15 - "aposto que não se lembra do meu nome".

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(Este capítulo é a contínua do 14 - frio.)

Pov - Genya Shinazugawa.

— ei... Tem certeza que quer caminhar? - fecho rapidamente a porta que logo aberta levava consigo um vento gelado.

—... É sério, você me obrigou a vestir... Espera. - Tokito segura suas mangas, contando quantas blusas vestia. - SETE UNIFORMES PARA APENAS DAR UMA VOLTA, EU NÃO CONSIGO NEM MEXER OS BRAÇOS DIREITO! AGORA VAI ME DIZER QUE NÃO VAMOS MAIS?

Rio, sua voz vai desafinando em quanto fala, tenho que prestar atenção quando desvio de um tapa.

— eu não quero que você fique doente, Muichiro! - coloco a mão em seus ombros, o vejo ficar bravo, mas logo, me encara, parece envergonhado.

Talvez seja pelo toque repentino? Ele reclama mas nunca me impede.

Receoso, tiro as mãos de seus ombros, antes que possa fazer isso por completo, Muichiro segura minhas duas mãos, fica por um tempo e chega até a entrelaçar nossos dedos, sinto minhas mãos começarem a tremer e também começo a suar, logo, ele as coloca novamente em seus ombros.
Eu abro a boca para perguntar o porque dessa feição, mas ele abre antes.

—... Vamos começar a nos chamar pelo primeiro nome, agora?

Arregalo os olhos, rio de primeira, pensando se tinha entendido errado.

— eu te chamei pelo primeiro nome?!

— chamou. - ele desvia o olhar, com uma expressão neutra.

Por mais que esteja normal, sinto nervosismo no seu tom de voz, o conheço muito bem.

— desculpe. - abaixo a cabeça.

— não. Eu acho que... Talvez devêssemos começar a nos chamar pelo primeiro nome. Eu sei que as vezes te chamo por ele, mas é porque me esqueço de seu sobrenome.

—... - o encaro, incrédulo, esperando que ria, mas não ri.

— ah, vamos lá, aposto que também não se lembra do meu! - Muichiro volta a me olhar, levo isso como desafio.

— Muichiro Tokito, o "Mu" em seu primeiro nome, usa o mesmo kanji que pode significar "infinito", mas ao mesmo tempo, pode significar "nada", o "Ichiro", é um nome bem comum entre os japoneses. Já o sobrenome de sua família, Tokito, significa "o tempo se torna cisalhamento" você tem quatorze anos, seu aniversário é dia oito de agosto, e seu signo é leão.

Respiro fundo, recuperando o ar que havia perdido.

Perco novamente todo o ar quando vejo Muichiro sorrir, ele abaixa a cabeça, encarando meus sapatos, em quanto o ouço rir baixinho.

— ... Ei, do que está rindo? - começo a entrar em certo desespero.

— não estou rindo de você, estou sorrindo. - sua voz tem dúvida, fico um tempo pensando, mas levo uma das mãos até seu queixo, assim, levanto seu rosto para que olhe para mim.

Olho seus olhos que brilham, são raros os momentos em que estes olhos mostram brilho, e eu queria os ver muito mais, mais, e mais...

perto... Perto demais...

Volto á realidade quando ouço Tokito sussurrar e o solto, me afastando, passo a mão pelo rosto, tirando os fios de cabelo da testa.

— me perdoe. - tomo coragem para dizer.

— você acha que eu sou o infinito, ou um nada? - ele pergunta, de repente.

Tal pergunta me pega de surpresa, vejo que me encara, como se estivesse implorando por uma resposta.

— o infinito. - tomo um tempo para dizer. - você não é um nada, você é o completo infinito, Tokito.

—... Muichiro, ou melhor, Mui.

— o que?

— me chame de Mui a partir de agora, eu vou te chamar de... Nya.

— o que?! - não consigo dizer muito além disso.

— Nya é mais fácil de lembrar, vou te chamar assim, e você, me chame de Mui.

— Mui... - testo o apelido em minha voz, fazendo uma expressão de nojo logo depois. - não fica bom quando saí de mim, não é?

— nunca ouvi meu nome tão bem-pronunciado. - ele mostra um pequeno sorriso.

Escondo o rosto por baixo das mãos, e também, para esconder meu sorriso. Por que estou me sentindo assim?!

Ouço os passos vindo até mim, para á minha frente, e logo sinto suas mãos por cima das minhas, ele tira minhas mãos de meu rosto, às segura com delicadeza.

— já falei para não esconder seu rosto, não quero me esquecer de você.

— você... Você acha que isso é possível? Sabe? Se esquecer de mim.

— não, não é.

Por favor, diga que me ama! - GenmuiOnde histórias criam vida. Descubra agora