Capítulo 17 - Melissa

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Cinco minutos atrasada. Era o mínimo que eu iria deixá-lo aguardando naquele restaurante elegante. Era um jeito de fazê-lo sofrer com aquela história do machismo. Eu havia aceitado me encontrar com ele para desabafar tudo o que eu sentia no meu coração. Não esconderia nada. Se precisasse xingá-lo, eu o xingaria. E também só aceitei encontrá-lo para que ninguém pudesse dizer que eu estava fugindo do amor da minha vida. Eu daria outra chance, apesar de ter dado várias no passado.

Juro, eu tentei diversas vezes. Não me importei quando a mãe dele apareceu, sem avisar, no apartamento dele. E ficou mais de uma semana, pois "estava com saudade", sendo que ele a visitava toda semana. Ela era daquelas mães que não largavam o filho por nada, ligava ao menos três vezes por dia, mesmo que ele fosse à casa dela toda semana. Dizia a ele o que deveria e não deveria fazer. Ficar comigo estava na lista dos não-deveria. Conclusão, ficamos por mais de uma semana nos encontrando no meu apartamento, porque a mãe dele continuava tendo um desafeto enorme por mim. Por eu ser adotada e, provavelmente, tinha o sangue ruim. Contaminado, era o que ela dizia, e Nicholas vivia tentando fazê-la parar com aquilo. Em vão.

Também não reclamei quando ele precisou viajar para um simpósio de fisioterapia em outra cidade e ficou lá por duas semanas inteiras. Eu dei a maior força, por se tratar da carreira dele. Seu futuro. Nosso futuro, aliás. Eu nunca o impedi de nada que fosse para sua carreira, sempre incentivava. Até quando a colega de trabalho dele deu em cima dele, eu não surtei... tanto. Mas o que você faria se visse a colega boazuda do seu namorado abraça-lo, na sala particular dele, e ainda apalpar a bunda dele? Obviamente, Nicholas, quase engasgou quando me viu e jogou a colega (Nicole) no sofá, logo dizendo:

- Melzinha! Não é nada do que você está pensando! Essa louca fechou a porta e me agarrou! – se defendeu, num tom desesperado.

Eu podia ser uma pessoa sensível, até fraca, mas não era burra. A maioria das pessoas que trabalhavam na mesma clínica que Nicholas, me conhecia. Eram quase todos uns amores comigo e, certa vez, dois deles me disseram que a tal de Nicole, colega deles, vivia correndo atrás do meu namorado, por ser comprometido. Parecia ser um fetiche da garota. Suze, uma fisioterapeuta que também trabalhava lá, me alertou mais ainda sobre ela. Eu conheci Suze na mesma época que Nicholas começou a trabalhar na clínica, nos tornamos boas amigas. Além disso, ela trabalhava no mesmo turno que ele. Ou seja, uma aliada. Suze me relatava tudo o que se passava, sem ao menos eu pedir. Portanto, não surtei naquela hora, quando peguei aquela V.... se esfregando no-meu-namorado.

Ao invés de berrar, gritar ou chorar, na sala particular dele – chamada também de consultório –, eu fui, calmamente, até onde Nicole se recompunha, passei por ela dando um encontrão de ombros e rumei até Nicholas e tasquei um beijo bem dado e bem demorado nele. Selando nosso amor. Tanto Nicole, quanto Nicholas, ficaram boquiabertos. Ela, pelo encontrão e o beijo, e ele, pela minha reação. Afinal, eu nunca havia levantado a mão para bater em alguém, e aquela não seria a primeira vez. Ela mereceu? Ah, merecia. Mas a vida trata de ensinar.

E essas foram só algumas das tentativas de ficar com Nicholas numa boa. Por isso eu podia afirmar que havia tentado. Bem, eu não podia negar que ele também não tentou. Pois aí eu não seria justa. Ele aguentou todas minhas TPM's e todas as vezes que ele queria transar e eu não. Por essa razão, e por ainda amá-lo muito, resolvi dar mais essa chance a ele. De conversar, quero dizer. Era só isso que eu iria fazer. Conversar. Não iria para o apartamento dele. Não o beijaria. E nem, se quer, o abraçaria. Naquela noite seria só para colocar os pingos nos "i's".

Mas ele estava tão lindo sobre aquela luz amarelada. Ele precisava colocar aquela camisa que salientava seu porte atlético? Eu amava aquela camisa. Ele não podia ter feito aquilo, me deixar na tentação. Era injusto com meu coração. Perverso!

Um Brinde a AmizadeOnde histórias criam vida. Descubra agora