Nessa noite não bebi. Queria estar sóbrio para dormir e quem sabe sonhar com o meu pai. Sentia falta de seus conselhos e só queria um apenas.
Dormi pesado e não sonhei nada, mas acordei me sentindo melhor que ontem.
Tomei meu banho, vesti minha roupa social de costume e me arrumei por completo descendo em seguida para tomar o meu café da manhã.
- bom dia Maria. Que cheiro bom. O quê cê tá fazendo aí?
- bom dia senhor. Estou fazendo panquecas.
- isso é excelente.
Depois de muito tempo sem comer nada que fosse substancial pela manhã, hoje fiz um lanche que me deixou revigorado.
- Maria quero te pedir para fazer algumas adaptações no meu quarto.
- e quais são?
- troque as cortinas escuras por cortinas claras, também troque toda a minha roupa de cama, deixe as janelas arejadas e por fim use um bom aromatizador de ambientes nele.
- tá bem. Pode deixar que farei isso. Fico feliz que o senhor está saindo um pouco da escuridão.
- talvez eu precise.
...
Segui meu caminho habitual até a empresa e trabalhei a manhã inteira. Já era horário de almoço quando Thaís foi até meu escritório.
- são papéis que o senhor precisa assinar.
- Thaís, está livre hoje?
- hoje?
- a noite?
- estou sim.
- janta comigo?
- ah sim. Eu aceito. - ela nem tentou parecer difícil e me deu um sorriso cheio de dentes.
- mande para mim o seu endereço por e-mail que eu te busco as 8 horas de hoje. E por favor, discrição.
- sim... Tudo bem.
Ela pareceu tão animada que até ficou vermelha. Não deu dois minutos o e-mail com o endereço dela chegou para mim.
Em seguida entrou Guilherme na minha sala.
- tá aqui suas encomendas da farmácia.
- obrigado. - peguei o pacote de suas mãos.
- agora eu botei fé. Vai sair hoje? - ele perguntou curioso.
- vou sair.
- acompanhado?
- também.
- é bom te ver de volta soldado.
- quero que dê entrada no aviso prévio de Thaís, será entregue amanhã.
- hein?! Porquê? Ela é uma ótima secretária.
- eu sei que é e serei generoso com ela.
- e por que vai demiti-la.
- advinha?
- vai sair com ela?
- não quero mais vê-la aqui. É simples e objetivo. Depois do quê acontecer hoje, ela tem que sumir.
- acho essa sua frieza muito desumana. Puta que pariu ninguém é assim.
- eu sou e esse é o meu jeito de evitar sofrimentos Guilherme, aprenda comigo.
...
Busquei Thaís as 8 e a levei para jantar no mesmo restaurante que tinha ido nas últimas noites e confesso que deveria estar prestando atenção na mulher que eu ia possuir em breve, mas só conseguia ficar de olho na garçonete.
- você ouviu o quê eu disse? - Thaís me perguntou algo que eu não fazia questão do que se tratava.
- repita por favor.
- vai me levar pra sua casa ou vai ser na minha?
- cê quem decide.
- tá bom. Tenho que ir ao banheiro e quando eu voltar podemos ir.
- humrum.
Não estava muito interessado nas tagarelices de Thaís e sim por que ela havia sumido do salão. Resolvi sair da minha mesa e ir procurá-la, a encontrando no quarto dos funcionários.
- o quê houve? - perguntei ao vê-la assoprar a mão.
- me queimei. - ela disse me olhando. - o quê faz aqui?
- deixa eu ver isso... - tentei me aproximar, mas ela se esquivou.
- tá tudo bem, foram só dois dedos.
- eu só quero te ajudar.
- não quero ajudas, já falei para o senhor sobre isso.
Fechei a porta atrás de mim e a olhei de forma firme.
- chega disso... Já pedi para não me chamar de senhor. Eu tenho um nome Juliette.
- pare de falar algo. Você é muito escandaloso, sabia? Agora eu tenho que ir.
- ir pra onde com a mão queimada?
- tenho que trabalhar mesmo assim.
- por que é tão teimosa? - disse segurando o seu braço impedindo que ela seguisse.
- me solte, por favor. - ela disse olhando nos meus olhos firmemente.
- e por que é tão linda? - soltei o seu braço, mas juntei seu corpo no meu a segurando pela cintura.
- não... Não... Faça isso. - ela disse com a voz um pouco trêmula.
- eu te quero e não consigo disfarçar isso. Uma única vez e eu te deixo em paz para sempre.
- o... - coloquei meu dedo nos seus lábios e fiz massagem ali, fazendo ela se calar.
- tem uma boca linda demais... Quero um beijo seu.
Percebi sua respiração ofegante e ela não me disse uma palavra sequer. Colei seus lábios nos meus e fiz alguns movimentos consecutivos, antes de pegar o seu queixo e abrir sua boca para dá passagem a minha língua. Senti o choque que ela teve com a invasão e a segurei firme enquanto explorava sua boca. Seu beijo era diferente de outros que já provei, mas não foi menos bom, muito pelo contrário.
Vi seus olhos envergonhados quando nos separamos.
- não vou me vender para você... Não vou. - ela disse me apontando um dedo.
- tudo bem.
- então por que não me deixa em paz?
- ei... Foi tão ruim assim?
- não quero que lembre disso ou fale disso para ninguém. Isso não aconteceu ouviu bem? - ela tinha uma fúria implacável nos olhos. - se fizer isso de novo, vou te denunciar. - ela ameaçou.
- essa reação é bem diferente. - sorri com um certo desespero.
- não quero te ver nunca mais. - ela saiu batendo a porta.
Ela me odeia, conclui. Senti que a noite havia acabado e retornei para minha mesa.
- onde você estava? - me perguntou Thaís.
- tomando um ar... Vamos?
- lá pra casa ou pra sua? - ela perguntou sorridente.
- te deixo na sua e vou para a minha.
- como assim?
- sem mais questionamentos Thaís. Vamos.
A Thais ficou claramente chateada por que eu não quis nada com ela e eu estou desapontado comigo mesmo. Sai com uma, beijei outra que não queria me beijar e acabei sozinho de novo.
...
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O solitário
FanfictionUm homem solitário, conformado e acomodado com sua condição. Ele leva a vida no automático e é extremamente metódico, tudo gira em torno de si e assim ele acha que está feliz. Mas até quando?