Capítulo 21 - Sarah

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O domingo seguinte foi bem relaxante. E não tive muito sinal de Will, apenas uma mensagem de texto dizendo:

Oi, Baixinha. Vou passar o dia todo revisando uns processos atrasados para ir ao fórum na segunda. Espero que tenha um bom domingo. Beijos! – W.

Será que aquela mensagem era sinal de algum tipo de compromisso? Afinal, ele mesmo falou que não dava satisfações para ninguém. E aquele tipo de mensagem era um tipo de satisfação. Não era?

Eu não estava esperando por aquilo. Não mesmo. Eu seguiria minha vida, como se nada tivesse acontecido. Foi só um beijo. Qual é, nada de mais. Bem, um ótimo beijo, por sinal. Mas nada mais... Claro, ele foi educado até e, depois daquela discussão, deve ter pensado que eu merecia uma satisfação. O que foi legal da parte dele. Eu não sabia o que pensar... estava completamente confusa.

Também não sabia nem o que responder. Não tínhamos intimidade para isso, tínhamos? Como você entra numa relação sem saber? Teoricamente, isso é impossível. Não para mim. Meu Deus, meu coração estava acelerado apenas pelo fato de responder a mensagem dele. Bem, no começo da minha relação com Lucas também ficava com o coração acelerado e suava feito um porco de nervosismo. Mas eu era adolescente. Já tive outras duas relações depois e não eram assim. Parecia que Will despertava algo adormecido dentro de mim. Tanto bom, quanto ruim. Não sabia explicar.

Fiquei mais de meia hora tentando pensar numa boa frase para digitar para ele. Algo simples, objetivo, porém com uma pitada de sentimento. Mas que droga, mulher! Vocês só ficaram uma vez. Nada mudou. Responde normalmente, eram as palavras do diabinho no meu ombro esquerdo. Como o anjinho no ombro direito não se manifestou, resolvi acatar as ordens do vermelhinho.

Bom domingo de trabalho. – S

Em seguida, mandei:

Beijos. =* – S

Mandar beijo não quer dizer nada, né? Só que a pessoa era educada. Fiquei me dizendo aquilo a tarde toda, depois que apertei "enviar".

O que aquele domingo foi de parado e estranho, a segunda-feira foi conturbada ao extremo. Chegando à Krathus, uma névoa pairou em minha cabeça assim que adentro por aquelas portas duplas. Todos estavam alvoroçados no primeiro andar, cochichando, algo que Adrian não suportava. Seria por algo que aconteceu na festa de Beatriz?

Oh, Deus! Descobriram que eu menti sobre Will e agora todos estavam me achando uma maluca-piranha-mentirosa! Ai não, ai não, ai não. Não pode ser isso. Enquanto pegava o elevador, subindo até meu andar, comecei a rezar um pai nosso atrás do outro. Só podia ser isso, se bem que eu não fiquei até o final da festa para saber se havia rolado mais alguma coisa. Exatamente, era isso. Tinha que ser isso. Alguém deve ter dado em cima de Adrian, no meio de todo o mundo. Ou alguém bebeu todas e acabou fazendo um strip na pista, na frente de todo o mundo. Ou alguém se revelou homossexual, na frente de todo o mundo. Espera aí, mas isso não seria vergonha alguma. Eu trabalho com dois gays e duas lésbicas e eram muito melhores do que vários héteros que conhecia (Beatriz, por exemplo). Aliás, eu tinha muito estima por eles. Estão vivenciando o amor. Ponto. Ninguém tinha nada a ver com isso.

Então o que poderia ser? No segundo andar, avistei vários olhos arregalados e mais murmuros pelos cantos. Alex era um, com uma das mãos cobrindo a boca e o cotovelo na mesa. Sem prestar a menor atenção para seu computador.

- Alex. – o chamei, despertando-o. – O que está acontecendo?

- Ai, maçãzinha. Você não vai acreditar... – ele sussurrou em meu ouvido, afinal Adrian estava passando naquele momento. Furioso.

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