14 - Frio.

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Pov - Genya Shinazugawa.

- eu acabei de reparar... - Tokito começa, já respiro fundo e começo a negar com a cabeça.

- sim, Tokito, o céu é azul, a grama é verde, e as pessoas tem dois olhos. Bom, a maioria delas...

- não, não é isso. - ele para, se ajeitando no futon, em quanto puxa mais dos cobertores para si. -
-... Você não tem sombrancelhas.

Fico quieto por uns cinco segundos, então, me estico e chuto sua perna.

- é sério, devem ser umas três da manhã, você me acorda já que se mexe muito para dormir, e ainda diz essas coisas do nada?!

- eu não te acordei.

- Tokito, estamos em futons separados, e eles estão a uns oitenta centímetros de distância, mas você conseguiu sair dele em quanto dormia e vir até o meu lado, só para ficar me chutando! E outra! Você está roubando minhas cobertas! Volte para seu futon e vamos dormir, por favor!

- ei! A casa é minha, okay? Você é um hóspede, eu posso dormir no futon que eu quiser!

- mas eu estou neste, agora!

- eu não ligo.

-... Que?

- você é muito chato, sabia? - ele vai se arrastando até seu futon, se deitar lá, virado de costas para mim.

- não sou chato, e pare de fazer birra!

Faz duas semanas que o Muichiro conseguiu suas férias, ele ficará quatro meses em casa, ficaria menos normalmente, mas os oni tem dado menos as caras, e o esquadrão de caçadores têm aumentando muito.

Ele disse que eu poderia passar todos esses meses na casa dele, mas que não falaria á ninguém, por causa do Nemi.

Eu aceitei, porque realmente estava entediado e me sentindo sozinho.

Mas se passaram apenas quatorze dias, e parece que eu estou cuidando de uma criança!

Agora, sou eu quem me levanto, vou engatinhando até seu futon e me sento ali, já sentindo o frio do chão.

Têm feito muito frio, estamos no inverno, então é de se esperar, mas do mesmo jeito, as temperaturas são quase negativas, já que moramos nas montanhas, ou perto delas.

Mesmo com a casa toda fechada, e a porta concertada (por Gyomei), Tokito não tem cortinas, nem nada que possa, talvez, nos esquentar um pouco mais.

- não quero papo com você. - Tokito diz, com a cara no travesseiro.

- foi você quem me chamou de chato!

- foi você quem não me deixou dormir no futon!

- mas eu estava lá! As pessoas poderiam achar... Que é outra coisa. - falo a última frase mais baixo, meio envergonhado.

- achar o que? - vejo que se vira e me olha, curioso. Realmente não havia entendido.

-... Nada.

- vai dormir, você fica atrapalhando meu sono!

- Tokito! - começo a falar, mas paro. Talvez seja bom acabar o assunto, poderei dormir.

Volto para meu futon e puxo os cobertores para mim.

[...]

Pov - Muichiro Tokito.

Me levanto e me sento por cima das cobertas, fico por um tempo encarando o nada; me ajuda a acordar.

Levo o olhar para Genya, que dormia em seu futon, ele parece bem mais calmo, quando dorme, não fica com aquela cara irritada de sempre.

Como me lembro das feições dele?

Não quero acordá-lo, mas vejo o sol invadir todo o quarto e o calor do começo do dia começar, talvez possamos sair agora para caminhar, já que sempre fica muito frio depois.

Me viro novamente para seu rosto.

- ei, Shinazugawa. - toco seu braço de leve. -
- pode levantar? Vamos dar uma volta antes que eu me esqueça que queria dar uma volta.

O ouço murmurar, antes que possa colocar a coberta no rosto, seguro seu punho e o faço parar, vejo que ainda permanece com os olhos fechados.

- eu não tenho paciência, sabia? Estou fazendo muito de te acordar desta maneira!

Respiro fundo, me acalmando. Nem sei porque estou com tanta raiva, minhas emoções ficam á flor da pele quando ele está perto de mim...

... É que ele me irrita.

- Genya, é sério, vamos. - começo a apertar um pouco mais seu braço, é aí que o ouço respirar fundo, como se estivesse bufando.

- por que você me maltrata? - ele se senta no futon, em quanto coça os olhos.

- por que sua voz está diferente? - rebato, curioso.

- ... diferente?

- você parece um velho.

Genya limpa a garganta.

- eu acabei de acordar, minha voz fica roca.

- agora parece mais normal.

- que bom. - logo, olha para mim. -
- por que você me acordou, mesmo?

- ah, queria dar uma caminhada, vamos? Vai ficar mais frio a tarde, agora é o único momento em que o sol aparece.

- você tem razão... E mesmo que eu negue, você vai me puxar até lá fora pela orelha, não?

- você me conhece tão bem, Shinazugawa. - falo, ironicamente, logo indo até o armário para pegar minha roupa de frio.

[...]

Por favor, diga que me ama! - GenmuiOnde histórias criam vida. Descubra agora