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Pov Enid

- Boa noite! O que gostariam de pedir? -Louise saudou, com um belo sorriso, direcionado, principalmente, para Sophie. Eu a agradeci mentalmente por não permitir que a Addams nos atendesse.

Desviei o olhar, a procura de Wednesday, e a encontrei saudando seus amigos. A princípio, não me incomodei, contudo, fechei o cenho em irritação, quando um loiro lhe deu um sorriso galanteador.

- Ela não gosta dele! -Louise sussurrou, somente para mim, notando meu desgosto.

- Tanto faz! -resmunguei rudemente, ignorando aquela sensação amarga.

- Eu quero ser atendida pela outra garçonete! -Audrey exigiu arrogantemente, cortando minha linha de pensamentos.

- Você não é ninguém parar querer algo Audrey! Somente faça o seu pedido, ou se retire da mesa! -vociferei e ela se retraiu, fazendo seu pedido envergonhada.

A garçonete recolheu nossos pedidos e não demorou a voltar com os mesmos. Eu passei o resto da noite em silêncio, com o cenho irritado, e desviando dos toques de Lucas que, depois de um tempo, desistiu.

No entanto, meu limite se excedeu quando Xavier se levantou, seguiu em direção a Addams, lhe sussurrando algo, e foi ao karaoke.

Uma música romântica se principiou e o rapaz começou a canta-la, distribuindo sorrisinhos charmosos para a minha plebeia!

Wednesday, imediatamente, desviou seu olhar para mim, contudo eu não sustentei, como costumava fazer. Cruzei os braços, em frente ao peito, e bufei enfurecida, enquanto aquele idiota terminava de estragar aquela música tosca!

- Ei! O momento da vingança! -escutei o sussurro cúmplice de Audrey para Masha e a fitei, tentando entender o que ela iria fazer.

Ela possuía um sorriso maligno, observando pacientemente, enquanto Wednesday se aproximava. E então, no segundo seguinte, tudo pareceu acontecer em câmera lenta.

Audrey se levantou, com um copo em mãos, e raiva irracional. Assim que Wednesday passou perto o suficiente, me coloquei a sua frente, recebendo o chocolate quente sobre mim.

A lanchonete inteira paralisou, inclusive a garota que cantava. Minhas pálpebras estavam fechadas e minha respiração começava a desregular.

Lentamente abri meus azuis, encarando Audrey que estava em pânico.

- Enid! Me desculpe! -pediu em desespero e eu fechei os punhos com ódio.

- Cale a boca! -rosnei sem paciência, encarando Wednesday por cima do ombro para, por fim, seguir em direção ao banheiro.

Encontrei um pano perdido ali e o molhei, para tentar me limpar, contudo, o estrago em minha roupa era irreparável. Suspirei cansada de tentar e baixei o cenho, segundos depois escutando a porta se abrir.

- Nid? Você está bem? Eu posso lhe ajudar? -sugeriu, se aproximando preocupada.

- Não! -impus friamente, limpando meu pescoço e rosto.

Ela engoliu a seco, entretanto, voltou a se aproximar, tocando minha mão.

- Obrigada! Eu sei que aquele copo de chocolate estava direcionado a mim -agradeceu baixo, apertando de leve minha palma.

Dei uma risada nasal amarga e recolhi minha mão, não querendo seu toque sobre mim.

- Você tem uma mania de achar que tudo o que eu faço é por você! -acusei ríspida e ignorante, a atingindo.

- Você tem uma mania de me defender e depois negar que foi por mim! -retrucou irritada, com uma expressão dura- por que está me tratando assim? -questionou magoada.

- Eu sou assim Wednesday! Pare de procurar por uma Enid que não existe! -ordenei, subindo um pouco o tom de voz.

A menor permaneceu muda por alguns segundos, até soltar uma arfada tristonha.

- Você é muito mais que isso Enid! Mas, sinceramente, hoje está insuportável demais, até para mim! -concluiu, pronta para sair, me atingindo em cheio.

- Isso! Volta para o infeliz do seu amigo cantor! Talvez o sorriso dele lhe ajude a melhorar o seu humor! -rosnei, esfregando o pano contra minha pele com mais força.

Wednesday paralisou, segurando a maçaneta, e se virou para mim, perplexa. Massageando a raiz de seu nariz.

- Enid, ele não significa nada para mim! O conheço a, literalmente, uma única semana! -se defendeu, em um tom mais calmo.

- Vocês estão com uma intimidade incrível, para quem se conhece faz pouco tempo, não acha? -resmunguei, lançando o pano brutalmente contra a pia e a ultrapassando.

- Nid! -chamou por mim, mas eu a ignorei, apanhei meus pertences e me retirei do cata-vento.

Eu estava surtando, em um misto de sentimentos, eu precisava respirar e me recompor, colocar as ideias no lugar.

Afinal, o que havia sido aquilo?

A Princesa e a PlebeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora