Pov Enid
Eu não sabia explicar, o exato motivo, do porquê havia beijado Wednesday. Ao mesmo tempo que minha razão me pediu para não cometer aquele erro, meu coração bradou pelo momento.
Aquele beijo havia sido algo novo para mim, inacreditável, e espetacular. No instante em que nossas bocas se chocaram, uma sensação totalmente desconhecida se ascendeu em meu interior.
Sentir meu coração bater desesperado pela Addams me apavorou e, assim que nos separamos, eu fui atingida pela realidade. Eu não pretendia ser rude, ou a deixar confusa, contudo, guiada pelo medo, apenas lhe desejei uma boa noite e fugi de seu olhar.
Eu me sentia uma idiota! Havia tido coragem, o suficiente, para lhe beijar, todavia, não consegui encarar os belos castanhos depois. Para o meu alívio, Wednesday nada disse, apenas abandonou o veículo.
Mal dormi na noite passada, pensando sobre o sabor da boca da Addams. Eu nunca havia sentido coisa parecida por pessoa alguma, principalmente por uma garota, e aquilo me assustava.
Naquela manhã, decidi me autopreservar e faltar a escola, passando minha sexta-feira inteira escondida em meu quarto.
Fui retirada de minha mente confusa, quando suaves toques na madeira se fizeram presentes, e senhora Marie entrou com uma expressão preocupada.
- Menina Enid, o que houve com você? -questionou mansamente, se aproximando, para se sentar na ponta de minha cama.
- Eu tenho um coração, senhora Marie! Um coração idiota! -afirmei tristemente, deixando uma lágrima rolar.
- E por que isto é algo ruim? -indagou, acariciando meus fios dourados.
Suspirei pesadamente, tentando pensar sobre como explicar a situação.
- Eu passei anos construindo um resistente muro em volta dele, para que ninguém pudesse o acessar! E, em questão de dias, tudo desabou! -resmunguei desanimada, odiando sentir tantas emoções ao mesmo tempo.
- Querida Enid, um coração protegido, não significa um coração feliz! -argumentou, se compadecendo da minha dor.
- Mas ele estava organizado! E agora, não está mais! -reclamei mal humorada, culpando Wednesday.
- Acredito que exista uma pessoa, a qual, é responsável por este feito, estou certa? -sugeriu divertida e eu bufei, assentindo- eu não sei sobre seus sentimentos menina Enid, mas sinto que esta pessoa é a causa de seus radiantes sorrisos nestas últimas semanas, então, ela tem minha admiração! -concluiu com simpatia, colocando sua mão sobre a minha.
- Eu estou com medo senhora Marie! -confessei, repleta de vergonha, buscando pelo o que restou de minha dignidade- eu me sinto fraca com este sentimento! E, em adição, isto não pode acontecer! Não existe um futuro! E eu não quero criar expectativas! -expliquei afobada, sem me dar tempo de respirar entre as frases- eu devia me afastar -conclui magoada, fingindo não me importar.
- Enid, não deixe que o medo de sofrer lhe impeça de viver! -ordenou com seriedade, segurando meu queixo com delicadeza, para que eu a encarasse- a solidão pode parecer segura, mas nunca vai ser o suficiente! -declarou, com ternura, e eu baixei o cenho, pensando sobre.
- Somente me responda uma coisa, senhora Marie, o quanto minha mãe iria surtar se eu estivesse apaixonada por uma pessoa de classe média? -questionei e a mulher fez uma expressão meio apreensiva.
- Em uma escala, de zero a dez, cem! -retrucou, com aflição, e face levemente franzida.
- E me diz, o quanto minha mãe iria surtar se souber que se trata de uma garota? -indaguei, recebendo um olhar completamente surpreso, seguido de tristeza.
Eu suspirei e massageei minha raiz do nariz, com um amargor no paladar.
- Exatamente senhora Marie! Não existem palavras para expressar a reprovação da Esther Sinclair! -murmurei, me abatendo ainda mais, todavia, a senhora segurou em meu rosto, acariciando minha bochecha.
- Ela vale este risco Enid? Porque, se você pensa que sim, então, aposte na garota! -me aconselhou com carinho e eu mordi o lábio inferior- lembre-se criança, sua felicidade não depende de sua mãe! -pontuou, antes de beijar minha testa e se retirar do cômodo.
Imediatamente, a bolinha de pelos brancos tomou seu lugar, e eu a acolhi em meu abraço.
- O que você acha pequena? Ela vale o risco? -questionei em um sussurro e a menor me deu uma lambida amorosa no nariz, me roubando um bom riso.
Refleti sobre as palavras da senhora Marie e me lembrei de meus momentos compartilhados com Wednesday Addams, incluindo nossos maravilhoso beijo. Sorrindo apaixonadamente, quando cheguei a uma decisão.
- É, ela vale! -confidenciei para o filhote, que me observou sem entender coisa alguma, contudo, abanou seu rabo em felicidade.

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A Princesa e a Plebeia
FanfictionEnid podia se parecer com um ser celestial, todavia, a verdade impolida, era que a menina dos fios dourados era a personificação do mal, repleta de arrogância, e um sorriso prepotente. Sinclair era o sol, todos orbitavam ao seu redor, e isso era usu...