Pov Wednesday
Eu possuia ciência sobre o quão difícil havia sido para Enid ver outra pessoa me beijando. Mesmo um mínimo selar de lábios lhe feriu profundamente.
O tapa, que desferi em Andy, foi apenas o começo de suas dores, porque minha mimada descontou seu absoluto ódio sobre a Galpin, através de golpes brutos.
Eu sabia que o coração da Sinclair ainda estava envolto a magoa e a incerteza do seu perdão me destruía por dentro. Eu nunca quis beijar Andy, todavia, não podia evitar sentir um pouco de culpa.
Regressei a consciência, quando escutei o som da porta se abrindo, revelando a Enid, com seus fios dourados molhados e o suave cheiro de sabonete em sua pele.
Sequei meu rosto afobadamente e segui em sua direção com receio, notando suas mãos machucadas. Em adição, o corte em sua bochecha.
- Sente muita dor? -indaguei preocupada e tentei levar minha palma ao seu rosto, entretando, a maior desviou do meu toque.
Aquilo foi como uma adaga atravessando meu peito, sem piedade alguma. E eu contive o choro, somente me afastando.
- Você vai terminar comigo? -sussurrei em um fio de voz, incapaz de controlar meu medo.
A Sinclair, por sua vez, suspirou cansada e segurou minhas mãos, as acariciando com ternura.
- Nunca! -respondeu convicta, aliviando meu ser por completo- eu vi o que aconteceu! Mas não posso evitar esta revolta! -afirmou mansamente, evitando meu olhar.
Eu permaneci muda por alguns segundos e depois me deixei entrar no abraço da minha namorada, a apertando com amor.
- Eu sinto muito pelo o que aconteceu aqui e na clínica! -murmurei envergonhada e arrependida- eu me senti insegura -fui honesta, recebendo um beijo sob o topo de minha cabeça.
- Se isso acontecer de novo, eu vou mata-la, Wednesday! E pessoa alguma vai me impedir! -ela resmungou ranzinza e eu sorri fraco, me afastando minimamente.
- Não vai acontecer de novo! -sentenciei, ficando na ponta dos pés e lhe dando um beijo doce, calmo e devoto.
E eu teria me aproveitado mais de sua boca, contudo, precisei romper o contato. Fitando a porta assustada, quando batidas estrondosas se manifestaram.
- Wednesday Addams! -o rosnado, chamando por meu nome, me fez paralisar e eu sentia o perigo em cada célula do meu corpo.
Gastei longos segundos anestesiada, piscando seguidas vezes, para recuperar a consciência e fitando Nid. A mesma havia notado o pânico em minhas pupilas.
Então, de forma inesperada, a mais velha me deu um selinho e se afastou de mim, pronta para se retirar.
- Onde você vai? -sussurrei espantada, segurando-a pelo punho.
- Eu vou resolver esta pendência! -respondeu no mesmo tom, tentando se soltar.
- Nem nos seus sonhos! -exclamei, lhe puxando para perto de mim- você não sai desta casa! -ordenei e recebi uma expressão feia, mas fiz questão de a sustentar.
Enquanto eu prendia Enid no quarto, pude escutar outras vozes acompanhando a de Esther, e identifiquei os seguranças da mansão, junto de Tyler.
- Eu preciso resolver isto, Wednesday! -minha mimada retrucou e eu perdi a paciência.
- Você não precisa resolver coisa alguma, Sinclair! Você vai me obedecer e permanecer aqui! Porque você é a droga do amor da minha vida! E eu não vou te perder! -bradei firme e irritada, não lhe dando a chance de discutir sobre.
Apanhei um taco de baseball e sai do meu quarto, o trancando por fora. Nada mais me separava do diabo, que era a mãe de Enid.
- Senhora, você invadiu uma propriedade privada! Por favor, se retire, ou vou ser obrigado a chamar a policia! -um dos homens pediu, tentando conter o escândalo que a mais velha fazia.
