Capítulo 12

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Brasil, uma semana depois.

Estava na minha sala e nesses últimos dias tenho estado um pouco melhor e estou reagindo dentro do possível. Nunca vou deixar de amar minha mãe e isso será eterno no meu coração. Mas a vida continua mesmo sem tê-la aqui.

Estava editando um documento e ao mesmo tempo me pus a cantar a música "um bom perdedor".

"Sei que você pensa em me deixar
E eu não vou impedir
Siga a sua estrela

Em todo caso, eu digo que ficarei aqui
Nesse mesmo lugar
Se quem vai pode um dia voltar
Então esperarei

E quando alguém conquistar o seu amor
Não serei mais quem hoje eu sou
Acho que sei perder
Acho que sei perder

Já não é preciso disfarçar
Essas lágrimas estão demais
Se é hora de ir, então vá

Sim, é claro, eu esperava te convencer
Mas é bom deixar a água correr
O que importa agora
As palavras que eu não pude dizer

E se o vento hoje sopra a seu favor
Eu não guardarei rancor
Acho que sei perder
E não será a primeira vez

Hoje é você, amanhã será quem for,
Serei um bom perdedor
E meu mundo não vai mudar
Até que alguém ocupe o seu lugar".

Fui interrompida por palmas e olhei para porta vendo Jorge me olhar.

- canta lindamente Juliette. Poderia passar o dia a te ouvir. - ele disse se aproximando da minha mesa.

- que nada. Só canto para distrair mesmo.

- estou satisfeito que está melhorando.

- minha mãe não gostava de me ver sofrer e ela tentou me poupar de todos os sofrimentos possíveis.

- mas te achei muito magoada cantando essa música. Foi deixada para trás por algum homem Juliette?

- eu? Eu não. De onde me tira essas perguntas sem pé nem cabeça Jorge?

- não sei... Queria conhecer mais sobre você.

- já me conhece o bastante. - afirmei voltando minha vista para o computador.

- sabe quem está voltando para o Brasil?

- não tenho ideia.

- Rodolffo Rios, seu amigo.

- ele já viajou tem mais de um ano.

- sim e até hoje você nunca me disse como conheceu ele.

- e isso é mesmo importante? Por que não vejo a necessidade dessa informação na sua vida.

- já ficaram? - ele me perguntou se aproximando mais de mim.

- ele te disse que ficamos?

- não. Ele não disse isso.

- então acredita no que ele te falou. É só confiar na palavra do seu amigo.

Jorge franziu a testa e saiu em seguida da minha sala.

Fiquei a pensar na informação que Jorge me deu e lembrei da última vez que vi Rodolffo. Foi na minha antiga casa, no dia que ele invadiu o meu quarto e eu o beijei.

Ainda guardo a lembrança daquele beijo que trocamos e talvez se eu não tivesse o mandado embora, ele tivesse voltado. Não era o certo, então Deus o afastou de mim em definitivo.

...

Casa dos Rios.

- tem alguém em casa? - cheguei tirando o meu casaco e vendo Maria se virar para mim.

- meu filho... Você voltou.

- quem é vivo sempre aparece Maria. Voltei.

Caminhei até ela e a abracei.

- queria tanto chegar aqui com a minha família Maria. - a soltei do abraço e fui até a bancada e vi a fotos dos meus.

- eu sinto muito por isso. Mas eu te disse que não encontraria sua felicidade no México.

- mas eu fui feliz com a Das Dores Maria, e foi uma grande fatalidade tudo aquilo. Ela teve uma gravidez sadia, nossa bebê estava bem. Maria já perdi dois filhos, as vezes acho que tenho o coração de aço por resistir a tudo isso.

- ainda há chances... Mas tem que ser na hora certa e com a pessoa certa.

- Das Dores era a pessoa mais certa no mundo. Veja ela. - entreguei a nossa  foto. - ela era linda.

- a amava de verdade?

- o quê acha?

- não sei... Aqui não parece apaixonado por ela.

- ah Maria, pare. Isso não faz sentido.

- talvez hoje não...

- voltei para essa casa para passar pouco tempo.

- como assim?

- vou vender tudo Maria. Não vou ficar com essa casa e muitas das coisas que meus pais deixaram. Vou buscar um lugar no mundo para mim.

- novamente no México?

- não... Vou ficar no Brasil mesmo. Mas ainda não decidi onde.

- vai almoçar em casa?

- vou... Estou doido de vontade de comer uma boa comida mineira. Quero que providencie um porta retrato para a nossa foto. Pensando bem, talvez eu faça um quadro de nós três.

Maria ficou a me olhar, mas nada disse, retornando para a cozinha em breve.

- nunca esquecerei de vocês. - falei subindo até o meu enorme quarto com a foto na mão.

Tudo aqui estava claro e arejado. Vi meu closet que deixei a mais de um ano e vi que tudo estava impecável. Selecionei todas as minhas roupas pretas, eram elas que eu usaria por muito tempo.

...



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