"Claro" foi a resposta dele. Ele estava preocupado comigo e insistiu mais uma vez em passar no hospital primeiro. Eu não quis. Não queria ver ninguém e expus isso a ele. Will aceitou, mesmo contrariado. Ele queria mesmo ver se não havia quebrado meu tornozelo. Expliquei que não, que estava doendo pouco. Eu só tinha dificuldade de caminhar normalmente, apenas mancando. Eu sabia que não era tão grave, pois já havia quebrado meu pé uma vez. Sabia como era a dor. Mesmo assim, Will insistiu em me carregar, me posicionando em seu carro como se eu fosse feita de algodão doce. Exagerado.
Assim que entrei em seu sofisticado apartamento, me senti mais calma, protegida. Além de tudo, seu apartamento era bastante acolhedor e tinha o aroma inebriante de Will. Talvez isso tivesse me tranquilizado mais do que o cômodo tipicamente masculino. Para começo de conversa, dei de cara em uma linda lareira, toda trabalhada com pedra, no estilo rústico, ao centro da sala de estar. Que também sustentava uma televisão moderna de sei lá eu quantas polegadas. Só sabia dizer que era grande, muito maior do que a minha humilde televisãozinha. Entrando, mais para dentro do cômodo, me deparei com um belo tapete, preto com detalhes em bege, cujo mesmo ficava em baixo de uma mesinha de centro, amadeirada com vidro em cima. Ela sustentava enfeites em formato de bolas (que eu não sabia exatamente para que servia) junto de dois vasinhos de cactos.
- Eu gosto de cactos. – explicou, quando eu toquei no vasinho, analisando aquela planta exótica.
Larguei o vasinho onde estava e fui me sentar, com a ajuda de Will, em um dos sofás marrons, que formavam um L na sala. As almofadas beges dos sofás estavam espalhadas desorganizadamente. Umas eram listradas com preto e outras lisas, dando um ar sóbrio para o sofá.
Todo apartamento era em conceito aberto, de modo que pude ver Will buscando minha água na geladeira daquela cozinha impecável, também trabalhada no marrom e cinza, pelos aparelhos inox. Mais adiante, entre a sala de estar e a cozinha, ficava uma mesa de oito lugares amadeirada. Talvez aquela fosse a sala de jantar. Nela, especificamente na parede, encontrava-se um quadro grande, rabiscado com linhas, como se o pintor tivesse jogado tinta com o pincel, somente em vermelho vinho, a única cor diferente dos tons marrom e bege daquele lugar.
A cozinha era separada por um murinho, se não me falhava a memória, aquilo se chamava bancada americana, com três banquinhos em baixo, também de madeira, porém com o forro em vermelho vinho. Seria a cor favorita dele?
Ele me entregou a água e começou a mexer no meu pé.
- Ai, isso dói. – reclamei, quando ele virou meu pé para o lado esquerdo.
- Queria saber como estava. – disse, enquanto tirava o celular do bolso do casaco. – Bem, agora você vai ficar aí, quietinha, enquanto eu ligo pro Nick. Ele deve saber o que fazer nesses casos.
- Eu não quero preocupar todo mundo. – disparei, com as mãos espalmadas a sua frente, antes que ele completasse a ligação.
- Não se preocupe, não direi que é para você. Mais tarde vemos isso, ah, oi Nick...
E se afastou.
Eu comecei a ficar mais insegura e já estava pensando na bobagem que eu havia feito. Como eu era daquelas pessoas que, quando nervosas, começavam a andar, me levantei desengonçada do sofá e comecei a zanzar pelo apartamento. Mancando. Will não era bagunceiro, mas também não era impecável. Deixou uma pilha de processos em cima da mesa, o casaco do paletó em cima do sofá, as chaves do apartamento na mesinha de centro, sendo que no hall de entrada havia uma mesinha minúscula exclusiva para isso, com uns ganchinhos escritos "chaves" e essas coisas. Não que eu fosse uma pessoa neurótica por arrumações, minha vida era bem corrida e havia coisas que precisavam permanecer fora de seus lugares, pois eu estava exausta demais para guardar. Como livros, roupas e alguns acessórios femininos.
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Um Brinde a Amizade
ChickLitVocês conhecem a rua Onze? Não? Sarah, Melissa e Alice conhecem muito bem. Três garotas com histórias diferentes, porém com uma ligação sem igual. Sarah, a revisora, quer terminar a sua faculdade, se dedicar ao seu trabalho na Krathus e seu lema é n...