Pov Enid
A minha consciência estava regressando aos poucos, dispersando meu estado anestesiado e como consequência, pontuando a dor que pairava sobre mim.
Abri meus olhos com dificuldade, imediatamente, sendo atinginda por uma ardência anormal, que me fez gemer desgostosa.
Tentei me levantar, contudo, não consegui sustentar meu peso, indo ao encontro do chão novamente, e choramingando em frustração.
Entretanto, inspirei fundo e com muito custo, consegui rolar meu corpo, deitando com o peito para cima.
Ainda ofegante, por conta do esforço, levei meus dedos ao odioso uniforme branco, subindo o tecido fino sem pressa.
- Droga! -resmunguei ao fitar o novo hematoma tão escuro e extenso em meu abdômen, resultado de uma bela madrugada de tortura.
Fugir, a princípio, pareceu uma boa solução, no entanto, depois de horas sendo agredida por fortes jatos de água e um teaser de choque, eu não iria repetir aquilo cedo.
De todo o modo, eu acreditava que fazia dois dias desde o meu sequestro, mas eu poderia estar absolutamente errada. Afinal, eu não possuía qualquer contato com nada, com exceção dos idiotas, que conferiam o meu estado de hora em hora.
- Enid? -um tom profissional se manifestou e eu voltei minha atenção para as grades existentes na porta do quarto.
- Direto ao assunto, Morgan! -retruquei com desgosto, esperando pacientemente por sua continuação.
- Percebo que o comportamento agressivo em nada melhorou! -ele alegou decepcionado, anotando algumas coisas em um pequeno caderno.
- Comportamento agressivo? -repeti descrente, com um riso amargo- a única coisa que agredi foi o meu ego! Com este uniforme detestável! -retruquei rude e irritada- e se quer lidar com comportamento agressivo, interne os seus funcionários! Eles são agressivos! -pontuei, encolhendo-me, com o corpo inteiro doendo.
- Sarcasmo não vai lhe ajudar com o seu problema! -ele respondeu manso, como quem me concedia um valioso conselho.
- Como conseguiu um diploma? -indaguei indignada- você não percebe que o meu único problema é a sua incapacidade de perceber que eu sou uma pessoa normal? -questionei o psiquiatra, que somente suspirou, abandonando o local.
Houve um completo silêncio, por cerca de dez minutos, todavia, o meu pequeno e singelo momento de paz foi interrompido por uma repugnante risada.
- Cogitando se suicidar? -me perguntou ironicamente e eu senti como se adrenalina, em sua mais pura forma, estivesse sendo injetada em mim.
- Cogitando assassinar uma pessoa a sangue frio! -rosnei, recuperando minha absoluta força e me levantando.
- Como você se sente, minha filha? -questionou em um falso e abominante tom doce, que me fez sentir vontade de vomitar.
- Me pergunte isto mais uma vez, mas sem esta porta entre a gente, mamãe! -desafiei, exalando raiva em cada um dos meus poros.
- Eu não sou louca! -resmungou divertida, pronta para se retirar, todavia, eu lhe segurei por entre as grades, a prendendo contra o ferro.
- Você teve a chance de fugir, mas escolheu ficar! E eu prometo que vai colher as consequências! -sussurrei a ameaça com humor, a chocando seguidas vezes contra a grade.
- Seguranças! -mama bradou em desespero, repleta de sangue em sua face, e os homens atenderam seu chamado.
Elas a afastaram de mim e enquanto a outra se ocupava em se recompor, meu quarto era invadido por doutores, que me algemaram, me conduzindo para fora do cômodo.
Fitei Esther uma vez final, encontrando medo em seus azuis, e parei ao notar Morgan, que me fitava repreensor.
- Esta foi a segundo coisa que agredi, cuidado Morgan, você pode ser a terceira! -ironizei e pude ver o homem tremer por completo, antes que eu fosse guiada para outra sala.
Adentrar aquele ambiente fez com que uma sensação dolosa apertasse meu peito, contudo, me obriguei a esconder meus sentimentos, demonstrando continuar plena.
Colocaram-me sentada em uma cadeira de madeira branca e me acorrentaram na mesma, deixando-me assistir um balde se encher com água.
- Eu não queria fazer isto! Mas você não me deu outra escolha! -Morgan alegou, quase que ingenuamente- existe esta coisa demoníaca dentro de você! Esta atração doentia por garotas! Uma peste, com a qual, aquela meretriz lhe contaminou! -ele explicou, se referindo a Wednesday, e eu senti meu peito arder em ódio.
- Você é o doente aqui! E se ofender minha namorada mais uma vez, ou vou lhe mandar pessoalmente ao inferno! -cuspi em sua face com desprezo e ele limpou sem pressa, negando em decepção.
- Não a poupe Saul, ela precisa ser curada! -ele concluiu e o seu funcionário concordou, posicionando um pano sobre meu rosto, para então, derramar o líquido sobre e causar o ardor em meus pulmões.
Entretanto, eu iria sofrer o que precisasse sofrer, desde que preservasse a proteção e integridade da minha plebeia, porque não importava o quanto tentassem envenenar minha mente, ela era quem possuia meu coração e eu nunca desistiria do meu amor pela mesma.

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A Princesa e a Plebeia
FanficEnid podia se parecer com um ser celestial, todavia, a verdade impolida, era que a menina dos fios dourados era a personificação do mal, repleta de arrogância, e um sorriso prepotente. Sinclair era o sol, todos orbitavam ao seu redor, e isso era usu...