Como é que dizem: Nada como o tempo para apaziguar os corações. Só que não. Meu sábado inteiro consistiu em pensar em como Will havia deixado um vazio dentro de mim. O engraçado era que eu já havia ficado sem falar com ele por mais tempo do que naquele momento, porém ele não estava brigado comigo como dessa vez. E fazendo mau juízo de mim, o que era pior. Afinal, aconteceu algo semelhante com uma ex-namorada dele. Bem, ele não me pegou me esfregando com um cara, mas sim em um abraço, completamente despretensioso da minha parte, mas só Deus sabe o que ele estaria pensando naquele momento. Pois ainda não havia ligado o maldito celular!
O fato era, ele estava sofrendo, e eu não queria que ele sofresse. Não queria que ele relembrasse o que acontecera no passado. Uma das coisas que o fez mudar de cidade. Na verdade, boa parte do motivo foi por causa do suicídio da garota, mas e se ele resolvesse adotar aquela tática para esquecer-se dos problemas. Seria imaturo da sua parte, mas quem nunca agiu por impulso antes? Aquilo me assombrou o sábado inteiro. E se ele se mudasse novamente? Eu não suportaria. Até suportaria que ele não me amasse e fosse embora, mas nunca pensando mal de mim. Mal de mim. Eu, que detestava traição até o último fio de meus cabelos ondulados! Que já passei por isso, e não desejava nem ao meu pior inimigo (talvez a Beatriz. Tá certo, nem a ela... feliz?).
Naquela mesma linha, vinha um pensamento decadente atrás de outro. Aquele abraço consideraria, de fato, traição? Estaria catalogado como traição? Não. Não, né? Porque foi um adeus. Nada de sentimentos, pelo menos da minha parte. Da parte de Lucas talvez, mas assim que colocou os olhos na figura gigantesca de Will, logo raciocinou direito. Lucas se amava demais para lutar contra aquele poste de terno. O meu posto de terno.
Oh, Deus, agora estava o chamando de meu, como se fosse minha posse. Minha propriedade. Quem é você e o que fez com Sarah Baron? Cadê aquela garota livre e destemida? Esvaeceu na praia? Levanta e toma uma atitude, mulher! Seja qual for, eu dizia mentalmente a mim mesma, para não surtar.
Beleza, eu tinha duas opções. Apenas duas. Nada mais:
1. Eu me ergueria e lutaria pelo homem que amava. Tentaria explicar para ele, seja como e onde for. Caso ele escutasse toda a história e, mesmo assim, não quisesse nada, eu me daria por vencida e só então, desistiria.
2. Eu me ergueria e deixaria tudo isso pra trás. Como se nada tivesse acontecido e como se ele nem estivesse existido. Nunca ouve encontro. Esbarrões. Beijos. Carícias. Seu hálito provocante. Seus músculos enrijecidos. E... e o que eu estava falando mesmo? Ah, sim. Desistir dele de vez, sem lutar.
Talvez fosse mais confortável a segunda opção. Sabe, trancar tudo, num arquivozinho, lá dentro do nosso coração. Coisa que eu sabia fazer muito bem. Mas eu sabia muito bem também que um dia viria a toda. E não seria nada bonito. Ou saudável. Ou reconfortante. Contudo, a primeira também estava sendo muito constrangedora, porque eu não sabia como fazer e nem por onde começar. Melissa disse que era para eu ir até o apartamento dele, e Alice reforçou dizendo que era para eu estar usando apenas um sobretudo sem nada por baixo. Como se todos os problemas fossem resolvidos por sexo. Só Alice para pensar nisso.
Mas eu não queria forçar a barra, portanto minhas duas alternativas caíram por terra, e veio uma terceira hipótese. Melhor elaborada:
3. Eu o deixaria esfriar a cabeça (morena e linda, por sinal) e quem sabe ele ligasse aquele celular e pudéssemos falar como duas pessoas madura, que éramos.
É. Dessa eu havia gostado mais. Era mais madura, mais correta e, possivelmente, não traria tanta merda quando as duas primeiras. Eu podia fazer isso, de esperar, quero dizer. Não podia? Claro, eu não era nem um pouco impulsiva e imediatista. Claro...

VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Brinde a Amizade
ChickLitVocês conhecem a rua Onze? Não? Sarah, Melissa e Alice conhecem muito bem. Três garotas com histórias diferentes, porém com uma ligação sem igual. Sarah, a revisora, quer terminar a sua faculdade, se dedicar ao seu trabalho na Krathus e seu lema é n...