Rodolffo me beijou e todo o meu corpo ficou em chamas por ele. Nos separamos por falta de ar e me senti triste quando seus lábios desgrudaram dos meus.
Seu semblante ficou sério e ele não me disse muitas palavras.
- precisamos ir... O cachorro tá trancado no carro.
Suas mãos fortes colaram na minha cintura e ele me tirou das águas profundas.
Não demoramos para chegarmos até o carro e meu filhote estava chorando.
- cheguei amor. Estou aqui lindo. - disse o pegando no colo.
Realmente meu bichinho estava que era só barro.
- ele sujou o carro inteiro. - disse olhando para Rodolffo que me olhava de um jeito estranho.
- não tem problema, acho que é bom tirar o barro dele, se não vai ser ruim, já que ele ainda é muito pequeno.
- sim... Você tem alguma toalha que eu possa enxugar ele?
- tenho.
Ele abriu sua bolsa e tirou de lá uma toalha preta e me deu.
- até a sua toalha é preta?
- gosto da cor preta Juliette. - ele me disse de forma seca.
Não disse mais nenhum palavra, sai com pitico para tirar o barro do seu pelo.
Estava terminando de limpá-lo e já usava a toalha nele, quando Rodolffo chegou perto de mim de forma esquisita.
- por que não me empurrou? Você deveria ter feito isso. Eu sou um homem casado. - ele me olhava com raiva.
- casado? - perguntei com certo desdém na voz.
- ainda devo fidelidade a Das Dores. Ela era minha esposa.
- pois se você deve, você que pague. Não coloque pecados na minha conta sem que eu os tenha.
- não devia corresponder a beijos de um homem casado. Então não sou pecador sozinho.
- de onde tirou a ideia que é casado? É mais um devaneio da sua mente atormentada? Por que até onde sei você nunca foi casado com mulher alguma.
- eu já te contei que fui casado com Camila e com Das Dores. Agora está caçoando delas e de mim?
- não... Mas você não casou com nenhuma delas. Você teve oportunidades reais de tornar cada uma sua esposa, mas não fez.
- eu ia casar com Das Dores, assim que a gente vinhesse para o Brasil.
- desculpinha esfarrapada. - disse enquanto enrolava meu pequeno na toalha. - não casou com Das Dores no México por que não quis e por que não a amava de verdade. Estava com ela por comodismo. - falei sentando no chão e ele ficou de pé a me observar.
- você não tem propriedade para me dizer isso. - ele acabou sentando também.
- não? Pode ser. Mas ninguém vai morar com outra pessoa em uma semana e diz que a ama e é real, a vida não é um conto de fadas. Das Dores, pela sua descrição, era uma moça sem muitas ambições e se juntar a ti foi cômodo... Você se juntar a ela também foi cômodo. Não haviam questionamentos ou algo que impedisse. Seu coração acelerava quando a via?
- não sou nenhum adolescente Juliette... Isso fica para jovens como você.
- nada disso, só há amor se houver emoção, se não houver, amor não é. E eu sinto em te dizer que sua bebê não morreu no parto. - disse o encarando.
- não pode afirmar isso Juliette.
- como vocês dois com mais de 30 anos negligenciaram o fato de Das Dores ter sofrido uma queda e não procurou um hospital para verificar a bebê? Isso é inadmissível.
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O solitário
FanfictionUm homem solitário, conformado e acomodado com sua condição. Ele leva a vida no automático e é extremamente metódico, tudo gira em torno de si e assim ele acha que está feliz. Mas até quando?