Eu já estava impaciente e nervosa de tanto esperar. Até tentei voltar para dentro do galpão, e ver o que estava acontecendo lá dentro, mas Zé não me deixou sair do carro. Ele chegou até a oferecer me levar em casa, e voltar depois para buscar Rodolffo, mas eu disse que não sairia daqui sem ele.
Suspirei aliviada, quando vi aquela cabeleira preta surgir nas sombras. Ele estava com o semblante fechado e os olhos mais escuros e frios.
Rodolffo mal olhou para mim quando sentou ao meu lado no carro, quando olhei para suas mãos apoiadas em sua perna, vi que os nós dos seus dedos estavam machucados e inchados. Toquei de leve seus dedos, mas ele se esquivou, passando um dos braços pelo meu ombro e me puxando para deitar em seu peito.
- Não se preocupe com isso, não foi nada. – ele disse ao beijar o topo da minha cabeça.
E mesmo que ele tenha dito que eu não precisava me preocupar, eu estava preocupada.
- Ele está vivo? – perguntei, temendo muito a resposta que ele me daria.
- Infelizmente. – ele respondeu seco.
Me aconcheguei mais em seu peito, não querendo pensar muito no que aconteceu. Pelo estado das mãos de Rodolffo, Arthur deveria estar desfigurado. E por tudo que ele fez, tanto comigo, como com tantas outras mulheres, sei que ele mereceu cada soco que recebeu.
Eu ainda estava chateada pela traição, mas preferi não tocar no assunto agora. Sei que seria uma conversa longa e cansativa, e o que eu mais queria agora era um banho bem quente, e uma cama macia.
O silêncio predominou no carro, durante todo o percurso de volta para casa.
Subi as escadas na frente de Rodolffo, e assim que entrei no quarto as lembranças do momento que eu fiz minha mala vieram na minha cabeça. O quarto ainda estava revirado, haviam roupas espalhadas pelo quarto e as fotos estavam em cima da nossa cama.
- Eu preciso te explicar sobre as fotos. – ele disse atrás de mim e eu me virei no mesmo instante.
Coloquei meu dedo indicador em seus lábios, impedindo que ele continuasse a falar.
- Agora não. – pedi, ainda sentindo a mágoa de ser enganada. – Amanhã.
Peguei as fotos, e as coloquei novamente dentro do envelope, antes de colocar o envelope em cima da mesa. Juntei as roupas de qualquer jeito, e coloquei em cima de uma poltrona. Amanhã teria que arrumar toda essa bagunça.
Rodolffo ficou parado no meio do quarto, enquanto eu me movia de um lado para o outro, tentando organizar um pouco o quarto.
Seus olhos não refletiam raiva, e sim dor. E por mais que eu quisesse logo acabar com aquilo tudo, não tinha nem cabeça para pensar nessas coisas.
- Vem. – o puxei pela mão, caminhando com ele para dentro do banheiro. – Toma banho comigo.
Eu o ajudei a se despir, percebendo algumas manchas de sangue em suas roupas pretas, mas resolvi não dar tanta importância a elas agora. Depois disso, tirei as minhas próprias roupas e entramos juntos no chuveiro, deixando a água quente levar embora tudo de ruim que estávamos sentindo.
Beijei cada um dos machucados em suas mãos, antes de ajuda-lo a tomar banho, não houve segundas intenções no nosso banho. Havia apenas carinho mutuo e vontade de cuidar um do outro.
O abracei quando terminamos nosso banho, e apertei o abraço quando o senti chorar nos meus ombros. Ficamos abraçados por um tempo, até sentirmos que estávamos prontos para sairmos do chuveiro e irmos para a cama.
- Tá com fome? – perguntei enquanto terminava de vestir meu pijama e ele negou com a cabeça.
- Só estou cansado.
O puxei para deitar na cama comigo, e deitei ao seu lado, fazendo um carinho em seu peito desnudo, enquanto ele fazia carinho em meus cabelos.
Dei um beijo carinhoso em sua bochecha e fiz um carinho em sua barba, ele ainda parecia relutar em fechar os olhos, mesmo com o semblante cansado.
- Tô com medo de acordar amanhã, e você não estar mais aqui. – ele admitiu depois de um tempo, e eu passei de leve meu nariz pelo seu rosto, antes de dar um beijo carinhoso em seus lábios.
- Eu vou estar, eu prometo.
- Eu não te traí.
- Shii... - voltei a pousar meu dedo em seus lábios. – Amanhã, agora dorme.

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Vendida
FanfictionUm momento de dificuldade, às vezes faz com que a gente tome atitudes precipitadas e estúpidas. Fui em busca de um sonho, uma oportunidade de ouro para me livrar das dívidas adquiridas pelos tratamentos da minha mãe, mas fui enganada. O conto de fad...