Capítulo 44

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O nosso ritual de amor era tão bom... Era tão intenso e verdadeiro. E depois de tudo, tomar banho juntos era um hábito saudável entre nós.

- eu fui tão feliz hoje... - ela me disse com os olhos marejados.

- então não chora...

- mas é de alegria. Eu nunca tive uma festa de aniversário. Queria tanto que minha mãe estivesse aqui ou que eu pudesse vê-la uma vez mais.

- amor... Não fica triste. É você quem é forte aqui, esqueceu?

Falava isso enquanto ensaboava sua barriga e a região do seu colo.

- estou tão realizada... - ela disse parando minhas mãos. - e sei que daqui um tempo estarei muito mais.

- quer adiantar o processo? - perguntei colocando a cabeça entre seu pescoço.

- mas eu te prometi um tempo...

- eu já acostumei com a ideia...

- mas você não consegue se empolgar. E a gente tem que ter fé no processo. Apesar de ser um método eficiente, não é assim tão fácil. As vezes, a fertilização demora e é algo complexo.

- e esse doador... Não vai tomar ele da gente né?

- de nenhuma forma e graças a Deus tem vários homens parecidos contigo por aí... Nisso não teremos problemas.

Me calei e liguei o chuveiro mais forte.

- não se sente feliz com a inseminação... Eu sei que não.

- queria que fosse de nós dois e não de um estranho. Só que a culpa é toda minha.

- não fica assim... Por favor.

- quando a gente voltar de viagem, se for da sua vontade, podemos começar o tratamento.

- você vai amar Rodolffo... Não vê o Guilherme como tá feliz?

- sei que vou ficar feliz por que se você está feliz, eu também estou...

Terminamos o banho juntos e depois vestimos algo leve para dormir.

- estou sem sono. Quer tomar um vinho com sua aniversariante?

- cê já tomou uma taça hoje Juliette... Lembra da gastrite que te fez passar mal durante a semana passada. O médico proibiu o álcool.

- só uma... - ela disse me dando um selinho.

- eu vou buscar... - disse já me levantando.

- deixa que eu vou.

Ela desceu ligeira para a cozinha e estranhamente estava demorando mais que o normal.

...

Coloquei gelo num recipiente enquanto buscava um vinho na adega. Eu era baixa para pegar as  coisas no armário suspenso e óbvio que usava um banquinho para me ajudar a pegar a bebida.

- não deveria correr riscos desnecessários. - ouvi a voz dele e olhei para baixo.

- é rapidinho e Rodolffo não tá vendo. - disse sorrindo. - se ele ver, surta.

- mas é dever dele cuidar de você e acho que ele tem se saído bem no papel.

Consegui capturar a garrafa e desci com cuidado dali.

- deu tudo certo e ele não viu... - disse ainda rindo.

- não deveria beber isso.

- hoje é meu aniversário então pode. Eu pensei que não ia te ver mais.

O solitário Donde viven las historias. Descúbrelo ahora