Capítulo 01

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Era noite em Belo Horizonte e os associados da Rios Corretora e C&A estavam reunidos em sua habitual reunião trimestral.

O local escolhido para o jantar/reunião era um conhecido restaurante da capital mineira e ali estavam várias pessoas a comer, a sorrir e também a escutarem a boa música ao vivo que era ofertada.

- aqui é incrível. - disse a simpática Sarah.

- e essa música é linda. - respondeu Thaís.

A música que encantou as jovens funcionárias da corretora era "A noite mais linda".

- boa noite senhores e senhoras. - a garçonete do local se aproximou da mesa. - Espero que tenham uma noite agradável e a qualquer momento podem nos chamar.

- quero mais uma dose de whisky. - disse o diretor da empresa que estava ao fundo no lugar mais escuro da mesa.

- sim, senhor. Um instante. Com licença. - e se retirou.

- ela é tão bonita para estar nessa posição. - enfatizou Guilherme para seu amigo.

- não prestei atenção. - disse seco.

- ah não... E agora está cego também Rodolffo?

- não sou como você que não pode ver uma mulher na frente da cara.

- deixa de ser estúpido. Admita que a muié é gata... Eu pegaria fácil.

- cê é casado porra... Respeita sua mulher.

- ah vá... Cê tá um chato completo.

- não me faça ir embora antes do tempo. Sabe que estou aqui obrigado e por aparências.

- Sarah tá toda toda pro seu lado.

- e daí?

- não pega?

- não... Não pego nenhuma mulher que eu tenha que olhar na cara de novo.

- resumo: só pega garota de programa.

- não é da sua conta. Minha vida sexual não te diz respeito.

- quando foi que cê se tornou assim? Frio e calculista?

- não me encha Guilherme.

A noite seguiu seu fluxo e pouco a pouco o restaurante foi ficando vazio. Mas Rodolffo ainda permanecia ali mesmo depois dos inúmeros pedidos de Sarah para irem embora.

- vai mesmo ficar aqui sozinho?

- já te falei que pode ir. Sou acostumado com a solidão, esqueceu? - ele respondeu de forma seca.

Sarah saiu dali decepcionada com o homem, já que seu plano tinha ido completamente para o ralo.

...

O restaurante tinha que ser fechado e sobrou para a garçonete novata a tarefa de ir até aquele homem comunicá-lo do horário.

- saiba conversar com ele, o senhor Rios é nosso cliente vip. Você é novata, mas sabe usar bem as palavras.

Juliette caminhou até o homem que ali estava sentado e ele se pôs de pé ao vê-la se aproximar.

- olá senhor... - ela começou de forma simpática.

- eu já sei. - ele disse de forma fria.

- mas eu não disse nada... - ela sorriu sem graça.

- estava aqui esperando que vinhesse me dizer que o restaurante está fechando.

- então, desejamos um ótimo fim de noite ao senhor e que volte sempre. - ela disse com um enorme sorriso no rosto.

- quanto quer para terminar a noite comigo?

- como senhor? - o sorriso que ela tinha nos lábios murchou e deu lugar a um semblante assustado.

- calma... - ele deu um sorriso sem mostrar os dentes. - Não vou fazer nada que não queira.

- desculpe senhor... Mas eu não presto esse tipo de serviço.

- eu sei que não. - era a primeira vez que Juliette via o seu sorriso. - É justamente por isso que eu quero te ajudar. Sei que precisa de dinheiro.

- não senhor. Não estou em busca de ajudas, já tenho meu trabalho.

- todo mundo tem um preço... Qual o seu? Eu serei generoso.

- pareço uma garota de programa? Eu nunca imaginei que tinha nada em comum com uma.

- e não tem mesmo.

- e o quê viu em mim?

- nada. Cê só tem o quê eu quero de carne, osso e calor, e também umidade.

- o senhor é perverso.

- olhe... Não diga o quê não sabe. Te dou a chance única de ficar comigo... Veja que pouquíssimas mulheres tem esse prazer.

- se o senhor falar um pouco mais alto vão nos ouvir. Preciso ir.

- dez mil reais e não precisa se mover, só deita e relaxa.

- sangue de Cristo tem poder. - ela disse alarmada. - quem paga tudo isso para uma mulher ficar parada?

- eu não pago comumente, mas se você aceitar estou disposto a pagar.

- boa noite senhor. Passe bem. - seus passos foram rápidos e logo o seu chefe veio no seu encalço.

- o quê ele tanto falava contigo?

- besteiras. Esse seu cliente vip é muito estranho.

- tenha respeito por ele.

- eu tive... Eu te juro que tive.

- ela é uma excelente funcionária. Merece um aumento Armando.

- ôh Rodolffo, é tão raro te ver assim tão bem.

Juliette olhou para o homem que estava parado na porta da saleta dos funcionários. Ele usava uma roupa toda preta e Juliette sentiu um pouco de medo de seu olhar penetrante para ela.

- os senhores são amigos?

- é... - disse Armando coçando a cabeça.

- de longas datas. - respondeu Rodolffo.

Juliette se sentiu enganada pelo próprio patrão e percebeu que ali não seria um bom lugar para continuar trabalhando.

- bem senhores, boa noite.

Boa noite, eles responderam juntos.

Ela saiu e Rodolffo foi atrás.

- quer uma carona?

- nem pensar senhor.

- cê é custosa.

- não sou tonta e não estou a venda.

- hoje não... Quem sabe amanhã.

Juliette sentiu ainda mais medo dele e empreendeu uma leve corrida para se afastar do homem. Porém sentiu uma mão forte segurar o seu braço.

- se não quiser o pagamento podemos apenas nos divertir... Que mal tem nisso?

- não quero dinheiro e nem diversão. Quero que me deixe em paz. Se não vou ter que te denunciar por assédio.

Ele soltou o braço de Juliette.

- me desculpa. Essa não foi a intenção, te juro.

- posso ir em paz, sem ser seguida?

- vá.

Juliette saiu a passos largos e logo não avistou mais o homem que te despertou medo em seu coração.

...

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