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DANIEL tinha ido ao Cobra Kai e roubado uma boa porcentagem dos alunos de Johny para ir para o seu dojô, alegando que seus alunos tinham destruído o Miyagi-Do e roubado uma medalha. Eu tinha certeza de que tinha dedo de Kreese nesse meio.
Ah, claro. Falcão e eu não estávamos nos falando desde quando terminamos, e era bem difícil manter papo com o Miguel agora já que os dois estavam quase sempre juntos.

De qualquer forma, todos nós estávamos fazendo sprawl sem parar como forma de punição para Johny encontrar o culpado que tinha destruído o dojô de Daniel LaRusso.

- Isso pode acabar num instante. - diz Johny - A decisão é de vocês. Quem destruiu o dojô Miyagi?

Percebo Kreese de olho em Falcão, o que me faz desconfiar que ambos tinham algo haver com isso.

- Sabem que não gosto do LaRusso, mas não ensinamos essas coisas aqui. - Johny olha para Kreese - Pelo menos, não mais. Então vou perguntar de novo: quem destruiu o Miyagi-Do?

- Não fui eu, sensei. - Arraia fala, ofegante - Eu nunca desrespeitaria outro dojô...

- Fecha o bico, Gordinho! - diz Johny - Não quero desculpas, quero respostas!

- Sensei, não sabemos quem foi. - Miguel diz.

- Alguém sabe de algo. - diz Kreese, na maior hipocrisia do mundo - A pergunta é... Quem vai falar?

O celular de Johny toca no seu escritório.

- Continuem. Podemos fazer isso o dia todo.

Eu já não sentia mais minhas pernas e não aguentava mais minha boca seca.

- Sensei. - Mané chega no Kreese - Precisamos de beber água.

- Pausa de dois minutos! - diz Kreese - Se recomponham.

Enquanto pego minha garrafinha, reparo Falcão indo falar com Kreese e a expressão em seu rosto o denuncia. Ele se sentia culpado.

- Quem você acha que foi? - pergunta Miguel, depois de meter metade da garrafinha de água.

Aperto os lábios.
Eu podia ter terminado com Falcão, mas ainda amava o Eli, e eu tinha lealdade o suficiente para não denunciar o garoto à ninguém.

- Não sei. - murmuro.

O olhar de Falcão se encontra com o meu e ele sorri de leve, mas eu balanço a cabeça, desapontada, e a expressão dele fica pálida.
Ele sabe que eu sei.

Johny teve que sair para resolver uns assuntos pessoais e infelizmente nós ficamos por conta de Kreese.
Ele tinha mudado o exercício e agora estávamos tendo que bater a corda no chão várias e várias e várias vezes. Eu já não aguentava mais.

- Continuem. - diz Kreese - Temos o dia todo.

- Ele não vai relaxar. - diz Miguel - Temos que descobrir quem foi.

- Nossa, se ao menos a pessoa que fez admitisse, talvez pudéssemos perdoá-lo. - falo em voz alta, para a sala inteira escutar, especialmente Falcão.

- Aposto no bafo de merda. - diz Tory.

- Vá se ferrar! - diz Bafo de Merda.

- O que disse? - Tory larga as cordas.

- Vai encarar?

Os dois iriam começar a brigar mas Miguel se coloca entre eles.

- Parem! - diz Kreese - Querem mesmo saber quem foi? Foi o Falcão.

Hesito, ele iria mesmo denunciar Falcão sendo que o mesmo de alguma maneira contribuiu com isso?

- E a Evans. - Johny continua - E o Diaz, e a Nichols. E a Robinson. Quando um de vocês faz algo, todos vocês fazem algo. Vocês vivem e morrem com as consequências e glórias. Porque vocês são todos Cobra Kai. Dojô principal, cinco minutos. O treinamento de verdade vai começar.

Troco um olhar preocupada com Miguel, me perguntando o que raios Kreese estava aprontando.

Não foi nada dramático demais que Kreese nos colocou para fazer, ele só escolheu duas pessoas na roda e colocou-as pra lutar. Miguel estava marcando os pontos de pé no canto.
As primeiras pessoas escolhidas foram Tory e Bafo de merda, obviamente Tory ganhou.

- Ponto! - diz Miguel.

- Bata de novo. - instrui Kreese.

Tory o olha confusa, olhando para Bafo de merda no chão.

- Algum problema com isso? - pergunta Kreese, Tory não responde - Uma luta só acaba quando o inimigo é derrotado.

- Ele já está no chão, Tory marcou ponto, a luta acabou. - eu falo, reunindo uma coragem que eu nem sabia que tinha. Esse cara me tirava do sério.

- Não tenha compaixão com o inimigo. - Kreese diz em retorno.

Tory estava prestes a bater no garoto quando Miguel a deteve com um grito.

- Não é isso que o sensei Lawrence ensina. - graças a Deus, ele diz.

- Como?

- Não há honra em ser impiedoso. - continua Miguel - Lily está certa. Tory marcou o ponto. Acabou.

A sala toda olha para Kreese, esperando a resposta do mesmo.

- O sensei Lawrence tem razão, claro. Em um torneio, a luta para quando você marca um ponto. Mas, no mundo real...

- Você precisa desestabilizar seu inimigo - eu o interrompo - Não ser impiedoso. Violência sem sentido nunca levou a nada, foi por isso que os nazistas perderam a guerra.

Kreese me olha com uma carranca, sustento seu olhar.

- Me diga, senhorita Evans. - ele diz - Se você fosse atacada, o que faria?

- Eu atacaria de volta. - digo - Mas não mataria meu inimigo como se fosse uma formiga.

- Então a senhorita é fraca.

Torço meu maxilar.
Eu podia aceitar todas as ofensas possíveis. Loira burra, vadia, vaca, feia, metida... Mas fraca?

- Me teste no tatame para ver se sou fraca, Kreese.

- Sensei Kreese. - corrige o homem.

- Você não é meu sensei. - retruco.

John Kreese respira fundo, então me dá as costas, provavelmente pensando que eu era uma mosca irritante em sua vida.

- Na vida real. - ele continua - Há vencedores, e perdedores.

Olho para Falcão.
Ele costumava ser considerado um perdedor, agora era um vendedor. E eu nunca o odiei tanto.

DUMB BLONDE [Falcão - Eli]Onde histórias criam vida. Descubra agora