Capítulo 13 - Sarah

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Meu Sábado e domingo foram normais. As meninas jantaram na minha casa, no sábado e no domingo e eu me dediquei para minha família. Consegui evitar ao máximo pensar naquele belo par de olhos verdes e fiquei bem feliz com meu final de semana. Foi tranquilo e amistoso, até um bom tempo. Domingo à tarde, Sophia quis ir ao shopping comprar um novo jogo de videogame, então eu e mamãe a levamos, afinal ela havia cumprido o acordo de ir bem em todas as matérias. Falando nisso, minha irmãzinha era muito inteligente, tanto que me deixava orgulhosa. Menos em matemática. Mas qual a criatura que conseguia ir bem nisso? Ainda bem que ela tinha ajuda de Alice. Na minha época de escola, eu quase levei bomba e precisei ralar sozinha pra não pegar exame no final do ano. Não gostava nem de lembrar.

Nós comemos na praça de alimentação tudo que tínhamos direito – inclusive um delicioso milk-shake de morango nham nham... Tudo parecia como era antes, sem o assalto, sem estresse no trabalho e, o melhor de tudo, sem o William.

Mas porque eu estava pensando nele? Ah, esquece.

Saindo da loja de games, eu estava despreocupada e tranquila, até avistar um homem alto. Ele me chamou atenção, parecia que já o havia visto antes, mas não podia ter certeza, pois ele estava de costas. Quando fui subindo a visão, meu coração começou a gelar e minhas pernas pareciam gelatina. Ele usava um moicano. Um moicano similar a um dos assaltantes do banco. Ele olhava uma vitrine de uma loja de objetos antigos. Eu não podia me aproximar para ver se era um dos assaltantes ou não. Ele podia me ver, se lembrar de mim, e aí tentar me matar. De novo! Também não podia contar nada para minha mãe e irmã, pois elas sabiam pouco sobre os caras. Além de que iriam se assustar. Então fiz a coisa mais sensata que pude pensar: prendi meu cabelo num coque, coloquei o capuz do casaco e tateie na bolsa até achar meus óculos escuros. Pronto, eu estava disfarçada. E quando terminei de digitar uma mensagem rápida para a detetive Júlia, Sophia questionou:

- O que você está fazendo?

- Nada, ué. – respondi, tentando parecer normal e despreocupada.

- Sarah, estamos dentro do shopping, tira isso. – ordenou minha mãe.

- Eu... er... acho que estou com alergia nos olhos, sabe como é, estão estranhos com essa luz artificial.

- Ficar muito tempo na frente do computador dá nisso, eu já falei.

- Sim, mãe, pode ser. Agora vamos para fora?

Eu as guiei rapidinho. Claro, minha mãe me obrigou a colocar um colírio lubrificante. Mal não faria, então, para não complicar, eu aceitei. O que foi um erro porque aquilo embaçava pra caramba a visão. Logo, o perdi de vista.

Já em casa, longe delas, pude retornar as trinta ligações da detetive, querendo saber qual shopping, especificamente, eu estava. Que merda, tinha me esquecido de colocar o endereço. Ela ficou Pê da cara comigo e disse que dá próxima vez eu relatasse, detalhadamente, tudo que for possível. Eu já estava de saco cheio de tudo isso. Gostaria muito de mandar aquela pau-de-vira-tripa para um local muito, muito distante. E não estava me referindo aos locais de filmes, como o tão, tão distante do Shrek.

E sim a um lugar mais mal educado.

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Já no começo da semana, eu ainda estava ressabiada, olhava por tudo quanto era canto, quando desci do ônibus, rumo a Krathus. Devia ser coisa da minha cabeça. Sabe como é, trauma e tudo. Mas eu gostava da minha vida, e queria muito bem vivê-la.

Uma boa notícia: não trombei com William, nem na hora do almoço, nem quando fomos ao Cheiros e Sabores. E, finalmente, Melissa parou de tentar empurrá-lo. Ela não tocou mais no assunto, nenhuma vírgula sobre ele. Finalmente. Mas... Por quê? Será que ele falou alguma coisa para ela? Será que ele disse que eu não era boa o bastante para ele? Que petulância. Calma, Sarah, você não sabe de nada. Quando fui sondar minha amiga, achei melhor não fazê-lo. Estava bom assim, não é? Não é?

Um Brinde a AmizadeOnde histórias criam vida. Descubra agora