- E PORQUE ELA NÃO NOS CHAMOU? – berrei ao telefone, perplexa.
Eu estava desesperada com a notícia que Melissa acabara de me dar. Num minuto atrás eu estava sentada, em minha cama, jogando videogame, massacrando vários zumbi, que por sinal eu era boa naquilo. E, assim que o telefone tocou, Melissa despejou a maior bomba do universo: que Sarah quase morreu!
- Calma, Ali. – dizia a voz meiguinha de Melissa, no outro lado da linha.
Em que universo Melissa vivia, afinal? Como ela poderia achar que eu me acalmaria recebendo uma notícia daquela? Minha amiga quase foi morta pelos assaltantes do banco, mas ela passava bem. Não se preocupe, Ali, foi a frase mais incoerente que Melissa já usou, em toda a sua vida. Era lógico que eu iria me preocupar. Berrar no telefone era o mínimo que eu faria.
Realmente aquela quinta-feira fora a maior quinta-feira de toda a história das quintas-feiras! Pensando pelo lado positivo, porém meio mórbido... enfim. Era que eu havia feito as pazes com Sarah. Eu nunca iria me perdoar se algo de ruim tivesse acontecido com Sarah estando brigada com ela. Eu morreria por dentro se ela... se... deixa pra lá.
- Ela está bem, eu juro. Will a salvou. Ele realmente é um herói! – dizia a voz animada, ao meu ouvido.
Era fato, Melissa era um unicórnio.
- É sim, um herói, uhull. Ótimo para ele, parabéns... – soltei minha rabugice, enquanto revirava os olhos para o telefone. – Foco, Melissa! Conta toda a história de forma prática e sucinta. Sem dramatizar, por favor.
- Eu não dramatizo. – mesmo não vendo seu semblante, obviamente ela estaria fazendo beicinho, extremamente magoada. Tinha certeza disso, assim como tinha certeza de que Papai Noel não existe.
Eu não era tão má amiga assim, para não levar em conta os seus sentimentos. Por isso respirei fundo e falei com mais calma que encontrei, depois dessa bomba toda que ela me jogou no colo como uma jaca madura.
- Tudo bem. Tudo bem. Me desculpe. Você está em casa? Porque eu posso passar aí e você me conta toda a história. Inclusive floriando, se quiser. Tá certo? Afinal, não são nem nove horas.
Excelente ideia, eu poderia dormir na casa dela, assim não precisaria dormir naquela mansão fria e assombrada. Meus pais haviam ido viajar, pela enésima vez. Se não me enganava para o México dessa vez, mas também não me interessava. Mesmo com eles dentro de casa, aquela mansão era tão grande que me deixava parecendo uma agulha no palheiro. Sendo que contávamos com uma equipe fantástica de empregados, mas mesmo assim, o lugar era grande. E eu me sentia sozinha. Como se fosse vazia. Mesmo que eu nunca ficasse sozinha de fato, porque contava com Theodoro, Brenda, Flora, e os demais.
Era uma coisa minha. Eu não estava satisfeita lá, mas também não tinha encontrado o meu lugar no mundo, e nem um rumo certo para a minha vida.
Melissa respondeu, depois de um curto silêncio no celular.
- Ah. – disse a voz triste de Melissa. – É que... bem... eu estou no Nick, mas se quiser, eu passo aí. Isso mesmo, estou indo aí. Não se preocupe.
- Não. Tudo bem, Melzinha. Fica aí. Amanhã falamos melhor, ok? – de maneira alguma eu iria atrapalhá-los.
Depois de insistir umas três vezes, Melissa assentiu em ficar no apartamento do namorado, em segurança. Eu ia ficar bem. Tinha que ficar. Afinal tinha comida, abrigo e um videogame bem violento para acabar com qualquer tristeza no mundo. Aquilo me distrairia até me esgotar e cair na cama.
Eu nunca poderia imaginar no que, de fato, aconteceria meia hora depois que Melissa desligasse. Meu celular voltou a tocar e, para meu espanto, era o número do celular de Adrian.
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Um Brinde a Amizade
ChickLitVocês conhecem a rua Onze? Não? Sarah, Melissa e Alice conhecem muito bem. Três garotas com histórias diferentes, porém com uma ligação sem igual. Sarah, a revisora, quer terminar a sua faculdade, se dedicar ao seu trabalho na Krathus e seu lema é n...