Capítulo 14

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As taças se chocaram uma na outra, igual seu olhar no meu.

...

Rodolffo continuava lindo e ainda mais atraente, só uma cega não olharia para ele com olhos de luxúria e nessa vida eu poderia ser muita coisa, mas cega eu não era.

- Juliette... - ele começou.

- sim...

- sei que não fui legal com você no passado e sei que meu compo foi dos piores. Gostaria de te pedir perdão por aquilo. - coloquei minha mão sobre a sua que estava na mesa.

- e eu quero muito te agradecer por tudo que fez por mim. Rodolffo graças ao emprego que você me indicou minha vida mudou muito, ainda pude dá a minha mãe coisas que ela sempre quis e hoje posso desfrutar de tantas coisas boas.

- e conheceu o Jorge. - ele ressaltou.

- Jorge é um homem especial e que eu quero muito bem.

- ele também gosta muito de você.

- ele sempre me tratou bem e me ajudou no que eu precisei.

- ele é um cara do bem.

- tenho muito carinho por ele e somos amigos.

- a amizade é o pilar inicial de qualquer relacionamento. Eu também fui muito amigo de Das Dores.

- esse era o nome da sua esposa?

- ela era minha noiva. Eu me casaria com ela depois que tivéssemos a bebê e elas duas pudessem voar. Gostaria muito de ter dado a cidadania brasileira a ela.

- eu fico feliz que ela tenha tocado tão profundamente o seu coração.

- Das Dores era uma mulher doce, meiga e afetuosa. Ainda consigo me lembrar bem do dia que nos conhecemos.

- então me conta, gosto de ouvir e você falar dela te fará bem.

- era uma noite de festa no vilarejo e eu fui até lá curtir um pouco por que eu vivia bem sozinho. Bebi algumas coisas por lá e depois me aproximei do lugar que as pessoas estavam dançando e lá estava ela. Das Dores era ruiva e tinha sardas no rosto que a deixavam ainda mais bonita, me encantei com seu sorriso e seu olhar, depois a chamei para dançar e já no fim da festa demos o nosso primeiro beijo. Fiquei uma semana indo vê-la direto e ela me correspondia totalmente, até que um dia eu perguntei se ela gostaria de vir comigo e ela me disse "sim". Começamos a morar juntos e dois meses depois ela anunciou a gravidez.

- que lindo. Vocês foram bem rápidos.

- ela nunca quis evitar uma gravidez e eu respeitei a vontade dela. Fomos felizes juntos, nunca nos desentendemos. Das Dores tinha uma visão muito bonita da vida e acho que só a vi com medo no dia do parto da nossa Eva.

- por que ela não sobreviveu?

- a Eva passou da hora de nascer e ainda não estava encaixada direito e isso a gente já sabia, mas os médicos fizeram manobras para que ela nascesse e me disseram que já nasceu sem vida, a bebê estava roxa. Das Dores morreu de hemorragia e a medicina de lá é extremamente precária a vista da nossa, se eu tivesse trazido elas pra cá, acho que tudo poderia ser diferente.

- não se martirize... Deus sabe o quê faz. - notei seu semblante endurecer.

- Das Dores também era cristã, mas o seu Deus não a livrou da morte.

- e tu não crer?

- experimenta perder seu pai, sua mãe e sua irmã num grave acidente, depois um bebê de cinco meses e anos mais tarde perder outro bebê e a sua mulher, para vê se ainda acredita em Deus.

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