Era noite em Belo Horizonte e os associados da Rios Corretora e C&A estavam reunidos em sua habitual reunião trimestral.
O local escolhido para o jantar/reunião era um conhecido restaurante da capital mineira e ali estavam várias pessoas a comer, a sorrir e também a escutarem a boa música ao vivo que era ofertada.
- aqui é incrível. - disse a simpática Sarah.
- e essa música é linda. - respondeu Thaís.
A música que encantou as jovens funcionárias da corretora era "A noite mais linda".
- boa noite senhores e senhoras. - a garçonete do local se aproximou da mesa. - Espero que tenham uma noite agradável e a qualquer momento podem nos chamar.
- quero mais uma dose de whisky. - disse o diretor da empresa que estava ao fundo no lugar mais escuro da mesa.
- sim, senhor. Um instante. Com licença. - e se retirou.
- ela é tão bonita para estar nessa posição. - enfatizou Guilherme para seu amigo.
- não prestei atenção. - disse seco.
- ah não... E agora está cego também Rodolffo?
- não sou como você que não pode ver uma mulher na frente da cara.
- deixa de ser estúpido. Admita que a muié é gata... Eu pegaria fácil.
- cê é casado porra... Respeita sua mulher.
- ah vá... Cê tá um chato completo.
- não me faça ir embora antes do tempo. Sabe que estou aqui obrigado e por aparências.
- Sarah tá toda toda pro seu lado.
- e daí?
- não pega?
- não... Não pego nenhuma mulher que eu tenha que olhar na cara de novo.
- resumo: só pega garota de programa.
- não é da sua conta. Minha vida sexual não te diz respeito.
- quando foi que cê se tornou assim? Frio e calculista?
- não me encha Guilherme.
A noite seguiu seu fluxo e pouco a pouco o restaurante foi ficando vazio. Mas Rodolffo ainda permanecia ali mesmo depois dos inúmeros pedidos de Sarah para irem embora.
- vai mesmo ficar aqui sozinho?
- já te falei que pode ir. Sou acostumado com a solidão, esqueceu? - ele respondeu de forma seca.
Sarah saiu dali decepcionada com o homem, já que seu plano tinha ido completamente para o ralo.
...
O restaurante tinha que ser fechado e sobrou para a garçonete novata a tarefa de ir até aquele homem comunicá-lo do horário.
- saiba conversar com ele, o senhor Rios é nosso cliente vip. Você é novata, mas sabe usar bem as palavras.
Juliette caminhou até o homem que ali estava sentado e ele se pôs de pé ao vê-la se aproximar.
- olá senhor... - ela começou de forma simpática.
- eu já sei. - ele disse de forma fria.
- mas eu não disse nada... - ela sorriu sem graça.
- estava aqui esperando que vinhesse me dizer que o restaurante está fechando.
- então, desejamos um ótimo fim de noite ao senhor e que volte sempre. - ela disse com um enorme sorriso no rosto.
- quanto quer para terminar a noite comigo?
- como senhor? - o sorriso que ela tinha nos lábios murchou e deu lugar a um semblante assustado.
- calma... - ele deu um sorriso sem mostrar os dentes. - Não vou fazer nada que não queira.
- desculpe senhor... Mas eu não presto esse tipo de serviço.
- eu sei que não. - era a primeira vez que Juliette via o seu sorriso. - É justamente por isso que eu quero te ajudar. Sei que precisa de dinheiro.
- não senhor. Não estou em busca de ajudas, já tenho meu trabalho.
- todo mundo tem um preço... Qual o seu? Eu serei generoso.
- pareço uma garota de programa? Eu nunca imaginei que tinha nada em comum com uma.
- e não tem mesmo.
- e o quê viu em mim?
- nada. Cê só tem o quê eu quero de carne, osso e calor, e também umidade.
- o senhor é perverso.
- olhe... Não diga o quê não sabe. Te dou a chance única de ficar comigo... Veja que pouquíssimas mulheres tem esse prazer.
- se o senhor falar um pouco mais alto vão nos ouvir. Preciso ir.
- dez mil reais e não precisa se mover, só deita e relaxa.
- sangue de Cristo tem poder. - ela disse alarmada. - quem paga tudo isso para uma mulher ficar parada?
- eu não pago comumente, mas se você aceitar estou disposto a pagar.
- boa noite senhor. Passe bem. - seus passos foram rápidos e logo o seu chefe veio no seu encalço.
- o quê ele tanto falava contigo?
- besteiras. Esse seu cliente vip é muito estranho.
- tenha respeito por ele.
- eu tive... Eu te juro que tive.
- ela é uma excelente funcionária. Merece um aumento Armando.
- ôh Rodolffo, é tão raro te ver assim tão bem.
Juliette olhou para o homem que estava parado na porta da saleta dos funcionários. Ele usava uma roupa toda preta e Juliette sentiu um pouco de medo de seu olhar penetrante para ela.
- os senhores são amigos?
- é... - disse Armando coçando a cabeça.
- de longas datas. - respondeu Rodolffo.
Juliette se sentiu enganada pelo próprio patrão e percebeu que ali não seria um bom lugar para continuar trabalhando.
- bem senhores, boa noite.
Boa noite, eles responderam juntos.
Ela saiu e Rodolffo foi atrás.
- quer uma carona?
- nem pensar senhor.
- cê é custosa.
- não sou tonta e não estou a venda.
- hoje não... Quem sabe amanhã.
Juliette sentiu ainda mais medo dele e empreendeu uma leve corrida para se afastar do homem. Porém sentiu uma mão forte segurar o seu braço.
- se não quiser o pagamento podemos apenas nos divertir... Que mal tem nisso?
- não quero dinheiro e nem diversão. Quero que me deixe em paz. Se não vou ter que te denunciar por assédio.
Ele soltou o braço de Juliette.
- me desculpa. Essa não foi a intenção, te juro.
- posso ir em paz, sem ser seguida?
- vá.
Juliette saiu a passos largos e logo não avistou mais o homem que te despertou medo em seu coração.
...
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O solitário
FanfictionUm homem solitário, conformado e acomodado com sua condição. Ele leva a vida no automático e é extremamente metódico, tudo gira em torno de si e assim ele acha que está feliz. Mas até quando?