Ufa, finalmente o final de semana estava chegando e eu havia comentado para as minhas amigas que levaria Adrian comigo, no jantar. A doida da Melissa já nos fantasiou casando, só para ter uma ideia. Desde que ela havia descoberto a gravidez, estava mais criativa, e no mundo da lua mais do que nunca. Além de mais sensível e maternal. Inclusive, ela já comprou umas três roupinhas de recém-nascidos que encontrou numa lojinha perto do trabalho. Mas Sarah não ficava atrás, no primeiro instante que pode, deu-lhe um sapatinho minúsculo. Era bonitinho, mas precipitado.
Eu tinha certeza que as minhas amigas foram afetadas por um vírus muito emotivo. O qual elas estavam reagindo de uma maneira abobalhada, principalmente quando falavam que nem bebê com a barriga tábua de Melissa. Sendo que nem foi confirmada a gravidez ainda. O resultado só chegava na semana que vem. Algo assim. Certo, eu estava muito feliz por ela, e queria muito que tudo desse certo, mas eu tinha os dois pés no chão. E se o teste desse negativo? Mesmo que ela tivesse sentido todos os sintomas da gravidez, podia ser algo da sua cabeça. Eu só começaria a acreditar mesmo vendo o resultado da médica.
Contudo, ser um pouco mais fria não impedia de tapar Melissa à noite, quando percebia que estava destampada. Ou lhe alcançar um copo d'água para que, nem ela, nem o possível bebê ficassem desidratados. Isso não quer dizer que eu havia sido contaminada por aquele vírus, e sim uma precaução. Isso mesmo, pre-cau-ção.
De qualquer modo, eu estava feliz que sexta-feira estava chegando. Até porque, naquele dia, mais cedo, foi o caos na editora. Ah é, eu me esqueci de contar essa parte. Ou talvez não quisesse tocar no assunto.
Na quinta-feira, assim que eu pus o pé na Krathus, recebi olhares desconfiados e alguns, inclusive, enojados. E eu já sabia do que se tratava. Claro, pois no dia anterior Beatriz me viu com Adrian no parquinho e não perdeu nem um mísero tempo de contar aos quatro ventos sobre nós dois e nossa "possível" relação. Ela envenenou a mente de alguns colegas, principalmente do seu setor, dizendo que eu me aproveitei da fragilidade do meu chefe para haver vantagem em cima e por isso eu havia subido de cargo. Ponto. E aquilo começou a me irritar, principalmente quando precisei ir até a gráfica para ver a que pé andava as capas finais dos últimos lançamentos.
Lá eu encontrei risos irônicos, piadas ácidas e todos os tipos de julgamentos possíveis e imaginários. Me senti no colégio, novamente.
- E aí, Alice, como está Adrian hoje?
- Você fez com que ele melhorasse de humor?
- Como ele é na cama?
- Eu preciso antecipar o meu salário, será que preciso dormir com ele também?
Eu estava uma chaleira, a ponto de entrar em ebulição. Mas não foi preciso, porque uma das garotas (que eu achava que tinha uma quedinha por Sarah) deu um berro que me fez recuar também.
- CHEGA! – urrou. – Trabalhar mais e fofocar menos, certo?! Caso contrário eu mesma vou ter uma palavrinha com o chefe. Sobre vocês.
E pelo jeito todos do setor tinham medo dela, porque voltaram ao seu trabalho de bico calado. Inclusive Beatriz que, mesmo irada de raiva, teve que voltar a se concentrar em seu desenho. Essa moça que explodiu com todos era chefe da gráfica, portanto, tinha autoria de lidar com a situação como quisesse. Adrian confiava muito nela e, naquele instante, eu havia ficado muito grata a ela.
- Obrigada, Raquel. – sussurrei para que ninguém escutasse nossa conversa.
- Sem problemas. Estou há muito tempo querendo dar uma palavrinha com Adrian sobre algumas coisas que não estou gostando. Acho que agora é uma boa hora. – respondeu ela, e passou a mão na única mecha loira e cumprida de seu cabelo estilo Joãozinho, que caia em seus olhos negros.
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Um Brinde a Amizade
ChickLitVocês conhecem a rua Onze? Não? Sarah, Melissa e Alice conhecem muito bem. Três garotas com histórias diferentes, porém com uma ligação sem igual. Sarah, a revisora, quer terminar a sua faculdade, se dedicar ao seu trabalho na Krathus e seu lema é n...