Capítulo 35

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Nosso vôo foi tranquilo e quando chegamos em Fortaleza pegamos um carro para ir até a casa de praia que ficaremos essa semana.

- já sinto o cheirinho do mar. - Juliette disse empinando o nariz perfeito.

- não estamos tão perto do mar assim.

- mas eu estou ansiosa para ouvir o barulho e pisar na água.

- longe da água mocinha.

- nada disso. Amanhã vamos entrar e tomar um banho gostoso.

- no raso...

- pare de tentar me proteger de tudo... Eu quero viver e realizar os meus sonhos.

- quero realizar todos os seus sonhos.

- eu sei que vai me ajudar a realizar todos eles. Dê partida. Quero chegar logo.

Ela parecia eufórica e ao entrar na casa percebi que ela realmente estava.

- aqui é lindo... E lá está o mar. Podemos ir lá agora?

- está escuro amor... Melhor deixar pra amanhã.

- por que ainda está tenso? Deveria estar feliz.

- eu estou feliz Juliette.

- seu olhar não demonstra felicidade.

- amor... Hoje é nossa noite de núpcias mas não precisamos ter pressa... Eu não vou te pressionar a nada.

- é por isso que está tenso? Amor eu quero, me sinto pronta, vem aqui.

Ela me levou até o quarto e me colocou sentado na cama, enquanto abria sua bolsa de mão. Eu via ela retirar algumas coisas dali e ela voltou com as coisas na mão.

- eu te disse que ia uma consulta, lembra?

- lembro.

- eu fui na ginecologista e ela me deu algumas coisas que podem nos ajudar hoje.

- ela te explicou para quê servem essas coisas? - falei tentando controlar o coração.

- esse gel aqui é para massagem e serve para estimular também, a sensação quente frio que ele trás também pode ser aplicado em outros locais, ela me garantiu que não faz mal nenhum a mim ou a você. Já esse é um lubrificante a base d'água e serve para nos ajudar no quê temos que fazer. E isso são camisinhas, é para prevenir que eu fique grávida na lua de mel. - ela riu enquanto dizia isso. -  Eu disse que não queria, mas ela insistiu.

- gostou da sua consulta?

- muito. Ela é uma médica super humana e não me julgou em nada. Só não gostei da insistência dela para eu  escolhesse um método anticoncepcional. Ela disse que eu deveria colocar um diu assim que perdesse a virgindade.

Engoli em seco a cada nova revelação.

- e você disse o quê?

- que por agora não quero nada disso. Não quero me pressionar a ingerir ou inserir nada em mim.

- não precisa de nada disso.

- tem outros métodos de prevenção menos invasivos, eu sei.

- quer que eu use camisinha? Usarei com certeza. - falei pegando uma de sua mão.

- na verdade acho que não quero que use isso.

- mas... - tentei falar.

- quero que a vontade de Deus seja feita. Sem pressa, só entregar nas mãos dele.

- Juliette... - inspirei fundo e senti que era hora de contar que não precisamos de prevenção nenhuma contra bebês.

- ouça amor... - ela disse levando minha mão até sua barriga. - Quero muito que tenhamos um bebê. Eu sei que quando a gente não tinha nada você falou que não teria mais filhos, mas saiba que eu espero que tenha mudado de ideia.

- eu não mudei de ideia Juliette.

- até me ver grávida. No dia que eu te der a notícia, você vai ficar feliz.

- você sabia que engravidar é um risco de vida muito alto? Você tem noção do que é isso? Ou só ver o lado romântico?

- eu sei que tem riscos, mas eu sou saudável e sei que vou conseguir.

- não quero que corra um risco tão grande.

- mas eu quero correr e você não vai me impedir de viver isso.

A olhei e percebi que essa conversa estava sendo feita de forma tardia. Senti um medo enorme de perdê-la e sabia que ia mais cedo ou mais tarde. Uma mulher que tinha um instinto tão forte para a maternidade não viveria com um homem que não lhe desse filhos.

Senti meus olhos pesarem com lágrimas e ela tocou meu rosto.

- vamos ser tão felizes meu amor... Você vai ver que esse medo todo vai embora e seremos tão gratos por tudo.

- eu vi a Eva morta. Ela era uma criança muito linda apesar de pequenina.

- não pensa mais nisso. Já passou Rodolffo.

Ela sentou no meu colo e eu a abracei forte.

- eu vou me arrumar e quero ficar linda para você e para o nosso momento único.

- tem certeza?

- tenho sim. Essa noite eu serei sua mulher.

- quer tomar um vinho?

- quero sim.

- é ótimo para relaxar.

- eu sei que vou relaxar. - e me beijou a boca de um jeito ousado que ela sabia fazer para me provocar. - não demoro.

Ela saiu e eu fiquei ali parado por um tempo, digerindo uma das conversas mais francas que ela já teve comigo, até ir também tomar um banho e trocar de roupa.

...

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