Um Brinde a Amizade

Capítulo 40 - Sarah

Como Alice estava demorando em chegar, Melissa e eu jantamos sem ela. Ficamos debatendo se Alice havia ficado no apartamento de Adrian esperando toda a premiação ou se ela teria ido junto com ele. Pelo que eu sabia, ele não havia a convidado. Pelo menos foi o que Alice disse quando eu perguntei. Mas Adrian estava cada vez mais dependente da minha amiga. Ele confiava cegamente nela. Por isso, eu não sabia ao certo o que pensar.

A única coisa que eu sabia era que Alice ainda trabalhava fora de sua área. E também não estava preocupada em achar um emprego melhor. Eu achava isso um desperdício de sua inteligência matemática. Desperdício de potencial, pois Alice era brilhante com números. Mas era sua vida e eu prometi não interferir mais. Aprendi a minha lição. Pelo menos era como eu gostava de pensar.

Eu, por outro lado, estava tentando evoluir no meu emprego. Bem, não consegui atingir o cargo desejado, de ser a melhor revisora da Krathus, mas já estava a meio caminho. Eu estava ganhando mais, mas continuei como primeira revisora, porque Adrian gostava do meu trabalho com a ortografia. Ele dizia que eu era a melhor da equipe nesse quesito. Talvez seja isso, ou talvez seja porque ninguém queria corrigir erros básicos e eu não me importava de fazê-los. Mas eu preferia acreditar que tinha sido a primeira opção, mesmo sabendo que a segunda era mais válida.

Também fui escalada para supervisionar os estagiários. Havíamos crescido como empresa, e tivemos que contratar mais pessoal, ou seja, mais estagiários, por serem mais baratos. Claro que eu não era a única a supervisioná-los. Eu dividia aquele cargo com o meu bom e velho amigo Alex.

Como eu havia terminado a faculdade e ganhado nota dez na banca avaliadora do TCC (Uhull!), estava ocupando as terças, pela manhã, com o trabalho. Ou seja, agora eu estava com o turno normal, como qualquer outro funcionário efetivado da Krathus. Eu estava me sentindo um máximo com aquilo. Ser uma funcionária efetivada. Aquilo soava tão bem. Além do mais, eu amava o meu trabalho. Me divertia bastante, com o bom-humor de Alex e dos novos estagiários. Claro que, a editora tinha as suas particularidades, porque Beatriz ainda trabalhava lá, e nós duas ainda éramos como gato e rato. Mas devo confessar que era com menor frequência. Um pouco porque eu estava sabendo como lidar melhor com ela, e outro pouco porque ela parecia diferente. Mais deprimida. Fiquei sabendo, pelo rádio corredor, que seu casamento havia terminado há poucos meses e isso abalara a sua estrutura de durona. Eu tentei conversar com ela, amigavelmente. Tentei ser gentil e mostrar apoio, mesmo contrariando o meu apreço por ela, mas ela foi muito grossa e não quis ouvir. Falou absurdos, a meu respeito. E eu entendo, afinal meu namoro com Will continuava firme e forte. Ele era o amor da minha vida. O homem que ainda me causa rebuliços no estômago quando o via, e que meu coração acelerava a cada passo que ele dava em minha direção. Um metro e oitenta e dois de pura sedução e generosidade.

Falando em Will, ele me enviara uma mensagem, há dez minutos atrás.

Amor, meu irmão vai chegar amanhã pela manhã. Como é sábado, posso passar aí e te buscar para recebermos ele? Te recompenso depois. – W.

Estávamos a dois anos juntos e até aquele momento eu não conheci o seu irmão, Felipe. Ou Lipe, como odiava ser chamado. Mas eu não o havia conhecido, porque Felipe estava passando um tempo em Londres. Fazendo um curso, pelo que eu entendi. E quando voltou, eu estava trabalhando e nunca consegui visitá-lo. Ao contrário da dona Felícia, mãe dos irmãos e tia de Melissa, que vivia nos visitando. Ela se deu muito bem com a minha mãe, tanto que as duas não se desgrudavam quando a mãe de Will estava na cidade. Pareciam amigas de infância. Mas a distância não impedia das duas ficarem se trocando mensagem no WhatsApp, a todo o momento. E no Facebook. E no Instagram. Aliás, por elas, Will e eu já estaríamos casados, prestes a encomendar o nosso primeiro filho. Se não fosse eu colocar uma bela trava nessa bagunça toda.