Brasil, uma semana depois.
Estava na minha sala e nesses últimos dias tenho estado um pouco melhor e estou reagindo dentro do possível. Nunca vou deixar de amar minha mãe e isso será eterno no meu coração. Mas a vida continua mesmo sem tê-la aqui.
Estava editando um documento e ao mesmo tempo me pus a cantar a música "um bom perdedor".
"Sei que você pensa em me deixar
E eu não vou impedir
Siga a sua estrelaEm todo caso, eu digo que ficarei aqui
Nesse mesmo lugar
Se quem vai pode um dia voltar
Então esperareiE quando alguém conquistar o seu amor
Não serei mais quem hoje eu sou
Acho que sei perder
Acho que sei perderJá não é preciso disfarçar
Essas lágrimas estão demais
Se é hora de ir, então váSim, é claro, eu esperava te convencer
Mas é bom deixar a água correr
O que importa agora
As palavras que eu não pude dizerE se o vento hoje sopra a seu favor
Eu não guardarei rancor
Acho que sei perder
E não será a primeira vezHoje é você, amanhã será quem for,
Serei um bom perdedor
E meu mundo não vai mudar
Até que alguém ocupe o seu lugar".Fui interrompida por palmas e olhei para porta vendo Jorge me olhar.
- canta lindamente Juliette. Poderia passar o dia a te ouvir. - ele disse se aproximando da minha mesa.
- que nada. Só canto para distrair mesmo.
- estou satisfeito que está melhorando.
- minha mãe não gostava de me ver sofrer e ela tentou me poupar de todos os sofrimentos possíveis.
- mas te achei muito magoada cantando essa música. Foi deixada para trás por algum homem Juliette?
- eu? Eu não. De onde me tira essas perguntas sem pé nem cabeça Jorge?
- não sei... Queria conhecer mais sobre você.
- já me conhece o bastante. - afirmei voltando minha vista para o computador.
- sabe quem está voltando para o Brasil?
- não tenho ideia.
- Rodolffo Rios, seu amigo.
- ele já viajou tem mais de um ano.
- sim e até hoje você nunca me disse como conheceu ele.
- e isso é mesmo importante? Por que não vejo a necessidade dessa informação na sua vida.
- já ficaram? - ele me perguntou se aproximando mais de mim.
- ele te disse que ficamos?
- não. Ele não disse isso.
- então acredita no que ele te falou. É só confiar na palavra do seu amigo.
Jorge franziu a testa e saiu em seguida da minha sala.
Fiquei a pensar na informação que Jorge me deu e lembrei da última vez que vi Rodolffo. Foi na minha antiga casa, no dia que ele invadiu o meu quarto e eu o beijei.
Ainda guardo a lembrança daquele beijo que trocamos e talvez se eu não tivesse o mandado embora, ele tivesse voltado. Não era o certo, então Deus o afastou de mim em definitivo.
...
Casa dos Rios.
- tem alguém em casa? - cheguei tirando o meu casaco e vendo Maria se virar para mim.
- meu filho... Você voltou.
- quem é vivo sempre aparece Maria. Voltei.
Caminhei até ela e a abracei.
- queria tanto chegar aqui com a minha família Maria. - a soltei do abraço e fui até a bancada e vi a fotos dos meus.
- eu sinto muito por isso. Mas eu te disse que não encontraria sua felicidade no México.
- mas eu fui feliz com a Das Dores Maria, e foi uma grande fatalidade tudo aquilo. Ela teve uma gravidez sadia, nossa bebê estava bem. Maria já perdi dois filhos, as vezes acho que tenho o coração de aço por resistir a tudo isso.
- ainda há chances... Mas tem que ser na hora certa e com a pessoa certa.
- Das Dores era a pessoa mais certa no mundo. Veja ela. - entreguei a nossa foto. - ela era linda.
- a amava de verdade?
- o quê acha?
- não sei... Aqui não parece apaixonado por ela.
- ah Maria, pare. Isso não faz sentido.
- talvez hoje não...
- voltei para essa casa para passar pouco tempo.
- como assim?
- vou vender tudo Maria. Não vou ficar com essa casa e muitas das coisas que meus pais deixaram. Vou buscar um lugar no mundo para mim.
- novamente no México?
- não... Vou ficar no Brasil mesmo. Mas ainda não decidi onde.
- vai almoçar em casa?
- vou... Estou doido de vontade de comer uma boa comida mineira. Quero que providencie um porta retrato para a nossa foto. Pensando bem, talvez eu faça um quadro de nós três.
Maria ficou a me olhar, mas nada disse, retornando para a cozinha em breve.
- nunca esquecerei de vocês. - falei subindo até o meu enorme quarto com a foto na mão.
Tudo aqui estava claro e arejado. Vi meu closet que deixei a mais de um ano e vi que tudo estava impecável. Selecionei todas as minhas roupas pretas, eram elas que eu usaria por muito tempo.
...
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O solitário
FanficUm homem solitário, conformado e acomodado com sua condição. Ele leva a vida no automático e é extremamente metódico, tudo gira em torno de si e assim ele acha que está feliz. Mas até quando?