Capítulo 20 - Sarah

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- Me desculpe. – foi o que consegui emitir, depois de um tempo.

Estava claro que toda aquela situação mexera demais com ele. Sua fisionomia era de dor, e ele tinha os olhos marejados. E eu fui a insensível da história. Me colocando em seu lugar, eu senti uma dor monstruosa brotando do meio do meu peito. Eu não sabia o que faria sem Melissa, Alice, minha mãe, Sophia ou Alex. Eram pessoas fundamentais na minha vida e qualquer hipótese de que aconteça algo com algum deles, eu perderia o chão.

Olhei novamente para Will. Ele bancava o forte, trincando o maxilar, olhando para o nada. A força que ele fazia para não desmoronar na minha frente era nítida. Eu não aguentei aquilo. Abri meus braços e o abracei, como se quisesse reconfortar e mandar embora toda aquela dor. Primeiramente, eu pensei que ele fosse resistir, afinal, eu o julguei mal desde o começo. Mas não, ele retribuiu o abraço. A força de seu abraço me mostrava o quanto ele precisava daquilo, ainda mais quando senti seus ombros balançarem de leve. Ficamos lá por algum tempo, até ele conseguir suspirar com mais calma.

- Obrigado. – Will se desvencilhou de mim.

Ficamos em silêncio por mais algum tempo. Até eu me lembrar do quanto eu havia sido infantil e estragado a festa de todo mundo. Me senti completamente envergonhada das minhas ações. Achei melhor já começar me desculpando com as meninas.

- Eu acho que devo avisar a Mel e a Ali que estou bem. Se bem as conheço, estão preocupadas. – limpei o resto de maquiagem em baixo dos olhos, eles deviam estar borrados do meu choro mais cedo.

- Não se preocupe, eu já avisei. Quando passei de carro e te vi sentada aqui.

- Como sabia onde eu estava?

- Não sabia. Nós nos dividimos e eu vim pra cá. – ele soltou um breve bocejo. – Quer aproveitar a noite?

- Como? – perguntei, desconfiada.

- Sendo bem sincero, eu estou bem cansado. Se eu ficar aqui, sentado, vou pegar no sono em cima de você. Você teria que me carregar. – ele riu, mas uma risada mais fraca. – Pensei em caminhar um pouco, enquanto conversamos e depois te deixo em casa. Ou, minha alternativa preferida, você vem comigo até meu apartamento e ficamos lá, juntos. Qual prefere? – brincou com essa última parte. Mas eu não sabia até que ponto aquela brincadeira tinha um quê de verdade.

Eu o encarei como se ele fosse doido. Apesar de querer, e muito, a segunda alternativa, ele não precisava saber disso. Além do mais, não seria nada bom para manter minhas barreiras emocionais. Na verdade, ver Will não estava sendo nada bom para isso também. Com seu jeito encantador, suas gentilezas e declarações, eu estava cedendo cada vez mais aos seus encantos e isso era perigoso. Se eu deixasse assim, talvez chegasse uma hora em que eu não conseguiria negar nada aqueles olhos claros e ardilosos. O problema era que talvez eu até gostasse daquilo.

- Pela sua cara de felicidade posso apostar que será a primeira alternativa. – disse ele, parte rindo, parte desapontado.

Ele devia me achar uma mulher frustrante, com certeza. Mas eu tinha meus limites e os respeitava.

- Will, – eu fui dizendo, enquanto paguei minha conta e saímos caminhando pela rua movimentada, mesmo àquela hora. – eu não sou dessas garotas fáceis, que encontra por aí. Se quiser uma, virando naquela esquina tem uma boate que, com certeza, achará o que você procura.

E eu não me referia a prostituta. E sim a mulheres que não tem problema em transar sem sentir nada. Ficar só por ficar. Eu não conseguia, já Alice, sim. Eu precisava ter um sentimento envolvido, algo que fosse razoavelmente forte. Precisava gostar da pessoa, gostar de estar perto dela. Eu estava descobrindo que tinha tudo isso com Will, mesmo assim, eu estava relutante em deixá-lo entrar na minha vida.

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