Mais uma noite caiu em Belo Horizonte e para onde eu vou? É... Acho que todo mundo sabe a resposta.
Hoje foi um dia conflituoso na empresa e optei por não demitir a Thaís, afinal nem tivemos e nem teremos nada, então seria uma demissão desnecessária.
Cheguei no restaurante e ele estava bem cheio hoje, mas não a vi em lugar nenhum. Depois de um tempo fui procurar pelo Armando.
- e aí Armando. Casa cheia hoje... Isso é ótimo.
- é excelente mesmo.
Fiquei a procurando com os olhos e Armando viu.
- não a busque. Ela não virá mais.
- como? - perguntei surpreso.
- Juliette entregou o trabalho hoje. Ela era tão boa, todos os clientes gostavam dela. Não é só você que está sentindo falta.
- fez alguma coisa com ela?
- não... De jeito nenhum. Eu gostava da moça, muito honesta e limpa, mas ela não quis mais continuar aqui. Ainda ofereci uma boa proposta no salário, mas ela não quis.
- ela precisa desse trabalho. - disse ainda sentindo o choque e sabendo por que ela possivelmente pediu demissão.
- é... Precisa mesmo.
Deixei o Armando sozinho e sai do restaurante. Eu sabia onde ela morava e iria lá a todo custo.
Talvez fosse perigoso ir naquele bairro no meu carro, mas sinceramente não temo a muita coisa nessa vida e não iria temer hoje.
Fiz o percurso o mais depressa possível e sabia que minha memória não me trairia. Na casa simples, de construção inacabada era onde Juliette vivia com os seus pais.
Desci do carro e me pus a bater palmas. Algumas pessoas colocaram a cabeça para fora de suas casas e acho que me tornei um ponto turístico ali.
- ôh de casa... - disse batendo palmas.
Quem saiu foi uma senhora que de cara achei que fosse a mãe de Juliette, pela semelhança.
- boa noite senhora. - disse educadamente.
- boa noite.
- é aqui que mora Juliette?
- não... Não existe essa pessoa aqui.
Ela não tinha um semblante agradável e óbvio que estava mentindo.
- mas me disseram que era aqui que ela morava...
- não existe essa moça aqui.
- eu tenho uma proposta de trabalho para ela. - tentei amenizar a situação com a senhora com cara de brava.
- não me interessa as suas propostas. Quero que saia da frente da minha casa agora.
- tudo bem. Mas sei que a senhora está mentindo. Juliette... Você está aí? - gritei.
- se não sair daqui agora eu vou tomar medidas mais sérias.
- vai fazer o quê? Me dá um tiro? Olha que eu estou aceitando.
- só pode ser doido.
- por que não quer que eu fale com a Juliette?
- ela não existe para ti. Esqueça dela.
Não quis mais discutir. Eu sei esperar e ao analisar a estrutura daquela casa, sabia que não seria difícil entrar ali a hora que eu bem quisesse.
Entrei no carro e fui embora.
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O solitário
FanfictionUm homem solitário, conformado e acomodado com sua condição. Ele leva a vida no automático e é extremamente metódico, tudo gira em torno de si e assim ele acha que está feliz. Mas até quando?