Capítulo 11 - Sarah

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- Saraaah! – gritou alguém aos meus ouvidos.

Harry? O que estava acontecendo ali? Meu Deus, alguém me chacoalhava e eu percebi que minhas costas doíam pra caramba. Abri meus olhos e a primeira coisa que vi foi a cara de Vênus me dando aquela lambida.

- Você me enganou! – reconheci a voz de minha irmã, não sabia de onde.

Me endireitei no sofá e notei aquelas bochechas rosadas, furiosa, olhando para mim. O que, diabos, estava acontecendo ali? Que horas eram?

- Sophie, me deixa dormir. Sei que deve estar tarde, mas vai lá fazer qualquer coisa no seu quarto.

- São oito da manhã. Mas tenho que tirar satisfações com você, mocinha. – ela apontou o dedo gorducho no meu nariz.

Cocei meus olhos e bocejei. Oito horas! Eu devia ter pegado no sono às quatro horas da manhã. Que legal. O que uma criança de onze anos estaria fazendo acordada às oito horas da manhã num sábado?

- Sophia, vai dormir! Prometo que falamos sobre o que você quiser lá pelas onze, tá? – disparei, sonolenta.

- Não mesmo. Eu vi no Google. Você é uma mentirosa.

Arfei mais uma vez e me sentei ereta. Quando Sophia colocava algo na cabeça, nem Cristo tirava. Tão pequena e tão teimosa. Era o que dava ter uma irmã nascida no signo de touro. Ela era um amorzinho, quando queria. Mas quando não queria, sai da frente. Muitos viam aquilo como persistência e perseverança, eu via como teimosia. Pura e genuína.

- Do que você está falando? – perguntei, revirando os olhos, possivelmente manchados, pois tive preguiça de tirar a maquiagem para dormir.

- Você disse que o signo de peixes não combinava com o signo de câncer, mas eu vi no Google que...

E blá, blá, blá. Ela não parou de citar todos os trechos encontrados no Google. Não acredito que me esqueci do maldito Google. Claro, como eu era burra. Óbvio que ela não iria buscar nada nos meus livros e sim na internet. Era virtual, acorda.

Então precisei remendar minha mentira:

- Esse site não é confiável.

- Eu entrei em mais de trinta sites, Sá. Todos dizem a mesma coisa. Você está cercada.

Tudo bem, minha irmã era um gênio. Ou me conhecia tão bem que sabia que eu iria rebater aquilo. Eu não estava em condições de dialogar muita coisa, ainda mais que eu dormi apenas quatro horas! Arfei, novamente e disse exausta:

- Tudo bem. Você venceu. Eu menti. Satisfeita?

- Mas por quê? O Will é tão legal.

- Ah não! Mais uma não! – tampei a cabeça com o cobertor do sofá. – Eu não preciso de... espera aí, - descobri, novamente, a cabeça, olhei em seus olhos desconfiados e perguntei: - você sabia o nome dele?

Só eu não sabia. Como eu era trouxa. Ela, por sua vez, abaixou a cabeça e corou levemente. Danadinha.

- O que mais ele te falou? – interroguei minha irmã. Eu estava no meu direito. Como irmã mais velha. E como único ser vivo que não sabia o nome do cara de terno.

- Bem... – ela estava me escondendo alguma coisa, ah, se estava. – ele disse que você é meio... hum... arisca. Eu fui procurar isso também no Google. Quer dizer que você é desconfiada e não muito sociável. Mas você sempre se dá bem com todo mundo, eu não entendi o que ele quis dizer.

- Nada. Não liga para o que ele diz, entendeu? Ele que é um chato.

Ela começou a rir, como se eu tivesse dito algo engraçado. Pronto, minha irmã enlouqueceu.

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