Chegamos na maternidade e Juliette estava calma. Ela fazia sim algumas caretas, mas não havia nela nada de muito alarmante.
E era admirada por sempre ter um sorriso no rosto quando a médica a avaliava e dizia que estava mais perto.
- já está com 8 centímetros, a médica disse depois de três horas de trabalho de parto. Está excelente Ju, eu acredito que no ritmo que está não demora uma hora para nascer.
- depois que a bolsa rompeu está mais rápido. - Juliette disse entre um assopro e outro.
- ela tá sangrando... Isso é normal? - perguntei aflito.
- sim... Pode ficar tranquilo pai, é normal.
Eu estava controlando a vontade de chorar e de gritar. Por momentos eu puxava meu cabelo para tentar aliviar o nervosismo e o pânico.
- ela está ótima, não está? - a médica me perguntou sorrindo.
- ela é forte.
- fique tranquilo, Juliette vai ter um ótimo parto, tudo está indo bem. Daqui a pouco eu volto.
A médica se foi e ficamos novamente sozinhos.
- amor... Pode me ajudar aqui? Eu prefiro ficar em pé... Dói menos.
- é claro.
A ajudei a ficar de pé e assim que ela ficou, veio uma contração mais forte e ela se segurou em mim.
- ai essa tá muito forte. - ela disse me segurando com força.
- estou aqui amor. Não precisa se segurar por mim... Pode gritar, chorar o quê for... Eu vou ser forte, prometo.
Ficamos nessa posição um pouco mais até que ela se soltou do meu abraço e começou a apoiar na parede.
Juliette suspirava forte e eu fazia massagem nas suas costas. Era duro vê-la sofrer, mas eu tinha que entender que ela queria aquilo.
- acho que as pessoas querem ver as grávidas tristes e numa situação humilhante. Eu noto que todo mundo está me julgando por não está me reclamando das dores, ou por que não estou gritando ou chorando de dor.
- é por que a maioria das pessoas são assim.
- não teria como reclamar de um sonho realizado. Eu pedi a Deus essa benção. Eu clamei aos céus por isso, inicialmente para que o tratamento fosse eficaz, e depois para chegar até aqui, como posso estar triste num dia desses? Eu estou feliz por que o meu milagrinho vai chegar.
- não precisa se preocupar com isso agora meu amor... Não se aborreça por isso. Vamos apenas esperar nossa menina com paciência. - falei continuando a massagem, mas já sentindo ela se contorcer.
- eu acho que vai nascer... Rodolffo... Aperta a campainha. Chama a enfermeira. - ela disse ofegante e vi lágrimas molharem seu rosto.
Apertei a campainha e fui socorrê-la.
- ai amor... Tá demais agora. - ela disse segurando minhas mãos e trincando os dentes. - eu quero deitar.
A ajudei a deitar e nada da equipe vir. Toquei a campainha de novo.
Vi Juliette fazer força.
- amor... Eles estão chegando. - eu estava em pânico e senti minhas pernas bambearem.
A médica chegou e fez outro toque.
- sala de parto, agora!
Saímos com Juliette na cama para a sala de parto e lá a médica começou os procedimentos para a chegada da Maria.
- Juliette, agora é hora de fazer força, sei que está cansada, mas ela precisa de você.
Juliette acenou com a cabeça e segurou mais forte minha mão.
- amor... Eu estou aqui. Sei que você consegue.
Ela me deu um sorriso e lágrimas rolaram ainda mais forte no seu rosto.
Nunca duvide da força de uma mulher e eu nunca duvidei da força de Juliette, mas para parir a Maria Júlia ela foi ainda mais determinada.
Sua mão apertou a minha e ela fez um forte impulso, depois mais um...
- a cabeça apareceu. Mais um empurrão Juliette. - a médica pediu.
Ela empurrou ainda mais forte e dessa vez ficou vermelha, mas a bebê não nasceu.
- só um pouquinho mais. - a médica tornou a pedi.
Ela se permitiu chorar um pouco e era notável o esgotamento físico, mas ela colocou ainda mais força, tanto que fez uma veia da testa pular.
Vi a bebê ser tirada de dentro dela e fiquei atônito. A médica a ajeitou na mão e ela chorou. Um choro forte, que fez Juliette e eu chorar também.
Ela veio direto para o colo da mãe e a Juliette cansada deu lugar a uma mulher ativa que só queria ter a sua bebê junto ao corpo.
Depois tiraram ela para cortar o umbigo, enrolar num lençol e colocar a pulseira de identificação, mas ela chorava longe da mãe.
Eu chorava igual um bobo, mas não era por outro motivo, era de felicidade. Juliette alisava meu rosto e eu beijava sua testa.
- ela é perfeita amor... Nossa menininha.
- ela é muito perfeita. - dizia admirado com a minha filha. - obrigada Deus por tamanha benção.
...
Feliz e abençoado dia das mães a todas as leitoras mamães. Que Deus as abençoe e saibam que todas vocês tem minha admiração. Ser mãe é se doar sem medidas e amar muito além do que se pode imaginar.
*Espero um dia viver essa experiência.
Um xêro 😚❤️
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O solitário
Fiksi PenggemarUm homem solitário, conformado e acomodado com sua condição. Ele leva a vida no automático e é extremamente metódico, tudo gira em torno de si e assim ele acha que está feliz. Mas até quando?