33

4.2K 556 81
                                        

Pov Enid

O suspiro cansado, que saiu por meus lábios, atraiu a atenção da senhora Marie, que me fitou surpresa.

- Menina Enid? Precisa de algo? -questionou preocupada, desviando toda a sua atenção para mim.

- Um anti-tédio, por favor! -resmunguei ranzinza e ela sorriu divertida.

Para comemorar um artigo sobre gentileza, onde mama foi citada, a mesma decidiu dar uma festa beneficente, sustentando mais um de seus teatros.

- Você não deveria estar aqui menina Enid, sua mãe não vai gostar! -aconselhou e eu dei de ombros, me sentando no balcão da cozinha e apanhando um pedaço de bolo.

Antes que conseguisse me pronunciar novamente, o som dos malditos saltos soaram na cozinha.

- Enid Sinclair! O que pensa estar fazendo? -sua voz rude e repreensora soou.

- Eu precisava tomar um ar! -expliquei simples, ignorando sua raiva.

- Um ar? Junto dos empregados? Eu não lhe criei para este tipo de ambiente! -rosnou, se aproximando de mim.

- Para que tipo de ambiente você me criou? Aquele? Repleto de hipócritas, que somente enxergam dinheiro? -questionei irritada, apontando em direção do salão de festas- sinto informar, eu não quero ser uma de vocês! -sentenciei, disposta a dar as costas para si e continuar aproveitando meu doce. Contudo, a mais velha me segurou pelos ombros, me impedindo.

- Escute, sua garota mimada! Volte a falar comigo desta maneira em frente aos funcionários e vou fazer com que se arrependa! -ameaçou e eu arqueei as sobrancelhas.

- O que vai fazer? Arrumar tempo em sua agenda para me educar? -a provoquei, deixando-a mais descontrolada.

Mal tive tempo para reagir, antes de sentir a mão ardida de minha mãe contra minha face, causando um eco no cômodo. Soltei uma risada dolosa e amarga, me virando para a mulher lentamente.

- Depois de tanto tempo, finalmente voltei a ter qualquer contato físico com você! -cuspi com sarcasmo- eu esperava por um abraço, mas ser notada é uma grande vitória! -conclui, abandonando o lugar e seguindo para meu quarto.

Me abriguei ali, atraindo a atenção de Ice, que correu ao meu encontro, fazendo-me companhia até que eu me entregasse ao sono.

Acordei no outro dia em puro desânimo, saindo cedo para ir para a academia, afinal, não queria passar mais tempo do que o necessário naquela casa.

Assim que adentrei o lugar, Audrey correu ao meu encontro, com uma expressão receosa.

- Enid! Por favor! Me perdoe! Não foi minha intenção lhe atingir! -suplicou chorosa e eu revirei os olhos, a ultrapassando- não me ignore! Por favor! -repetiu, se lançando contra meu peito e agarrando minha camisa de seda.

Inspirei fundo e pensei por alguns instantes, antes de a afatar de mim.

- Nunca mais tome uma decisão sem me consultar! Ou eu não vou medir as consequências! -ameacei, sem ânimo para lidar com ela, e a mesma sorriu, concordando afobada.

Principiei a caminhar, sendo seguida por Audrey, e encontrei as garotas no pátio, cumprimentando-as brevemente.

Quase que no mesmo momento em que adentrei o lugar, meus azuis se encontraram com os belos castanhos, e Wednesday sorriu para mim, timidamente.

No entanto, sua face se tornou azeda quando Lucas veio em minha direção, agarrando minha cintura, e tentando beijar o meu pescoço. O afastei imediatamente, com o cenho franzido.

- O que houve gata? -questionou confuso, tentando voltar para perto.

- Qualquer tipo de relação, que você pensa que possuimos, acabou Walker! -sentenciei friamente, recebendo olhares surpresos dos demais, principalmente de Lucas.

- Você não pode fazer isto comigo! Por favor! -retrucou indignado e eu revirei os olhos.

- Não somente posso, como fiz! E não me toque! -conclui, dando as costas para todos.

Antes de sair do pátio, pude notar o sorriso satisfeito de Wednesday, que, inevitavelmente, provocou arritmias em mim.

O meu dia passou lento, de modo torturoso, e eu quase chorei aliviada quando a aula final acabou.

Estava andando calmamente em direção a saída, quando senti meus dedos sendo entrelaçados, e a ousada Addams me dar um sorriso, me conduzindo ao depósito do zelador.

- Oi! -ela sussurrou, descansando suas mãos em meus ombros, enquanto eu enlaçava sua cintura.

- Oi -respondi, forçando um sorriso.

Wednesday me examinou por alguns segundos, para então, levar seus dedos a minha bochecha, passando seu toque sutilmente pelo machucado ali.

E eu automaticamente me lembrei de mama me dando o tapa. Meu rosto ainda estava vermelho e a pedra do anel da mais velha havia o arranhado.

- O que houve? -me perguntou seriamente, exalando preocupação em suas pupilas dilatadas.

- Nada demais, eu estou bem! -menti, com um sorriso triste.

- Você pode não acreditar, mas eu te conheço muito bem! Mesmo que a pouco tempo -ela pontuou, acariciando meu rosto com o polegar.

- Eu sei disso! E as vezes sinto medo! Do tipo, você tem algum poder? Como ler mentes? Porque, se possuir, não leia a minha agora! -ordenei, fingindo um tom assustado, e ela riu gostosamente, pela primeira vez, me roubando um sorriso genuíno.

- Por que? Pensando em indecências Sinclair? -implicou e eu corei bruscamente.

- Ei! Você não deve falar sobre este tipo de assunto com uma dama! -repreendi e ela revirou os olhos.

- Se for com a minha dama, eu posso! -concluiu e eu sorri consigo, recebendo um beijo na ponta do nariz- eu sei que mentiu para mim, mas não vou lhe forçar a me contar nada! Eu vou esperar para quando você quiser contar! -complementou e eu suspirei, me inclinando para roubar um beijo longo, calmo, e carinhoso.

- Obrigada! -agradeci baixo, quando nos afastamos, e ela assentiu, deixando mais um selinho em minha boca- a gente vai visitar Pubert hoje? -mudei de assunto, enquanto ela descansava seu rosto no vão do meu pescoço, me abraçando manhosamente.

- Infelizmente não Nid! Pubert foi a uma excursão com o orfanato -explicou simples- e, de todo modo, eu o meu expediente vai ser longo hoje! -murmurou e eu bufei irritada.

- Quando aquela imbecil vai parar de lhe explorar? -resmunguei raivosa, com um bico insatisfeito.

- Esta imbecil é quem paga meu salário ao fim do mês Nid, não posso reclamar! -contrapôs com má-vontade e eu balbuciei, ainda mal humorada- vai comigo? -indagou com expectativa.

- Desculpe, Eugene vem me buscar hoje -disse, recebendo seu suspiro frustrado, contudo, de aceitação.

- Você vai ficar bem? -questionou, com a voz menos abafada, afinal, havia deixado o vão de meu pescoço.

- Claro que vou! Eu sou Enid Sinclair! -a apaziguei, sorrindo segura para si, e ela riu baixo.

- Então, lhe vejo amanhã! -sussurrou e eu assenti, lhe dando um beijo de despedida, antes de vê-la indo embora.

A Princesa e a PlebeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora