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Pov Enid

Eu dedilhava, de maneira entediante, o piano de cauda da sala de estar. Escutando e decorando como cada nota soava, para repetir o processo novamente ao final.

Suspirei forte, exausta daquela sensação monótona, e massageei a raiz de meu nariz em frustração.

Sem que eu permitisse,Wednesday invadiu meus pensamentos, com seu sorriso, perfume, e toque. E eu me lembrei do momento que ela esteve em meus braços, dentro do depósito do zelador.

Recuperei a consciência, quando uma voz escandalosa soou irritada, e segui ao hall de entrada, encontrando Tyler Galpin. O mesmo estava sendo segurado por Eugene, que tentava impedir sua invasão.

- O que está acontecendo? -questionei, revelando minha presença para o cacheado, que somente me fitou com raiva.

- Espero que se sinta satisfeita Sinclair! -grunhio, em exacerbada ironia.

Encarei o rapaz, com olhos banhados em lágrimas, e bochechas vermelhas.

- Primeiro, baixe o seu tom para se dirigir a mim! -o repreendi ríspida- segundo, satisfeita com o que, exatamente? -indaguei, com curiosidade, e ele revirou suas íris.

- Graças a você, Bianca foi expulsa da academia! -acusou, passando seus dorsos, sem delicadeza, por sua face.

- Não havia sido somente uma suspensão? -retruquei confusa, arrumando meus fios, com as pontas dos dedos.

- O diretor voltou em sua decisão! Depois que uma mãe reclamou consigo sobre, como ele daria um mal exemplo aos outros alunos! -explicou desgostoso, amargo e tristonho.

Fechei os punhos descontente, supondo que Audrey era a responsável por isso.

- É uma pena! Enfim, você conhece a saída Galpin! -conclui e o outro bufou, soltando-se do meu motorista e se retirando.

Demorei algum tempo para processar a nova informação, suspirando irritada, por fim.

- Me leve a academia Eugene! -impus e ele concordou. Segui ao meu quarto, para tomar minha bolsa, e quando abandonei a mansão, o cacheado me esperava na limousine.

Razoáveis minutos depois, Ottinger estacionou em frente a escola, estendendo-me um guarda-chuva, por conta da fina garoa que havia se iniciado. Somente ignorei o gesto e rumei a sala do diretor, sendo imediatamente recebida.

- Eu posso fazer algo por você? Senhorita Sinclair? -me perguntou, descansando seu óculos, meia lua, na mesa.

- Barclay foi realmente expulsa? - minha questão foi direto ao ponto.

O mais velho respirou fundo e molhou seus lábios, antes de responder.

- Infelizmente, sim! Esta academia possui uma reputação e eu não podia permitir que a atitude da senhorita Barclay passasse impune - me explicou sem ânimo, se reclicando em sua poltrona.

- Uma suspensão não era o suficiente? -o sarcasmo em minha voz era claro,  mesmo que eu tentasse o controlar.

- Para os padrões desta escolha, não -sentenciou firme, parecendo farto daquele assunto.

Eu massageie a raiz do meu nariz, inspirando fundo e negando com a cabeça. Não podia acreditar que estava me submetendo a aquilo.

- Fui eu quem colocou o gabarito no meio dos pertences de Barclay! -revelei, buscando não pensar muito sobre, como iria me arrepender.

- Por que Enid? -o homem perguntou surpreso e um tanto decepcionado.

- Rivalidade adolescente -afirmei vaga e simples.

O educador permaneceu alguns instantes em silêncio, baixando o cenho e pensando sobre o assunto.

- Eu não posso mudar minha decisão! -disse indisposto e eu ri baixo.

- Não pode ou não quer? -retruquei ousadamente- o senhor voltou em sua decisão antes e é melhor que volte mais uma vez! -ordenei, causando incredulidade no mais velho- lembre-se senhor, são os cheques do meu pai que sustentam o seu exacerbado luxo! Então, não queira problemas comigo! -terminei em ameaça, lhe dando as costa e voltando para a limousine.

Uma tempestade cruel havia se formado, de modo que as gotas caiam grossas e sem intervalo. 

Eu fiz um gesto mudo para que Eugene parasse o carro e assim ele fez. Fitei a lanchonete de dentro do automóvel e suspirei tola, pensando em Wednesday.

Não existia movimentação no estabelecimento, afinal, estava fechado e, por algumas frações de segundos, eu quis ver a plebeia, com seu sorriso largo e bom humor.

- Vamos para a casa Eugene! -intimei e, então, o veículo voltou a andar.

A Princesa e a PlebeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora