Finalmente, o término do expediente havia chegado e eu estava mais cansada do que nunca, afinal o estresse fazia isso com a gente. Quando você ficava estressada, logo ficava tensa, logo, mais cansada. Pela pressão dos músculos e tal. Além do pensamento obsessivo diante de todo aquele estresse, o que contribuía para uma bela contratura muscular. É, eu li muitos artigos de psicologia, psicossomática e coisas afins. Mesmo não sendo minha área, era uma profissão que muito me interessava.
Alice iria ficar mais meia hora de serviço, então ela e Adrian estavam correndo pela Krathus inteira, juntamente com o pessoal da segurança que foi chamado e eu não entendi nada do que estava acontecendo. Mas, como não era comigo, eu esperaria Alice e Melissa – que também iria se atrasar, porque queria terminar o pudim de amanhã – na cafeteria do seu Carlinhos.
As duas iriam para a minha casa hoje, Alice para ajudar Sophia no trabalho de matemática, e Melissa, bem, porque não tinha mais nada para fazer. Ah sim, quase me esqueci, Melissa fazia questão de preparar a janta naquele dia, então era essa sua função lá em casa. Isso mesmo. Até porque Nicholas tinha paciente até tarde, e não iria poder vê-la. Mais um motivo para ela ir até minha casa.
Mas antes, eu precisava esperar elas em algum lugar, então lá estava eu saindo da Krathus, com um alívio enorme no peito. E...
PUFFFF
- Aí, meu Deus! – gritei, enquanto era arremessada no chão.
Naquele momento eu jurei que havia dado de cara com um poste de concreto, só me dei por mim, depois, quando lembrei que não havia poste nenhum na saída da editora.
- Desculpe. – ouvi uma voz masculina. – Ei, baixinha, é você. – uma voz conhecida.
Não podia ser verdade. Bem ele? Ali? Por quê? O dia estava sendo loooongo demais para o meu gosto e eu queria fechar meus olhos e estar na minha cama.
- Meu nome não é baixinha. – rebati automaticamente.
- Então qual é? – ele perguntou, com sorriso galanteador nos lábios.
Ah, como ele me irritava.
- Não te interessa. – há essa hora, eu já havia levantado, recusando a ajuda dele, claro. E estava me dirigindo para longe de seu perfume inebriante.
- Então... baixinha. Você trabalha aí? – olhou para a editora. – Que legal, eu comecei a trabalhar há algum tempo ali, quase no final da rua. – ele apontou para uns prédios, mas nem prestei atenção em qual deles.
Longe de homens bonitos, lembra?
Como ele podia agir assim? Como se já me conhecesse? Quem age assim? Eu, não. Eu nunca o havia visto antes. Espera, seria um ex-colega de escola? Não, nenhum dos meus colegas tinha esse perfil, além de ele parecer mais velho que eu. Eu não conhecia aqueles olhos. Aquele corpo escultural. Uau, aquele, enfim... Então qual era a dele?
Já entendi, ele devia ser daqueles executivos – mulherengos – que tentavam conquistar qualquer mulher que viam pela frente. Ok, isso se chamava julgar as pessoas pela aparência, mas ele despertava o pior dentro de mim. Estaria eu fazendo uma tempestade em copo d'água? Podia até ser, mas como eu falei, era canceriana, eu podia.
Com aquele monólogo todo eu me lembrara de que não iria mais poder ir ao café, pois ele ficaria no meu pé, por causa da tal da dívida. Por isso, mudei um pouco o caminho e comecei a me dirigir para uma das ruas que eram perpendiculares a onze. Mas para onde eu iria? Na rua de trás só tinha o banco, a farmácia, dois minimercados e várias clínicas. Hum... pensa Sarah, pensa. Rápido! O banco. Isso mesmo, o banco. O banco era completamente pessoal. Era isso. Pensei comigo mesma.
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Um Brinde a Amizade
ChickLitVocês conhecem a rua Onze? Não? Sarah, Melissa e Alice conhecem muito bem. Três garotas com histórias diferentes, porém com uma ligação sem igual. Sarah, a revisora, quer terminar a sua faculdade, se dedicar ao seu trabalho na Krathus e seu lema é n...