A semana passou devagar, e o final de semana mais ainda. Will não deu as caras nenhum dia depois daquele incidente com Beatriz. Eu sabia, achou uma garota mais fácil e menos complicada, para ele, do que eu. Estava tão claro aquilo. Ele não era homem de correr atrás de ninguém, pelo menos era o que eu pensava. Em minha cabeça, eram as mulheres que corriam atrás dele. Sabe como é, sedutor, bem humorado e inteligente. Quem não gostaria? Fiquei irritada por algum tempo de pensar aquilo, explodindo pelas menores coisas possíveis. Não que eu nutrisse sentimentos por ele. Não, claro que não! Minhas barreiras continuavam blindadas.
Eu deveria estar feliz com aquilo. Mas eu não conseguia, porque não sabia se era realmente aquilo que eu queria. Eu não podia gostar dele. Ele era o tipo de homem que costumava trair uma mulher por outra mais bonita e gostosa. Eu sabia que era errado julgar as pessoas sem saber, mas eu tinha quase certeza que era assim. Tanto que ele já se esqueceu de mim e partiu para outra. Viu, eu disse, ponto para mim.
Tentei, por bastante tempo, colocar aquela informação dentro do meu cérebro e esquecer tudo aquilo que eu estava sentindo por ele. Para que aquela mágica acontecesse, me voltei para outras coisas. Qualquer uma. Fiquei pensando por um bom tempo qual seria a desculpa mais plausível para dar a Beatriz. De uma coisa eu sabia, eu não poderia dizer que havia terminado meu namoro fictício. Pegaria muito mal. Beatriz diria "eu te disse" e aí eu voaria no pescoço dela – em plena festa de aniversário – e não seria nada elegante. Talvez eu até parasse na cadeia. Seria uma noite cheia.
Quem sabe uma virose? Mas claro! Todo mundo era propenso a pegar alguma virose uma vez na vida. Além disso, uma virose não tinha muito como comprovar. Sabe como é, quando o médico não sabe a resposta, o que ele diz? Virose! Uma virose me salvaria. Foi o que pensei na hora. Pronto, menos uma coisa a pensar. Na segunda-feira, depois do trabalho, fui para minha aula de autodefesa, onde algo muito bizarro aconteceu enquanto eu lutava com Mirela no tatame. O mesmo cara do jiu jitsu, que me ofendeu semana passada, apareceu na minha frente. Eu havia terminado a minha luta e estava toda suada e desgastada pelo treino. Ele não se importou e me estendeu a mão:
- Eu sou Kevin. Seu nome é Sarah, né?
Nenhuma ofensa. Estranho, pensei. Primeiro eu analisei bem ele, pois podia estar tentando me dar um golpe certeiro. Depois de uns segundos, estendi a minha mão. Cumprimentei, mas logo retirei a mão, como se sua pele me queimasse.
- Sim, meu nome é Sarah. Por quê? – perguntei, empinando o queixo.
- Queria saber se você quer sair um dia desses. Comigo. – acrescentou rapidamente. – Foi impressionante aquele golpe. Nunca vi uma mulher reagir assim. Foi... impressionante. – e fez uma cara de flerte.
Hã? O cara estava mesmo flertando comigo?
Sabe aquela cara de paquera, onde o cara se acha o mais gostoso do mundo e tenta, a todo custo, fisgar uma mulher? Pois é, essa cara. Ele era péssimo naquilo. De qualquer forma, algo não me cheirava bem. Me incomodava e eu não sabia o que era. Também não sabia explicar bem a sensação, só sabia que estava tensa.
Sem saber direito como reagir, eu disse:
- Vou pensar.
Podia muito bem ser coisa da minha cabeça. Eu sempre fui muito desconfiada. Por isso, achei melhor agir daquela forma e sair. Sim, eu saí. Sem esperar a resposta. Que espécie de mulher eu era? Ah sim, uma inexperiente naquele quesito. Escutei, de fundo, um "uau". Não sabia se era um uau bom ou ruim. Realmente, eu precisava aprender muita coisa ainda. Mas afinal, eu só tinha vinte e dois aninhos. Para muitas senhoras de meia idade eu era um bebê, recém-saído das fraldas. Como minha tia Helen dizia, quando vinha nos visitar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Brinde a Amizade
ChickLitVocês conhecem a rua Onze? Não? Sarah, Melissa e Alice conhecem muito bem. Três garotas com histórias diferentes, porém com uma ligação sem igual. Sarah, a revisora, quer terminar a sua faculdade, se dedicar ao seu trabalho na Krathus e seu lema é n...