- Invasão de propriedade vai ser uma piada, quando eu contar a polícia que os Galpin sequestraram a minha filha! -cuspiu ácida, exterminando minha paciência.
- Uma mentirosa de classe, Esther! -afirmei alto, recebendo a atenção de todos.
Tyler me encarou incrédulo, como quem pedia mentalmente para que eu me escondesse em meu quarto, entretanto, era tarde. Eu havia me revelado e a infeliz vinha em minha direção.
- Eu quero falar com Enid! Eu tenho este direito! Ela é a minha filha! -bradou prepotente e eu fechei os punhos.
- Enid é minha! E não chegue perto de mim! -retruquei de modo ousado, disposta a enfrenta-la e superar meus medos, pela minha mimada.
- Isto foi uma ameaça? -sussurrou possessa pelo ódio e eu engoli a seco, sutilmente.
- Apenas um aviso! -pontuei- se você me ferir, lhe acuso de agressão de menores! Mas se quiser ter uma conversa educada, eu aceito! -devolvi mansa e a outra deu um riso sarcástico.
- Conversa educada? Me poupe! Eu nunca me rebaixaria a isto! -disse fria e rude, desdenhando de minhas palavras.
Sem intenção, desviei meu olhar para perto de meu melhor amigo, e sorri ladino, recebendo uma boa surpresa.
- Uma pena, afinal, eu iria gostar de conhecer a minha sogra! -cantarolei provocativa, matando seu sorriso esnobe.
O movimento seguinte de Esther, foi depositar um tapa ardido em minha face, encarando-me satisfeita. Todavia, sua expressão se fechou, quando eu ri com humor.
- Senhora Sinclair! Como pode? Acho que devia se confessar, para reprimir este espírito demoníaco! -Bia se manifestou, paralisando a mais velha. Barclay estava com seu celular apontado para a maior, gravando o que acontecia.
- Iria ser tão decepcionante, caso este vídeo fosse ao ar, destruindo sua imagem de socialite que prega o amor! -Masha ironizou com diversão, complementando o caos.
- Eu tenho uma questão! -Yoko levantou sua mão, fingindo pensar- a partir do momento que acontece uma agressão, podemos agir em defesa própria, não? -indagou sugestiva, com um sorriso travesso.
- Eu acho válido! Quero saber se o poder Sinclair funciona de uma cama de hospital! -Sophie exclamou, como quem estava ansiosa para testar.
Percebi que Esther engoliu a seco, no entanto, negou com a cabeça, se concentrando no que lhe importava.
- Eu quero a minha filha! E nenhuma de vocês vai me impedir de a levar para casa! -concluiu, indo em direção ao meu quarto velozmente.
Meu corpo entrou em combustão, tamanha a raiva que eu senti, e em um choque de coragem, empunhei o taco de baseball, acertando a mão de Esther sob a maçaneta.
- Você pensa que eu estou brincando? Sua diaba! -gritei em plenos pulmões, surpreendendo todos ali- se não ir embora neste instante, eu vou estourar a sua cabeça! -lhe ameacei, cega demais para medir qualquer consequência.
A matriarca Sinclair me fitou assustada e observou meus amigos, se desestabilizando de verdade. Pela primeira vez, recuando suas ações.
- Você vai se arrepender, Addams! -sussurrou, dando-me as costas e se retirando de minha propriedade.
Soltei o ar, o qual, nem notei estar segurando e me escorei em uma parede, escutando a comemoração dos demais.
Aquela mulher infernal podia ter desistido de uma batalha, mas não de nossa guerra. E, de certo, eu havia assinado o meu atestado de morte.

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A Princesa e a Plebeia
FanfictionEnid podia se parecer com um ser celestial, todavia, a verdade impolida, era que a menina dos fios dourados era a personificação do mal, repleta de arrogância, e um sorriso prepotente. Sinclair era o sol, todos orbitavam ao seu redor, e isso era usu...