Pov Enid
Cinco dias! Faziam cinco longos dias desde que eu estava, praticamente, sendo mantida em cárcere privado pela mulher que eu costumava chamar de mãe.
Eu havia passado por tantas sensações diferentes, que nem sequer sabia o que estava, de fato, sentindo.
As únicas pessoas, com quem tive qualquer contato, foram Esther e senhora Marie. A mais velha cuidava de meus ferimentos e me servia as refeições, quando minha mãe me deixava comer qualquer coisa.
E aquilo era um castigo, porque eu havia tentado fugir no primeiro dia, o que fez Esther limitar minha comida. Então, eu estava tentando me comportar minimamente.
Eu estava mais magra e com alguns machucados pelo corpo, em adição, havia um corte feio em minha testa, causado pelo vaso, com o qual, minha mãe me acertou. Eu tentava cuidar do mesmo, mas meus recursos eram poucos e eu poderia apostar que precisaria de alguns pontos.
Minha mãe, ainda fez questão de me presentear com algumas lâminas, o que havia sido um gatilho forte para uma época em que eu estava mentalmente doente. Ela era o diabo.
O som do par de saltos, ecoando pelo piso, me atraiu a atenção e em alguns segundos, a porta era aberta por Esther.
- Enid, se arrume! Nós vamos receber visitas para o jantar! -ordenou, contudo, eu a ignorei, permanecendo abrigada em meus cobertores.
Escutei a movimentação, indicando que a mesma estava se aproximando e, então, mama me segurou pelos ombros, me lançando ao chão.
- Garota insolente! Se não começar a colaborar, o alvo em suas costas vai passar a ser de Wednesday! -afirmou e eu reuni todas as forças, a fitando enfurecida- este é o nome dela, não? -disse irônica, com um sorriso maldoso.
- Eu odeio você! Sua maldita! -cuspi, me levantando com dificuldade. Sentia dor em todo o meu corpo.
- A recíproca é verdadeira! -retrucou- eu venho lhe buscar em uma hora e se você contar algo, para qualquer um, eu vou acabar com sua plebeia! -me ameaçou, abandonando o meu quarto, antes que eu conseguisse responder.
Inspirei fundo e engoli a seco, me obrigando a obedecer por Wednesday. Eu nunca iria permitir que minha mãe a machucasse! Independente de minhas condições, eu moveria céus e terra para a proteger.
Como prometido, uma hora depois, eu estava esperando por Esther, em minha melhor postura de princesa mimada inabalável, e ela foi pontual. Me encarou com desgosto e fez um gesto, indicando que eu a seguisse.
- Não tente nada! Ou sua Wednesday vai sofrer! -pontuou e eu a fitei com desprezo, caminhando ao seu lado para a sala de estar.
Franzi o cenho confusa ao encontrar senhora Watson e Divina, afinal, a garota nunca acompanhava as visitas de sua mãe. Todavia, as cumprimentei de qualquer forma.
As mais velhas principiaram uma conversa, sobre um evento que estavam organizando juntas, enquanto eu permanecia muda, recebendo alguns olhares assustados da loira.
Com o prolongar do assunto, Divina começou a falar sobre faculdade e planos futuros, o que deixou minha mãe extremamente empolgada.
- Eu iria adorar mostrar algumas opções de faculdades para você! -a menor exclamou empolgada e sua mãe sorriu animadamente.
- Eu tive uma maravilhosa ideia! Enid pode dormir em casa esta noite! Para minha filha compartilhar algumas de suas pesquisas! -senhora Watson sugeriu e eu engoli a seco.
- Eu não quero incomodar! -respondi nervosamente, notando a expressão amarga de mama.
- Não vai ser incômodo algum! Você não se importa, certo Esther? -a mesma insistiu e eu senti meu coração batendo errado.
- Por mim, tudo bem! -minha mãe forçou um tom tranquilo, contudo, suas pupilas dilataram em irritação.
Eu entrei em um estado anestesiado, somente voltando a mim, quando mama me entregou uma mala, que nossa empregada havia feito.
- Diga qualquer coisa e eu não vou medir as consequências! -mamãe sussurrou, fingindo me abraçar- volte cedo, meu bem! -disse, em um tom mais alto, para todos escutarem.
Apenas concordei e acompanhei as convidadas ao carro, passando todo o caminho em silêncio. Enquanto Divina se ocupava em mandar milhares de mensagens.
Em pouco tempo, ultrapassavamos os portões da mansão Watson e a mais nova me conduziu ao seu quarto, com uma expressão totalmente apavorada.
- Eu não acredito que deu certo! -Divina exclamou, quando adentramos seu quarto- eu contei tantas mentiras para mamãe! Inclusive, inventei que estava gostando de você! Uma desculpa pior que a outra! Mas deu certo! -a mesma disse afobada, com um sorriso descrente.
- Watson! Pode ser mais clara? -pedi impaciente, sentindo um leve medo de suas intenções desconhecidas.
A menor, por outro lado, apenas sorriu fraco e me estendeu sua mão, que eu fitei desconfiada.
- Confie em mim, vai ser mais fácil se eu lhe mostrar! -alegou e eu suspirei. Um tipo de extinto interno me disse que eu podia acreditar em suas palavras, então, assim eu fiz.
A mesma me conduziu animadamente para o exterior da mansão e, quando eu comecei a me arrepender de minha decisão, meus olhar caiu sobre uma coisa inusitada.
- Você queria que eu dormisse aqui, somente para conhecer a sua casa na árvore? -murmurei, lhe encarando entediada- você tem o que? Dez anos? -impliquei divertida e ela revirou os olhos.
- Sinclair, pare de questionar e suba! -ordenou ousadamente, piscando para mim e se retirando.
Eu neguei com a cabeça e preferi não retrucar, somente obedeci. Subindo as escadas com dificuldade, afinal, me recusei a tirar meu salto, ele estava combinando com minha roupa.
Inspirei fundo, reunindo coragem, e entrei no lugar.
Imediatamente, perdi todo o fôlego de meus pulmões e precisei me apoiar no batente, para não ir de encontro ao chão. Um tremor se apossou de meu corpo e eu mal notei o momento, em que, gotas dolosas escorreram por meu rosto, tamanho o amor que me invadiu.
- Enid! -seu sussurro melodioso soou e ela correu ao meu encontro, me abraçando com ternura e me concedendo a certeza de que ela era real.

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A Princesa e a Plebeia
FanficEnid podia se parecer com um ser celestial, todavia, a verdade impolida, era que a menina dos fios dourados era a personificação do mal, repleta de arrogância, e um sorriso prepotente. Sinclair era o sol, todos orbitavam ao seu redor, e isso era usu...