DUMB BLONDE [Falcão - Eli]

22.

22.

JOHNY e Daniel LaRusso tinham saído em uma viagem juntos para procurar por Robby, eu queria ir junto mas meu pai e minha mãe concordaram — talvez pela primeira vez na vida — que eu estava perdendo aulas demais e que precisava me esforçar nos estudos. Eu queria dizer que conseguia pegar a matéria com facilidade mas não adiantou então eu teria que esperar para que Johny e Daniel voltassem com meu irmão e o trouxessem para casa.

Entretanto, eu tinha boas notícias. Bert tinha sido expulso do Cobra Kai por Kreese após ele se recusar a dar um rato para a cobra comer, eu achei um motivo estúpido mas secretamente estava dando graças a Deus por Kreese ser tão burro ao ponto de perder vários alunos por causa disso.
A outra ótima notícia era que Miguel tinha acordado, mas ele ainda não podia receber visita então eu decidi que iria na casa de Tory hoje. Como ela não estava estudando, eu decidi que levaria a matéria semanal toda sexta para ela, assim ela não sairia tão prejudicada quanto os outros.

Toquei na porta de Tory e ela a abriu, sorrindo ao me ver.

- Que bom que chegou. - ela me deixa passar - Preciso de ajuda, pode vigiar a comida enquanto eu dou banho no meu irmão?

- Claro!

Deixo o caderno de revisão das matérias em cima da mesa e vou para o fogão, analisando se já tinha secado a água do arroz.
A comida só demora dez minutinhos para ficar pronta e eu decido dobrar as roupas espalhadas pelo sofá enquanto Tory ainda não chegava. A loira finalmente aparece, seu irmão em seu alcance, e ela suspira ao me ver dobrando as roupas.

- Obrigada. - ela diz - Lily, você se lembra de Brandon, certo?

Brandon — o garoto de oito anos — se esconde atrás de Tory com timidez, eu aceno para o garoto.

- O almoço está pronto. - digo.

- Você já almoçou? - Tory pergunta, indo até o fogão e pegando um prato.

- Já, antes de vir.

Tory entrega o prato com comida para o irmão dela, que acha um cantinho sem roupas na mesa e se senta lá para comer.
A loira se joga no sofá ao meu lado, passando a mão pelo rosto de cansaço.

- Kreese passou aqui. - ela conta.

Evito uma reação muito ruim.

- O que ele queria?

- Que eu voltasse para o Cobra Kai, mas não sei. Sinto que ele está fazendo isso só porque perdeu você. Além de que, sem você e o Bert lá, sobram só o Bafo de Merda e o Falcão praticamente.

Mordo meus lábios, pensando com cautela no que vou falar pra não deixar a garota irritada.

- É sua decisão, Tory. - falo - Eu sai porque os princípios de Kreese não são os mesmos que os meus, eu não quero isso pra minha vida.

- Eu sei. Mas eu gosto tanto de karatê, e apesar de tudo, eu gosto do Cobra Kai.

Sorrio.

- É, eu também sinto falta de lá.

Tory se vira para mim.

- Volte comigo.

Balanço a cabeça.

- Não posso, Tory, não com tudo que aconteceu. Prometi a mim mesma que iria largar o karatê.

- Mesmo lutando desde pequena?

Sinto meu coração pesar, ah, como eu adorava lutar.

- Mesmo lutando desde pequena. Só vou ter que aprender a viver sem isso.

- Boa sorte com isso. - Tory ri.

Aperto os lábios, olhando para a garota.

- Miguel acordou.

Tory hesita, parando de dobrar as roupas por um segundo, mas logo se recompõe.

- Que bom.

- Você devia ir vê-lo quando liberarem.

- Não sei se ele quer me ver. - ela murmura.

Seguro sua mão, sorrindo para a mesma.

- Se ele não quiser te ver, a perda é dele, Tory, você é incrível e você sabe disso.

Tory sorri para mim, insegura.

Passo o resto do dia na casa de Tory, ajudando na organização da casa e explicando as matérias da aula, só indo pra casa de noite. Eu me sentia mais leve quando estávamos só eu e a garota, e esperava vê-la mais vezes do que isso.

* * *

ESTAVA sentada na mesma mesa que Yas e Moon, as duas conversavam sobre fazer uma tatuagem mas minha cabeça estava em outro lugar, ou melhor, em outro alguém.
Observava Falcão de longe, ele estava sentado em uma mesa com Mitch e uns caras do Cobra Kai, ele comia sua batatinha frita enquanto conversava com os amigos e ele estava tão... diferente. Eu me lembrava da festa de Moon, fiquei esperançosa dele ter voltado a ser o velho Eli.
Esperança é pra fracotes.
Mas mesmo assim, ele estava tão gentil e suave e tão lindo com aquele sorriso genuíno e os olhos azuis brilhando que só de pensar na lembrança fazia meu coração bater forte e suspirar.

- Lilian Evans Lawrence! - escuto Moon me chamar, estalando os dedos na frente do meu rosto - Finalmente. Estava viajando no que?

Moon e Yas seguem meu olhar, as duas me olham com decepção.

- Sério, Lily! - repreende Moon - Ele é um cuzão.

- É, mas ele era meu cuzão. - reclamo, deitando a cabeça na mesa - Posso voltar com ele, Moon?

- Não, não pode.

Dou mais uma olhada para a mesa de Falcão, sem levantar a cabeça, e acabo o pegando me olhando também. Ele inclina a cabeça e sorri, sinto minhas bochechas ficando quentes mas não desvio o olhar.
Sinto ele me olhando no fundo da minha alma, Falcão morde os lábios — uma mania que tinha desde que o conheci — e finalmente desvia o olhar para escutar algo que deus amigos falavam.

- Eu concordo com Moon. - diz Yas - O cara é um otário, fiquei sabendo que molhou a cama até não sei quantos anos.

Faço um biquinho, fazendo Moon respirar fundo.

- Lily... - ela diz.

- Já sei, já sei. - murmuro, me recompondo - Não vou ter uma decaída.

Falcão, não, Eli para mim era como uma droga, eu não podia tê-lo, mas por Deus, eu queria tanto como nunca quis nada em toda minha vida.