44 - Lazer.

2.3K 178 276
                                    

[Pov - Muichiro Tokito.]

- Você me amaria se eu fosse uma formiga? - me sento sob a bancada em quanto Genya pega um copo de suco.

- ... Você não está me perguntando isso, certo?

- Por quê? É genuíno.

- Se você fosse uma formiga, acho que não teríamos nos conhecido.

- Eu subiria em você em quanto dorme e entraria dentro do seu nariz.

À este ponto, Shinazugawa está ao meu lado, apoia o cotovelo na bancada e me observa com um sorriso leve no rosto.

- Por que está perguntando essas coisas? - questiona, arqueando uma das sobrancelhas.

- Não sei, estou no tédio e quero ouvir sua voz. - dou de ombros e desço o olhar até sua perna. - você tem certeza que consegue caminhar normalmente?

- Eu disse que sim.

Genya desrespeitou a ordem de Kocho e começou a andar sozinho semanas antes do previsto, eu até tentaria intervir, mas reconheço sua teimosia como ninguém.

- Vou rir da sua cara se essa perna ficar ruim novamente. - digo normalmente e desço da bancada, faço menção de caminhar até a sala mas sou puxado e envolvido num abraço forte.

Demoro, mas retribuo o toque e aperto sua cintura com os braços.

- Por que está com minha camisa? - o maior questiona.

- E por que você está sem camisa? - retribuo na lata, rindo baixo.

Desde que chegou, não consegui deixar de reparar em seu abdômen exposto.

Rio alto quando sou pego no colo e abraço seu pescoço.

- O que foi, Gen? - pergunto com um sorriso no rosto, que é retribuído pelo maior.

- Eu não sei, só quis te carregar.

Nos encaramos por um tempo, até que parecemos pensar na mesma coisa. Shinazugawa me deixa na bancada e pousa as duas mãos na minha cintura, passo as pernas em volta de seu quadril e junto nossos corpos assim como nossos lábios, e em breve, nossas línguas.

Ele vai se inclinando mais e mais, me beija com selvageria e necessidade, em quanto arranho suas costas e subo uma das mãos até sua nuca, a outra fica em seu cabelo, que puxo levemente de vez em quando.

Como vamos lentamente perdendo o ar, Genya ousa dar um fim e faz isso mordendo meu lábio assim que ele se separa dos dele.

Mantemos os rostos perto, não dizemos nada mas talvez nossos olhos digam tudo.

- O que foi? - sussurro contra sua boca.

- Você é tão lindo. - sussurra no mesmo tom que eu.

Apenas rio baixo, já que não tenho certeza de como responder à tal elogio tão repentino.

Justamente por isso, decido não retribuir com palavras, e sim com outro beijo do qual tomo a iniciativa, junto da liderança.

Já havíamos recuperado o fôlego e por isso tenho a certeza de que tal ação foi bem recebida por ambos.

Agora, não consigo deixar de arrepiar quando sua mão passa por baixo da camisa que estou vestindo e traça minha coluna lentamente com o indicador.

Minha pele sempre parece reagir ao seu toque, ainda mais quando ele é repentino.

Pareço perder o ar muito mais rapidamente por isso, mas uma das coisas que mais sei é controlar o fôlego.

Nos separo rapidamente apenas para depositar beijos por toda a região de seu pescoço e clavícula, genuinamente gosto dos sons desesperados que saem de sua boca; a maioria deles, pronuncia meu nome.

Não consigo me conter e mordo seu ombro, sorrio logo após isso e sinto sua mão pousar em minha nuca.

- Você me deixa louco. - Genya sussurra ao pé do meu ouvido, e morde o lóbulo da minha orelha.

- Eu sei, e gosto disso.

[...]

- Mitsuri, Shinobu, Rengoku... - pressiono a mão na testa em quanto mordo o lábio inferior.

- Vamos, Mui! Já foram três! Faltam mais... - Gen conta nos dedos. - Cinco! São cinco?...

- Uzui, Obanai, Gyomei, e Tomioka. - sorrio e cruzo os braços.

- ... Tirando você, ainda falta um. - ele tomba a cabeça para o lado e junta as sobrancelhas, me encarando como se fosse óbvio.

- Não falta, não. - dou de ombros e desvio o olhar, desinteressado. - Já acabou?

- Shinobu ficará muito feliz com seu progresso e sua vontade de fazer lições para memória. Você entende o quão bom isso é para você, não entende, Mui? - parece mudar totalmente de assunto e toca minha bochecha delicadamente, fazendo um carinho abaixo do meu olho com o polegar.

Estamos de pernas cruzadas no nosso futon, a luz do luar é a única coisa que nos serve de clareza, e mesmo assim, os olhos de Genya brilham como nunca.

- Sei que são. Mas me sinto idiota. - suspiro e solto os ombros. - Nunca gostei da ideia de começar com isso, apenas fiz porque você disse que eu melhoraria.

Kocho começou com a ideia de eu fazer pequenas aulas sobre memória, o plano é; Gen me faz perguntas constantes como "quais são os nomes de todos os hashiras?", "que dia, mês, e ano estamos?", "o que comemos noite passada?" e tenho que responder à isso.

De começo, pode parecer fútil e fácil, mas eu...

- Eu não gosto de ser tratado como doente. - admito e baixo a cabeça, brincando com os próprios dedos. - E vocês me tratam assim, as vezes.

Agora, o silêncio parece dominar o local, o único som que pode ser ouvido é quando o mais alto arfa. Sei que ele provavelmente está tentando pensar em uma resposta plausível.

- Mui, isso não é verdade... - sinto um cafuné no cabelo mas ainda sim não levanto a cabeça.

- Eu sei que não. Bom, as vezes tenho minhas dúvidas...

- Eu sei bem quem você é, 'tá bom? Eu sei que não é doente e sei que é muito mais do que isso. - ele toca meu queixo e me faz olhar para seu rosto. - Podemos parar com as lições se você desejar.

- Não, eu... Eu vejo que elas me ajudam as vezes. - por mais que não goste, acabo admitindo certa derrota.

- Você tem certeza? Podemos dar uma pausa. Explico à Shinobu depois.

- Sabe o que quero agora? - passo os braços ao redor de seu pescoço e nos deito sob o futon, me aninho em seu peito e fecho os olhos. - Quero dormir. Com você.

Shinazugawa ri baixo e me abraça de volta.

- Ah. - lembro-me de acrescentar - eu sei sim que esqueci um hashira, e esqueci seu irmão de propósito. Não é como se a existência dele fosse útil para mim.

- ... Ei, Mui! - nós dois rimos.

[...]

Odiei odiei odiei odiei odiei

Por favor, diga que me ama! - GenmuiOnde histórias criam vida. Descubra agora