Finalmente aquela segunda havia acabado. Porém a minha terça não foi melhor. Resolvi entregar meu trabalho de conclusão como estava. Daquele jeito mesmo. Consegui reduzir mais ainda, e finalmente cheguei a 45 folhas. Ok, o máximo era 40. Por isso choraminguei para a minha orientadora que ficaria inconclusivo, sem aquelas cinco folhas. Ela, possivelmente entediada e sem mais paciência para discutir sobre o mesmo assunto, teve que aceitar. Enfim, quase terminei minha faculdade. Faltava apenas a banca a me preocupar. Mas só em dezembro. Um problema de cada vez.
Eu saí da faculdade e não tive coragem de almoçar com as meninas. Ou só com Melissa, afinal, eu duvidava que Alice fosse querer falar comigo. Pelo menos Melissa ainda estava normal. Ela só não havia me atendido naquela hora, porque derrubou seu celular (de novo!) na privada e aquilo me deixou mais aliviada.
Não por ela ter derrubado o celular, claro, mas sim por não estar brava. Você me entendeu.
Mas, mesmo com Melissa me tranquilizando, eu ainda precisava de um ombro amigo, que fosse neutro na história. Primeiro pensei em Alex, mas ele trabalhava na editora, então não seria neutro. Ele conhecia bem Alice, e adorava o seu jeito. Depois pensei em minha mãe, mas, assim como Alex, ela não seria nenhum pouco neutra. Já até sabia o que ela diria "não se preocupe, meu docinho, vai dar tudo certo". Eu estava tão desesperada que cheguei a cogitar falar com a minha irmã de onze anos.
Logo, precisei apelar para meu plano C.
Will. Está ocupado? – S.
Digitei. Mas precisei apertar enviar de olhos fechados, pois se não, não teria coragem de apertar. Alguns minutos depois, veio a minha resposta:
Oi, Baixinha. Na verdade eu ia almoçar no Cheiros e Sabores. Você já está ai? – W.
Eu não podia meter ele nisso. Eu era adulta, poxa. Podia lidar com isso de uma forma madura, sem me queixar. Fui eu quem pisou na bola. Tinha que arcar com as consequências. Isso mesmo, eu não iria envolver Will nessa história.
Porém...
Podemos almoçar em outro lugar? – S.
Eu pensei que ele ia me bombardear de perguntas que, naquele instante, eu não queria responder. Queria apenas um ombro amigo. Apenas isso, uma opinião sincera. Mas será que Will conseguiria suprir aquela minha necessidade?
Sua resposta foi mais rápida e eu me peguei soltando a respiração que nem notara que havia prendido:
Tem uma comida bem legal há três ruas pra baixo. – W.
Eu tive a impressão que ele havia entendido, ou lido minha mente.
Will me encontrou na porta de editora e fomos caminhando até o local. Ele devia ter reparado na minha expressão, porque, ao invés de me perguntar alguma coisa, começou a contar sobre seu dia e dos processos que ele estava fazendo para algumas pessoas de forma voluntariosa, sem cobrança alguma. O único problema era que ele precisava fazer aquilo sem ser no escritório. Lá eles não concordavam em trabalhos voluntários. Particularmente eu achei muito fofo da parte dele. Não imaginei que ele fizesse aquele tipo de trabalho.
Aquilo só servia para me mostrar o quanto eu não conhecia nada a seu respeito, apenas o básico. O mais legal da sua parte foi quando ele não comentou nada a respeito do meu silêncio, nem da forma estranha que eu estava agindo. Talvez ele quisesse me dar o tempo necessário para poder elaborar melhor o que eu queria falar. Ele esperou que eu estivesse pronta. E eu seria imensamente grata por aquilo.
Realmente a comida era muito boa. Eu pedi frango grelhado com acompanhamento, afinal, eu não estava mais comendo carne vermelha. Mesmo sendo um prato muito bom, não consegui comer nem metade, coisa que Will arrematou com o maior prazer. Durante o almoço inteiro, ele me fez rir, e eu quase me esqueci dos meus problemas.
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Um Brinde a Amizade
ChickLitVocês conhecem a rua Onze? Não? Sarah, Melissa e Alice conhecem muito bem. Três garotas com histórias diferentes, porém com uma ligação sem igual. Sarah, a revisora, quer terminar a sua faculdade, se dedicar ao seu trabalho na Krathus e seu lema é n...