Capítulo 2 - Sarah

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O bar da esquina era um lugar incrivelmente acolhedor. Sabe aqueles lugares em que você podia, perfeitamente, marcar um happy hour com os amigos? Pois então, era assim que era visto o bar da esquina. Por fora era um lugar simpático, com algumas mesas e cadeiras de madeira distribuídas uniformemente, onde eram separados da calçada por arbustos baixos, formando uma espécie de cerca verde. Além do arbusto, seu César, o dono do local, preservou duas árvores nativas, uma de cada lado do bar. Uma de suas mesas era colocada em baixo da árvore menor, para quem não tivesse nenhum problema com algumas folhinhas caídas de vez em quando em algum de seus deliciosos quitutes.

Por dentro, o ambiente era bem iluminado, com aquelas luzes meio amareladas, dando um ar aconchegante e refinado ao local. Era agradável, com o chão de piso frio na maior parte das vezes limpo. Cadeiras e mesas, de madeiras também, mantidas o mais organizadamente possível, dando um clima rústico e sofisticado, ao mesmo tempo.

Seu César, era um homem de sessenta anos brincalhão, contudo, sabia colocar ordem quando precisava. Na frente do bar tinha dois postes parados, de braços cruzados e óculos escuros, entregando a comanda e recolhendo-a no final, com o carimbo de pago. A impressão que dava era que trabalhavam para o FBI, ou a qualquer uma dessas organizações. Eles, com certeza, bancavam a ordem do lugar. Por isso, podíamos nos sentar, tanto nas mesas da área interna, quanto na área externa sem nos preocupar com assaltos e afins. E o melhor de tudo, o seu César não permitia fumantes no ambiente, pois ele havia largado o vício há dez anos e não queria ter contato nenhum com a nicotina. O quê? Você achava que impedindo as pessoas de fumar, elas não iriam ao ambiente? Baita lorota, o bar vivia cheio. Eram as melhores batatas fritas que já comi! Melissa concordava comigo, afinal as suas batatas ficavam meio grudentas – aliás, ela sempre tentava pegar a receita com o seu César, mas ele se recusava a dar.

Por ter ótimo cardápio, cervejas artesanais sempre geladas e vinhos variados, além de um ambiente acolhedor, o bar era o mais procurado, por isso, quando queríamos ir, íamos cedo. E era exatamente isso que Melissa estava fazendo, guardando nossa mesa no lado de fora. Eu amava ficar ao ar livre, perto da natureza, e longe de luzes artificiais, que me lembravam muito um computador.

Quase tudo que fazíamos era na mesma rua, a rua onze. Bastava sair da Krathus, e caminhar até a esquina contrária da Cafeteria do seu Carlinhos. E pronto. Já estávamos lá. Melissa estava sentada na mesa que, frequentemente, pegávamos, concentrada em seu livro, com a mão num copo de tônica. Os cabelos curtos, lisos e loiros, caíam cobrindo seu delicado rosto meigo. Ela usava a calça jeans que compramos juntas na semana passada (aliás, ficou muito bem para ela, nem muito justa, nem muito larga) e uma blusa rosa e fofa. A cara de Melissa.

- E aí, gata! – Alice se apressou até ela.

- Oi! – respondeu animada. – Sarah! Preciso te contar! – animada demais para meu gosto. Oh-ho! Perigo! Perigo! Troque de assunto. Repito, troque de assunto! Meu sinal de alerta começou a apitar diante daquelas palavras suspeitas.

- E aí, Mel? Fred voltou? Quem está na confeitaria agora? O George deve estar possuído com tudo isso. Afinal, coitado. Do George, quero dizer, não do Fred. Eu nem o conheço direito, o Fred. Aliás, Fred é nome de gato, não é? – disparei tudo o que podia para fazê-la esquecer. Em vão.

- Eu sei que você não quer conhecer meu primo. Mas vocês se dariam tão bem juntos. Ele é superengraçado, Sa. E um gato. – eu detestava o quanto Melissa me conhecia.

Eu, sentada ao lado dela, despendi a cabeça para trás, derrotada.

- Meeeel – choraminguei. Implorei. Faria tudo para que ela não desse uma de santa casamenteira, de novo.

Um Brinde a AmizadeOnde histórias criam vida. Descubra agora