Depois que eu e Adrian ficamos juntos naquela tarde, e minhas amigas o viram parcialmente pelado, alguma coisa havia mudado. Bem, ele ainda era meu chefe e na editora era completamente profissional. Contudo, quando estávamos sozinhos em sua sala, ele me olhava de um jeito mais profundo, pegava na minha mão, e me roubava um beijo antes de sair. Fazíamos todas essas coisas meigas que Melissa adorara ouvir. Nada de sexo na editora, era seu lema. Mas para outras coisas, ele abriu uma concessão, porém que ficasse somente entre nós. E fora do expediente.
Adrian ainda tinha receio de ser flagrado nu, novamente. Ele não superara aquela tarde, mas estava tentando elaborar. Principalmente na frente das minhas amigas.
Estava indo tudo numa boa, porém havia um porém na história. E seu nome era Victória. Uma linda menininha de cinco anos que descobriu agora quem era o seu pai. E Adrian, como um homem íntegro, não deixaria que ficasse assim, fora da legalidade. Já chamou um advogado, casualmente da mesma empresa de Will – onde o mesmo daria todo o suporte necessário, se precisassem –, e exigiria uma guarda compartilhada, para conhecer a filha que nem sabia que existia anteriormente. Se não fosse possível uma guarda compartilhada, queria estar totalmente presente na vida de Victória. Fazer parte, não apenas na pensão.
- Eu ainda não acredito que eu tenho uma filha de cinco anos. – dizia ele, com as mãos na cabeça, em sua sala.
Eu estava sentada na outra cadeira, de frente a ele. Busquei as suas mãos nas minhas e tentei passar tranquilidade, mesmo sabendo que era algo difícil de elaborar.
- Eu sei, foi muito repentino.
- Ali? – ergueu a cabeça e olhou suas mãos nas minhas.
- O que foi?
- Eu sei que as mulheres tem resistência em ficar com um homem com filho. Que é complicado, muita responsabilidade e envolve muita coisa. Eu vou entender se não quiser que comece algo entre nós.
- Que bobagem, Adrian.
- Bobagem nada. Eu entendo que é demais para assimilar.
- Eu não vou te deixar sozinho nessa. Sempre quis que algo entre nós acontecesse.
Ele me encarou como se analisasse cada palavra e a dimensão de tudo que estava acontecendo. Em seguida me puxou para si, fazendo as cadeiras de rodinhas baterem uma na outra e nossas coxas se encaixarem. Depois me puxou mais ainda, até que eu estivesse em seu colo. As suas mãos me seguravam para que eu não caísse no chão. Envolvi seu pescoço com uma das mãos e ele roçou seus lábios nos meus.
- Eu fui um idiota. – confessou entre os beijos.
E eu ri.
- Do que você está falando?
- Que eu fiquei amarradão em você há muito tempo, mas nunca pensei que pudesse ser correspondido. Eu, um editor que gosta de quadrinho, de games e tenho o cabelo que mais parece um miojo.
Não dei bola para suas ofensas de si mesmo e sim me fixei no que mais importava.
- Ah é? Então porque você acha que estou nesse trabalho há dois anos e pouco?
- Como assim?
Droga! Eu não queria que ele ficasse sabendo daquele modo que eu almejava trabalhar na minha profissão. Ele já estava assoberbado demais. E podia parecer que só fiz sexo para ganhar o cargo. O famoso teste do sofá.
- Nada. É bobagem.
Eu sabia que ele iria até o fim naquela conversa, mas para minha salvação alguém bateu na porta e, de imediato, eu me levantei, arrumei a saia e estava pronta para quem fosse abri-la. A porta, não a saia, veja bem.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Brinde a Amizade
ChickLitVocês conhecem a rua Onze? Não? Sarah, Melissa e Alice conhecem muito bem. Três garotas com histórias diferentes, porém com uma ligação sem igual. Sarah, a revisora, quer terminar a sua faculdade, se dedicar ao seu trabalho na Krathus e seu lema é n...