Por favor, diga que me ama! - Genmui

46 - "As pessoas que recusam cuidado são as que mais precisam."

[Pov - Muichiro Tokito.]

Me descalço e Genya faz o mesmo um bom tempo depois, tive de tomar cuidado para que ele não caísse de cara no chão ao menos trinta e sete vezes por todo o caminho até em casa.

— Ei, amor... - parece que agora este é meu novo apelido, confesso que é diferente, mas prefiro Mui.

— O que foi? - entretanto, não adianta dizer coisas muito complexas agora, então decidi apenas concordar com qualquer coisa que ele falar.

— Nemi não quer que eu... Morra enquanto ele não morrer... - há pausas em sua frase devido aos soluços.

Caminho com Gen até o sofá e finalmente o jogo ali, respiro fundo e passo a mão pelo cabelo, juntando os resquícios mínimos de paciência que ainda me restam.

Agora consigo observar seu rosto com um pouco mais de clareza, a luz do luar que vem da janela bate diretamente em seu rosto corado, fios suados grudam em sua testa e seu sorriso idiota não se desfaz por nada.

Seus olhos também não se desviam de mim há um bom tempo, não consigo deixar de ficar curioso em saber como Genya é enquanto bêbado.

Obviamente vou culpar Sanemi depois, sei que talvez sua intenção não tenha sido ruim, mas deveria ter feito Gen parar assim que ele começou a ficar mais alterado.

— Vamos dormir. - digo de repente, coloco as mãos sob a cintura e aponto com o queixo em direção ao quarto. - amanhã talvez você acorde melhor.

— Eu não quero! - ele bate no sofá e se levanta com dificuldade, fico em alerta para garantir que não caia mas ele se sustenta com as mãos em meus ombros, aproxima seu rosto do meu e me encara profundamente nos olhos. - quero ficar com você, amor...

Sua voz fica mais rouca e arrastada a cada frase que pronuncia.

— Você está com bafo, seu idiota. - reviro os olhos, mas ainda assim brinco com seu cabelo, me distraindo um pouco ali.

— Quer que eu... Escove os dentes?

— Quero que durma, tenho esta opção?

— ... Você é fofo. - ele troca totalmente o assunto, o empurro para que caia no sofá e vou até a cozinha.

Pego água e despejo sob o copo, não demoro a voltar pois não quero mais nenhum machucado grave como foi o da perna, que acabara de se recuperar totalmente.

— Beba água. - pode parecer, mas não faço ideia de como tratar uma pessoa bêbada, não me lembro de conviver com pessoas que bebem, então estou apenas fazendo como se ele estivesse sonâmbulo ou algo assim. - você realmente não pode ficar sozinho com seu irmão, não é? Ou ele te agride ou te faz beber! Que falta de responsabilidade...

— Não fale mal do aniki! - Genya aponta o dedo para mim e pega o copo d'água, bebendo tudo num gole só.

— E não me dê bronca! Quem você pensa que é? - arqueio uma das sobrancelhas, me controlando para não ficar verdadeiramente irritado.

Arregalo os olhos quando sua expressão muda em questão de um segundo, seus olhos se enchem de lágrimas e ele estica os braços, não consigo reagir porque quando percebo, estou sendo abraçado fortemente.

— Me desculpe, Mui! Você tem razão... Me perdoe! - exclama em desespero, me desvencilho e jogo um travesseiro em seu rosto, obviamente sem força alguma.

— Gen, é sério, você precisa voltar à realidade, parece um bebê chorão. - reviro os olhos e limpo suas lágrimas, seu sorriso volta rapidamente.