36 - Aniversário.

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[Pov - Genya Shinazugawa.]

Acordo com batidas na porta e vejo que Mui também parece ter acordado agora.

- ei, posso bater em quem tiver lá? - ele murmura, bocejando logo após.

Olho pela janela e vejo que já é dia, sorrio para Muichiro e me levanto.

- eu já volto, Mui, não precisa se preocupar.

Abro a porta do quarto e sigo em direção até a porta de entrada, que ainda tem aquele buraco enorme na parede.
Bom, ao menos coloquei a porta de volta, certo?...

Me ajeito antes de abrir a porta, e dou de cara com Sanemi.

-... Aniki? - murmuro, dando pequenos passos para trás.

- é... - ele limpa a garganta, dá um passo á frente e entra na casa. - feliz aniversário.

Junto as sombrancelhas, ainda receoso.

- você... Você se lembrou do meu aniversário? - dou um ênfase em "meu", totalmente incrédulo.

- cala a boca. - responde, desviando o olhar.

Ficamos em um silêncio mortal por muito tempo, até que Sanemi se aproxima e para na minha frente, levantando um pouco a cabeça para me olhar.

- você promete que vai calar a boca pelos próximos quinze segundos? - ele pergunta, logo, concordo com a cabeça, por mais que estivesse curioso com o que ele queria dizer.

- só... Não me bata, por favor. - digo quase num sussurro.

Sanemi estala a língua e faz o que eu menos espero. Se minha postura já estava rígida, ela ficou mais ainda quando sinto seus braços passarem por mim e se entrelaçarem em minhas costas.

Ele encosta o queixo em meu ombro e o ouço respirar fundo, então, me aperta um pouco mais.

Eu abro a boca para falar mas lembro que não posso, a próxima coisa que sinto são meus olhos marejados em questão de um segundo.

Meu coração bate muito rápido e parece que sou trazido á mesma época em que éramos irmãos, todos nós. E quando vivíamos juntos antes de tudo acontecer.

Sou trazido até o sentimento de conforto que eu não sentia há muito tempo, o conforto parental... Também sinto o cheiro do Nemi, o cheiro que eu sentia apenas quando dormíamos juntos para não ficarmos com frio.

Me permito também suspirar e relaxar o corpo, passo os braços por seus ombros e o abraço de volta.

Ficamos quietos, mas agora é um silêncio reconfortante, nenhum de nós quer falar algo, apenas ficamos ali, daquela forma, nem sei por quanto tempo.

- você... eu... - ele sussurra de forma embaralhada, ainda me abraçando. - talvez possamos sair por aí, você... escolhe algo e eu compro.

Acho que fico por muito tempo parado já que Sanemi se separa de mim e me encara confuso.

- ah... Desculpe, me distraí. - rio, sem graça. - eu acho que podemos ir, sim... Eu só preciso avisar o...

- eu vou também. - sou interrompido e tomo um susto com Tokito que aparece atrás de mim.

Nemi suspira, e lança um olhar assustador á Mui, estou no meio da guerra e não sei o que fazer.

- .... 'Tá, está bem, bora logo. - Aniki diz depois de uma longa troca de olhares com Muichiro, e parece que ele venceu.

Tokito segura minha mão quando meu irmão saí de casa e vira caminho á varanda.

- bom dia. - ele sussurra, com um sorriso no rosto, segura minha nuca e fica na ponta dos pés, me puxando para um beijo rápido.

- bom dia. - sussurro no mesmo tom depois de nos separarmos.

O menor então veste seus calçados e segue até Nemi.

- eu devo comentar sobre ele estar vestindo minhas roupas ou... - apenas desisto e também vou até eles.

[...]

- é sério, Genya?! - Sanemi exclama, cruzando os braços. - você não quer nada?! Por que é tão difícil de agradar?!

- ele é, mesmo! - Muichiro concorda, fazendo a mesma pose do meu irmão. - é modesto demais e não aceita nada!

Encaro os dois, sentindo vontade de rir por estarem com a mesma cara de bravo e a mesma posição.

- tudo bem... Me desculpem! - ergo as mãos, para me defender. - é só que vocês não precisam fazer isso por mim!

Desvio de um tapa do meu irmão.

- ei, não bate nele! - Tokito diz.

- ele me irrita! - meu irmão responde. - e você, pirralho? Não deu nada ao Genya?

- dei, sim.

Começo a encarar Mui, na tentativa de tentar fazê-lo parar de falar.

- sério? O que você deu? - Sanemi realmente parece curioso.

- ei, Mui, eu acho que... - chego a tentar interromper mas não consigo.

- tomei um banho com ele.

- ...

- ...

- ...

- você tomou banho com ele?... - Nemi finalmente quebra o silêncio, mas sussurra entre dentes.

- sim. - Tokito responde, dando de ombros.

[...]

Desisti de correr atrás dos dois quando Nemi começou a correr atrás de Mui, apenas me sento em um banco e espero que voltem em quanto assisto ao pôr-do-sol.

Me permito respirar fundo; foi muito estranho meu irmão ter falado comigo e ainda ter oferecido um presente, não tive coragem de pedir nada, nem de conversar muito com ele. Mas fico feliz de Muichiro ter nos acompanhado, querendo ou não, isso deixa tudo mais fácil.

... Bom, eu acho que gostei do meu aniversário.

Uma ideia me aparece na mente e não consigo deixar de me levantar e ir rapidamente até lá.

[...]

- oi, irmãos. - sussurro, me ajoelhando á frente das lápides. - como vocês estão? Hoje é meu aniversário. - sorrio, sem graça. - Aniki queria me dar um presente e ele até me abraçou, me senti muito feliz.

Não sei por que, mas espero que eles respondam algo.

- eu estou feliz, de verdade. Tenho pessoas em quem confiar por mais que sejam poucas e estou muito agradecido á droga que Nemi deve ter ingerido para ficar legal comigo. - rio, e paro para encarar cada túmulo malfeito.

- sinto falta de vocês, irmãos. - murmuro, respirando fundo. - sinto muita a falta de vocês e da mamãe... Eu queria ouvir para sempre a voz de todos vocês, mas eu esqueci. É louco dizer isso, mas esqueci da voz de vocês, do toque, do cheiro. E do mesmo jeito, eu sinto muita saudade disso tudo. Espero que estejam bem aí em cima, por em quanto, eu vou me virar aqui em baixo, cuidem de mim e do Sanemi, por favor.

Converso com eles por mais um tempo, até que começa a escurecer e decido ir embora.

Com certeza tornarei um hábito a caminhada até o túmulo de meus irmãos.

[...]

Por favor, diga que me ama! - GenmuiOnde histórias criam vida. Descubra agora