, diferente do primeiro andar, todo o segundo andar tinha o piso de madeira, e o meus saltos faziam barulho enquanto eu andava. Ele abriu uma das portas, e fez um sinal para que eu entrasse.

- Você vai ficar aqui por enquanto.

Como todo o restante da casa, o quarto era grande e com paredes claras. Haviam uma cama enorme no centro, que parecia muito confortável. Havia uma grande janela ao fundo, que dava vista para a piscina. O quarto também tinha uma suíte e um closet.

- Peguei isso, para usar hoje. – ele disse, e eu me virei, vendo ele me estender duas peças de roupa dobradas. – Desculpa, é tudo o que tenho para te oferecer hoje, amanhã você terá roupas novas.

- Está ótimo Rodolffo, obrigada.

- Tome um banho, tem toalhas limpas no banheiro, amanhã a gente conversa. – ele disse se virando para sair do quarto, quando eu o interrompi.

- Espere. – ele se virou. – Seu paletó. – desabotoei os botões e o retirei do meu corpo.

Vi ele engolir seco, seus olhos percorrendo meu corpo, e só então me dei conta das roupas que ainda usava, cruzando os braços para tentar esconder meus seios.

- Boa noite Ju. – ele desejou ao sair do quarto.

- Boa noite Rod. - me permiti chamá-lo por um apelido também.

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