As imagens da pior noite da minha vida, começaram a aparecer como flashes em minha mente. Meu corpo ficou tão mole que eu senti que iria desmaiar, o velho que quase me violentou na minha primeira noite naquele bordel, estava bem à minha frente.
- Mas que princesa você arrumou, Matthaus. – o velho disse, enquanto alisava a própria barriga e me olhava da mesma forma maliciosa que me olhou naquela noite.
Era incrível que ele nem parecia se importar com a esposa do lado, e muito menos com meu noivo.
Não sei se Rodolffo percebeu meu desconforto, ou se agiu por ciúmes, mas ele envolveu minha cintura com seus braços e me puxou para mais perto dele.
- Minha noiva realmente é uma princesa. – ele respondeu galante, dando ênfase a palavra 'minha', isso geralmente me causava desconforto, mas hoje eu nem consegui me importar com isso.
Eu mal conseguia raciocinar, e muito menos formar qualquer frase, só fiquei parada ali, sentindo que iria desfalecer a qualquer momento.
- É um prazer te conhecer. – o velho continuou se direcionando a mim, pegando minha mão e depositando um beijo nela, beijo esse que quase me fez vomitar.
Afastei minha mão rapidamente, e me virei para Rodolffo.
- Eu vou ao banheiro. – não esperei por respostas, apenas sai dali.
Vomitei até as coisas que não tinha no meu estômago, quando entrei no banheiro. Sentindo minha cabeça rodar e meu coração bater acelerado no peito. Eu achei que tudo teria fim depois da prisão dos envolvidos e da morte de Arthur. Deveria imaginar que uma hora ou outra acabaria encontrando com esse velho.
Rodolffo entrou afobado no banheiro, me olhando preocupado, quando me viu levantar do chão e apertar a descarga.
- Amor, aqui é o banheiro feminino, vão brigar com você. – forcei minha voz para dizer, ainda me sentia fraca.
Fui até a bancada, lavei minha boca e molhei a parte de trás do meu pescoço.
- Quero ver quem vai ser homem de me tirar daqui, eu te conheço e sei que não está bem, não vou te deixar passando mal aqui sozinha.
- Foi só um mal estar, vamos embora, no hotel a gente conversa.
Praticamente implorei, aquela conversa já seria difícil de ter, e eu obviamente não queria tê-la aqui. Onde outras pessoas pudessem escutar, e onde meu noivo poderia perder a cabeça e partir para cima daquele homem.
Saímos juntos do banheiro e Rodolffo pediu para que eu esperasse na porta, ainda na parte de dentro do salão, enquanto ele chamava o motorista. Naqueles poucos minutos que fiquei sozinha, o velho voltou a se aproximar de mim.
- Poderíamos ter nos divertido bastante naquela noite, se não fosse tão arisca. – ele passou as pontas dos dedos de leve no meu braço, me fazendo contorcer de nojo e me esquivar dele. – Está ainda mais gostosa, do que naquele dia.
- Fica longe de mim, se não quiser um escândalo. – disse firme a ele, dando as costas e saindo pela porta.
Encontrei com Rodolffo no meio do caminho, ele já estava voltando para me buscar e entramos juntos no carro.
- Você não comeu direito hoje, e bebeu champanhe, isso deve ter te feito mal.
- Uhum. – murmurei, ele nem imaginava o que realmente me fez sentir mal.
- Quer parar numa pizzaria? Você disse que queria uma pizza bem grande.
- Pode ser.
Rodolffo balançava a perna nervosamente enquanto o motorista seguia até a pizzaria. Sabia que ele estava se segurando para me perguntar o que realmente aconteceu, mas ele me conhecia o suficiente para saber que eu não falaria sobre isso ali.
- Não demoro. – ele me deu um beijo na mão, antes de descer do carro e entrar na pizzaria.
Ele já havia feito o pedido por telefone no caminho, só passaríamos para buscar. Alguns minutos depois ele retornou com a caixa em mãos, e seguimos para o hotel.
Já cheguei no nosso quarto retirando minhas sandálias, e tirando meus brincos.
- Amor, você tem tomado o remédio direitinho? – ele perguntou, enquanto colocava a caixa com a pizza em cima da mesa, e pegava dois copos e refrigerantes. – A gente não usa mais preservativo, será que você pode estar grávida?
Dei um sorriso fraco ao me imaginar grávida, antes fosse isso.
- Vem cá. – o peguei pela mão e o puxei para sentarmos na cama. – Lembra quando eu te contei da minha primeira noite naquele lugar?
- Eu não queria lembrar disso. – ele disse incomodado, coçando a cabeça.
- Acredite em mim, nem eu. Por mim, nunca mais falaria sobre isso, mas depois de hoje eu preciso te contar.
- O que aconteceu hoje?
- Aquele senhor, esposo daquela senhora gentil que me apresentou depois da nossa dança, foi ele quem tentou me violentar. – contei, e vi a mesma expressão, do dia que ele bateu em Arthur, surgir de novo.
- Eu vou falar com o delegado, e...
- E nada, Rodolffo. Eu não quero mais tocar nessa ferida, você sabe bem que nada vai acontecer com ele, assim como não aconteceu com os outros que começaram a ser investigados.
- Ele tentou te estuprar, e eu vi a forma como ele te olhou hoje.
- E graças a Deus, ele não conseguiu. Não quero que tenhamos segredos entre a gente, me senti mal quando o vi, comecei a lembrar de tudo o que aconteceu. E só estou te contando para que saiba, mas não vou fazer nada, só quero distância, e quero esquecer que essas coisas horríveis aconteceram comigo.
- Ainda acho que deveríamos denunciar, ele tem que pagar pelas coisas que fez.
- Promete pra mim, que não vai fazer nada nas minhas costas dessa vez? Estou te pedindo para deixar isso pra lá. – tornei a pedir e ele bufou contrariado. – É sério, Rod. Ele é rico e influente, se ele abre a boca sobre onde você me resgatou, ele pode até atrapalhar você de assumir a presidência da empresa do seu pai.
Rodolffo suspirou e passou as mãos nervosamente nos cabelos, eu sabia que internamente ele sabia que isso seria possível, e por mais que ele dissesse que não se importava mais sobre a sua herança, eu sabia que ele se importava sim.
Trabalhou toda a vida naquela empresa e eu sabia o quanto era importante para ele. Fora que seria um escândalo, e já foi tão difícil tirar nós dois dos holofotes quando tudo foi descoberto. Não queria que descobrissem que ele me comprou, não queria que pensassem no nosso relacionamento como algo falso.
Começou assim, mas agora tudo era verdadeiro. Não queria que nada estragasse aquilo o que batalhamos tanto para construir.
- Não gosto disso, mas você quem sabe. – ele concordou depois de um tempo.

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Vendida
FanfictionUm momento de dificuldade, às vezes faz com que a gente tome atitudes precipitadas e estúpidas. Fui em busca de um sonho, uma oportunidade de ouro para me livrar das dívidas adquiridas pelos tratamentos da minha mãe, mas fui enganada. O conto de fad...