As taças se chocaram uma na outra, igual seu olhar no meu.
...
Rodolffo continuava lindo e ainda mais atraente, só uma cega não olharia para ele com olhos de luxúria e nessa vida eu poderia ser muita coisa, mas cega eu não era.
- Juliette... - ele começou.
- sim...
- sei que não fui legal com você no passado e sei que meu compo foi dos piores. Gostaria de te pedir perdão por aquilo. - coloquei minha mão sobre a sua que estava na mesa.
- e eu quero muito te agradecer por tudo que fez por mim. Rodolffo graças ao emprego que você me indicou minha vida mudou muito, ainda pude dá a minha mãe coisas que ela sempre quis e hoje posso desfrutar de tantas coisas boas.
- e conheceu o Jorge. - ele ressaltou.
- Jorge é um homem especial e que eu quero muito bem.
- ele também gosta muito de você.
- ele sempre me tratou bem e me ajudou no que eu precisei.
- ele é um cara do bem.
- tenho muito carinho por ele e somos amigos.
- a amizade é o pilar inicial de qualquer relacionamento. Eu também fui muito amigo de Das Dores.
- esse era o nome da sua esposa?
- ela era minha noiva. Eu me casaria com ela depois que tivéssemos a bebê e elas duas pudessem voar. Gostaria muito de ter dado a cidadania brasileira a ela.
- eu fico feliz que ela tenha tocado tão profundamente o seu coração.
- Das Dores era uma mulher doce, meiga e afetuosa. Ainda consigo me lembrar bem do dia que nos conhecemos.
- então me conta, gosto de ouvir e você falar dela te fará bem.
- era uma noite de festa no vilarejo e eu fui até lá curtir um pouco por que eu vivia bem sozinho. Bebi algumas coisas por lá e depois me aproximei do lugar que as pessoas estavam dançando e lá estava ela. Das Dores era ruiva e tinha sardas no rosto que a deixavam ainda mais bonita, me encantei com seu sorriso e seu olhar, depois a chamei para dançar e já no fim da festa demos o nosso primeiro beijo. Fiquei uma semana indo vê-la direto e ela me correspondia totalmente, até que um dia eu perguntei se ela gostaria de vir comigo e ela me disse "sim". Começamos a morar juntos e dois meses depois ela anunciou a gravidez.
- que lindo. Vocês foram bem rápidos.
- ela nunca quis evitar uma gravidez e eu respeitei a vontade dela. Fomos felizes juntos, nunca nos desentendemos. Das Dores tinha uma visão muito bonita da vida e acho que só a vi com medo no dia do parto da nossa Eva.
- por que ela não sobreviveu?
- a Eva passou da hora de nascer e ainda não estava encaixada direito e isso a gente já sabia, mas os médicos fizeram manobras para que ela nascesse e me disseram que já nasceu sem vida, a bebê estava roxa. Das Dores morreu de hemorragia e a medicina de lá é extremamente precária a vista da nossa, se eu tivesse trazido elas pra cá, acho que tudo poderia ser diferente.
- não se martirize... Deus sabe o quê faz. - notei seu semblante endurecer.
- Das Dores também era cristã, mas o seu Deus não a livrou da morte.
- e tu não crer?
- experimenta perder seu pai, sua mãe e sua irmã num grave acidente, depois um bebê de cinco meses e anos mais tarde perder outro bebê e a sua mulher, para vê se ainda acredita em Deus.
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O solitário
FanfictionUm homem solitário, conformado e acomodado com sua condição. Ele leva a vida no automático e é extremamente metódico, tudo gira em torno de si e assim ele acha que está feliz. Mas até quando?