DUMB BLONDE [Falcão - Eli]

26.

26.

KREESE estava recrutando novos alunos, o que não era bom pra ninguém. Eu tinha faltado na escola há uns dois dias, não sabendo o que faria quando visse a cara de Falcão.
Tory e eu também não estávamos conversando, ela tinha incentivado Falcão a fazer aquela loucura e eu me recusava a falar com ela.

Hoje era dia de enfrentar meu medo e finalmente voltar à escola, já que mamãe não me deixava faltar mais, mesmo que tenha cuidado de mim todos esses dias. Johny ficou furioso quando soube o que aconteceu e também veio me ver, trazendo um chocolate ruim e um sorriso.
Ele também me falou pra chutar a bunda do Falcão, nas mesmas palavras que Robby disse.

Então era isso que eu pretendia fazer, só precisava ficar sozinha com ele por alguns minutos.

Fecho a porta do armário, dando de cara com Mary Blatt. Ela tinha os braços cruzados e cara fechada.

- Oi. - cumprimento, estranhando - Posso te ajudar?

- Você 'tá saindo com James?

Ah, era isso então.
Cruzo meus braços também.

- Defina "saindo". - peço.

A garota revira os olhos.
Percebo que ela está levemente irritada.

- Você sabe o que eu quero dizer.

Respiro fundo, fechando o armário e começando a andar, Mary me segue, esperando por uma resposta.

- Olha, eu sei que posso estar sendo chata. - ela diz - Mas eu realmente preciso saber.

Paro de andar, me virando pra ela.

- Você terminou com ele, lembra?

Ela franze o cenho, dando um passo para trás.

- Ah. - pareço tê-la desestabilizado - Foi mal, só achei que você entenderia, já que também terminou com seu ex, mas acho que estava enganada.

Hesito, sendo pega de surpresa.
Mary e eu estávamos na mesma situação, eu provavelmente faria o mesmo que ela se Falcão estivesse saindo com outra e eu tivesse essa coragem.

Mary se vira, pronta para ir embora, mas eu seguro seu punho.

- Quer ir tomar café comigo hoje a noite? - sugiro - Lá podemos conversar.

Mary sorri sinceramente.

- Isso seria ótimo, obrigada.

Então fica definido que esses seriam meus planos para hoje a noite.
O dia passa mais lento do que o normal e eu percebo que é porque estou ansiosa. Falo para James que vou sair com Mary e ele fica um pouco hesitante, mas não reclama nem nada do tipo e eu tento assegurá-lo de que só vamos conversar.

Finalmente a noite chega e eu mando uma mensagem no Instagram de Mary falando para irmos tomar café no shopping, já que os outros lugares provavelmente estariam fechados e ela concorda. Marcamos por volta das 19h e quando eu chego no local ela já está lá me esperando, usando uma camiseta e calça jeans que a deixavam com cintura fina.
Ela era tão magra que era um sonho.

- Oi. - ela cumprimenta com um sorriso - Que bom que veio, achei que fosse algum tipo de pegadinha.

- Por que eu faria isso?

Ela dá de ombros.

- Já me ocorreu.

É quando eu me toco.
Estava tão acostumada a sair com os nerds agora que esqueci que um dia todos eles já foram perdedores e a maioria já deveria ter sofrido bullying, incluindo a mais nerd de todas as meninas: Mary Blatt.
Às vezes eu me esqueço que até eu já sofri bullying quando era pequena, antes de desenvolver um gigante distúrbio alimentar que fez eu emagrecer e me tornar popular.

- Então. - mudo de assunto - Eu e Jay não estamos saindo, então não se preocupe.

Mary suspira aliviada.

- Graças a Deus. - ela diz - Me desculpe por ter insistido nisso.

- Tudo bem, eu entendo - dou de ombros - Até duas semanas eu estava assim.

- O que mudou?

- Ele mudou. - respondo com pesar - Se tornou um cuzão.

Mary faz uma careta.

- É, eu fiquei sabendo. Na briga que teve, ele ficou todo animado. Você também estava no meio, não estava?

- Estava. - admito - Mas eu larguei isso, o karatê.

Mary assente, compreendendo.

- É legal sair assim. - ela admite - Nunca tive muitas amigas meninas para fazer essas atividades, sempre foi mais James.

- Vocês se conhecem há muito tempo?

- Desde pequenos. - ela confirma - Namoramos por um ano e dois meses.

- Até que você terminou com ele para focar nos estudos. - adivinho.

Mary arregala os olhos.

- Ah, não... Ele acha que foi por isso que eu terminei?

Dou um gole do cappuccino.

- E não foi?

- Não! Eu terminei porque ele é bom demais pra mim. - ela confessa, respirando fundo - Eu sempre o tratei muito mal, sabe, só não percebia, e quando percebi, também percebi que ele merecia mais que isso, mais que alguém que o desprezasse.

- Era só você começar a tratá-lo bem. - digo.

Mary ri sem humor.

- Falar é fácil. Mudar o jeito que você está é muito difícil. Algumas pessoas não conseguem, mas eu estou tentando. - ela fala - Estou tentando mudar, por ele.

Sorrio para Mary.

- Isso é bom, muito bom. E eu tenho certeza de que ele vai te esperar.

Mary sorri para mim, e eu sinto que tinha feito uma nova amiga no lugar mais inesperado.