Capítulo 27 - Sarah

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Aquele dia melhorou horrores depois que Alice e eu fizemos as pazes. Cheguei a ficar mais confiante, mesmo depois de ter visto Lucas e o quanto ele ainda mexia comigo. Eu não sabia definir se mexia de uma forma romântica ou amargurada, para isso eu precisaria de uma ajuda profissional. Já mencionei a você sobre eu procurar um terapeuta? Seria de grande ajuda nesse momento. E em todos os momentos difíceis da minha vida patética.

Pensando sobre o que deu errado na minha relação com Lucas, Will apareceu em meus pensamentos. Aquela cara sedutora e charmosa, que expressava exatamente aquilo que uma garota queria ouvir. Não pude deixar de relacionar os dois. Foi muito mais forte do que eu, pois Lucas tinha, no começo, um jeito parecido. Sabe, inteligente, charmoso e engraçado. A tríade perfeita. E eu não queria mais me colocar numa roubada. Não de novo. Não dessa vez.

Parecendo ler meus pensamentos, meu telefone começou a tocar e o nome de Will apareceu na tela piscante. Eu olhei para os dois lados para ver se avistava Adrian, mas nada dele. Então, atendi.

- Alô. – não de uma forma seca, mas sim de maneira casual. Pelo menos tentei ser casual.

- Oi, Sarah. É o Will.

Não pude evitar um sorrisinho, mesmo tentando comprimir ele apertando os lábios.

- Eu sei que é você. O que houve?

- Então você salvou o meu telefone. Bom saber. – e riu na linha.

- Will, eu estou no meu horário de trabalho, aconteceu alguma coisa?

- Na verdade aconteceu sim. Eu queria ouvir sua voz, nem que seja por um minuto.

E eu enrubesci. Ele não podia dizer aquilo assim, sem mais nem menos. Será que ele tinha noção que estava entrando na minha vida, deixando difícil a saída da mesma?

Como eu fiquei quieta, sem saber o que dizer, ele tomou a liderança e continuou:

- Como não nos vemos desde terça, eu resolvi ligar e perguntar uma coisa.

- O que?

- Eu tomei a liberdade de pedir para a Mel pegar sua irmã na aula de espanhol para você jantar comigo. Direitinho, como num encontro. – concluiu veemente.

- Sophie faz francês. – corrigi. – E você é muito cara de pau, não acha?

- Bom, eu estava esperando ouvir um não bem sonoro, com essa sua voz melodiosa, mas essa sua resposta foi melhor do que eu estava esperando, de fato. Me poupou um diálogo inteiro, que eu já tinha preparado. – e eu escutei um "uuuh" ao fundo da ligação. – Cala a boca, Inácio. – disse ele, afastado do telefone. – Ah, sim, não acho que eu seja um cara de pau e sim uma pessoa muito determinada. Um tanto enlouquecido, devo acrescentar, mas inofensivo. E aí, vamos?

Eu não pude evitar o sorriso, ainda mais porque ele não poderia ver minha reação por telefone. O que eu podia dizer? Alegar que não poderia porque tinha que buscar Sophia na aula? Não, ele já havia cuidado dessa parte. Logo, eu não tinha mais desculpas e ele sabia disso. Foi nesse momento em que me senti cercada, mas não foi uma sensação ruim, foi até... divertido.

Que mal faria se jantássemos naquela noite? Não havia nada de errado, havia? Pena que nossos planos não deram certo. Não deram nada certo.

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Will havia me dito para esperar por ele na frente da editora, que ele passaria e nós íamos juntos. Eu estava torcendo para que não fosse a um lugar chique, porque:

1. Eu não estava vestida de acordo. – na verdade eu não estava vestida de acordo para nenhum encontro, afinal estava com uma roupa muito simples e nada sexy.

Um Brinde a AmizadeOnde histórias criam vida. Descubra agora