Capítulo 41 - Sarah

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Quando meu celular despertou, eu quis esmagá-lo com o meu travesseiro. Ou uma bigorna, se eu tivesse uma. Porque eu havia combinado de levantar num sábado tão cedo? Eu queria mesmo, mesmo, virar para o lado e dormir. Mas sabe aquela história de mais cinco minutinhos? Não combinava comigo. Porque os cinco minutinhos viravam dez, que viravam quinze e assim por diante. Portanto, levantei da cama de olhos fechados e cabeça baixa, rumo ao banheiro. Silêncio mortal dentro e fora do apartamento.

Me sentei no sofá quando eu já estava pronta. E quando me dei por mim, Will estava ao meu lado, beijando o meus lábios para me acordar. Eu amava acordar com seus beijos doces. Era parte do motivo de eu ter dado a cópia da chave do meu apartamento a ele. Nicholas também tinha a dele. Nada mais justo.

- Bom dia, raio de sol. – seu sorriso fez meu sorriso se alargar mais ainda. – Eu sabia que ia te pegar dormindo aqui no sofá.

- Quem disse que eu estava dormindo? – disparei. – Estava meditando.

- Sei, claro. Quase babando. – ele riu tão alto que dei uns tapinhas em seu braço para que não acordasse as garotas.

- Eu estava num nível mais profundo da meditação. Mas você não entenderia.

Saltei do sofá e estendi a mão para ele, que ainda ria. Ergueu-se e me roubou um beijo rápido nos lábios, me puxando em direção a porta.

- Então vamos lá, Buddha.

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- Que horas ele disse que vinha mesmo? – perguntei, sentada no colo de Will, pois só havia uma cadeira vazia sobrando, naquela parte do aeroporto.

Eu não me importava nenhum pouco em ficar assim, bem juntinho, dele. Contudo, uma senhora olhava para mim com repugnância. E eu fazia de tudo para não notá-la, o que deixava a senhora mais vermelha de raiva do que nunca. Volta e meia eu escutava um "mas que pouca vergonha". O que eu podia fazer? Estava cansada, com sono e um pouco de fome, porque já havia passado uma hora e meia desde que chegamos e eu só havia tomado um copo de leite.

E eu não era daquelas pessoas fitness que não comiam quase nada pela manhã, ou tomavam apenas um suco verde e saíam lépidas e faceiras, com um pique que até Deus duvidava. Eu não. Eu precisava de substância, de preferência meu carboidratozinho. Por essa razão, eu estava totalmente entediada e desvitalizada. Com um pequeno, mas ácido, mau humor.

- Há meia hora atrás. – respondeu Will, na mesma condição que eu. – Acho que o voo atrasou, que merda. – Além de entediado, Will estava mais nervoso. Olhava o celular a cada minuto.

Por sorte, ele era igual a mim. Digo, nesse ponto de precisava comer alguma coisa pela manhã. Não só alguma coisa, mas um bom café-da-manhã. Visto isso, eu tomei a iniciativa de ir até aquela cafeteria mais afastada – porém dentro do aeroporto –, mas com um ótimo cheirinho de café, e comprar alguma coisa para nós. Meu namorado ficou guardando nosso lugar, enquanto eu ia saltitando, quase voando, para dizer a verdade, sendo sugada pelo aroma inebriante de café e pão quentinho.

Quando voltei com um saco cheio de mini pães de queijo e dois cappuccinos, Will já não estava mais na cadeira, que encontrava-se preenchida por um menino brincando em seu avião de brinquedo. Olhei ao redor e avistei meu poste preferido. Ele estava muito gato com aquele cabelo ainda úmido, sua camisa branca, a qual eu dei a ele uns meses atrás, e o jeans mais surrado, que salientava seu traseiro perfeito. Fui até ele como um ímã, feliz com o cheiro de pão de queijo perfumando o meu nariz, mas ele não estava sozinho. Havia um rapaz ao seu lado. O rosto ligeiramente parecido com os traços marcantes de Will, porém seus olhos eram mais escuros, quase um verde-oliva. Seu cabelo um tom mais claro, não tão negro quanto os cabelos de Will. Sua pele era quase a cor do copinho dos cappuccinos, um branco meio amarelado. Talvez a cor da pele do meu namorado se ele não pegasse sol, principalmente quando jogava futebol com Nicholas, no gramado, ao céu aberto, quase toda semana.

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