Capítulo 54

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No dia seguinte, na corretora.

- bom dia chefe... - entrou na minha sala Guilherme equilibrando os óculos no rosto.

- bom dia caboclo... E aí como está as coisas?

- olhe tirando que eu não tô dormindo... Que a Jéssica anda brigada comigo... Que minha bebê tem muita cólica... Que minha vida estagnou de alguma forma e que eu me sinto um caco... Eu tô bem.

- nossa que animador. - disse rindo.

- você vai ver... Aproveita sua vidinha boa antes da Maria chegar... Cê vai ver o quê é uma coisa complicada o bebê recém nascido. Meu nome hoje é Guilherme Exausto Sonolento Machado.

- mas que drama... Deixa disso Guilherme... Menos. Agradece por ter sua filha e esposa vivas. O resto se arruma com o tempo.

- depois não diga que não te avisei.

Eu ri e logo depois vi meu celular tocar. Era a Maria e ela quase nunca me ligava.

📱Oi Maria. Que houve?

📱Dona Juliette está passando mal... - ela disse aflita.

📱 Passando mal como?

📱O cachorrinho senhor...

📱O quê tem o pitico Maria? Por Deus fale logo.

📱Ele comeu um pedaço da cadeira de amamentação da dona Juliette e ela não para de chorar.

Chega senti o coração voltar a bater. Que susto.

📱Maria, estou indo pra casa. Ela realmente deve estar muito triste. Tente acalmá-la.

📱Vou tentar.

Desliguei a chamada e Guilherme me olhava de olhos arregalados.

- o quê houve? Ela sofreu alguma coisa?

- só tá triste cumpadi. Pitico comeu um pedaço da cadeira de amamentação de Juliette e era uma cadeira lilás. Vou ter que rodar pra encontrar outra, mas vou dá um jeito.

- compra de outra cor Rodolffo... Tudo resolvido.

- não... Tem que ser lilás para combinar com os unicórnios. Eu preciso ir Guilherme... Não volto mais hoje.

...

Peguei meu carro e segui para casa. O trânsito estava difícil e demorei muito para chegar.

Quando finalmente cheguei em casa não vi barulho algum na entrada e me preocupei.

Maria vinha descendo as escadas e a interroguei.

- cadê minha esposa?

- está no quarto. O cachorrinho tá tá também. Ela acabou dormindo.

- eu vou lá... Ela tá muito cansada. Faça alguma coisa gostosa para ela comer.

Cheguei no quarto e encontrei Juliette deitada de lado na cama enquanto pitico estava triste do seu lado.

Quem tem animal em casa sabe que ele sente as coisas e pitico sentia tudo que se passava em volta, fosse alegria ou tristeza. Então, ele percebeu que Juliette estava triste.

Sentei do lado oposto que ela estava deitada e ela se mexeu na cama.

- a poltrona... - ela disse baixinho. - não existe mais... - os soluços iam começar, mas eu tentei impedir.

- te compro todas as cadeiras, poltronas e dou tudo o quê tenho para te trazer uma nova cadeira na mesma cor lilás, mas não suporto te ver com o rosto inchado assim. Por favor fique calma. Pense na sua saúde e da bebê.

Ela segurou o meu braço e levemente colocou minha mão sobre sua barriga.

- nós te amamos tanto papai. - ela tinha os olhos cheios de lágrimas.

- também tanto vocês duas. Não quero que se desgaste por coisas assim. - pitico chegou até mim e eu fiz carinho nele. - somos uma família e isso pode acontecer, você sabe que ele não tem culpa.

- eu sei... Mas eu não consigo parar de chorar. Ela era tão linda.

- são coisas da gravidez... Não é um choro comum. Eu te conheço e sei que não ligaria para isso em outra oportunidade.

- obrigada por me entender.

- obrigada por ter gostado de mim. Por ter me aceitado. Por me amar. Por casar comigo e ser essa mulher incrível e a melhor mãe que alguma criança pode ter. Não há riqueza no mundo que pague tudo isso que construimos juntos, nada se compara a isso. Você é tudo Juliette. Não posso te perder.

- não pense assim.

- eu tento todos os dias mentalizar que vamos conseguir e que vamos ter a Maria em breve conosco, mas hoje quando fiquei sabendo que você estava mal meu coração ficou apertado.

- não sei o quê me deu... Desculpa.

- ainda lembro da primeira vez que te vi. - eu disse alisando seu rosto. - um alarme soou "se afaste", mas eu não queria me afastar... Eu fui insistente e incoveniente, mas eu precisava estar perto. Quando eu senti que não era correspondido não consegui conviver com isso e fugi.

- eu queria tanto que você tivesse voltado. Te esperei e por isso naquele dia, no restaurante ao te ver, não exitei a ir falar contigo. Eu sei que não devia, mas eu me apaixonei por você. Nunca consegui te esquecer e hoje esperamos a Maria.

- por isso tudo e por esse amor, não chore... Te darei até um unicórnio se pedir.

- eu quero um... de pelúcia... - ela disse rindo.

- tudo bem.

- acho que a Maria vai gostar, não vai?

- claro que vai... Graças a Deus os unicórnios são só ficção, se não eu ia perder vocês duas pra um unicórnio.

Juliette sorriu e pitico pulou em cima dela.

- meu bichinho... Te amo bebê. - ela disse cheirando a bolinha de pelo.

- eu também amo essa bolinha de neve. - disse beijando a cabeça do pitico enquanto ele fazia farra entre Juliette e eu.

Depois da tempestade vem a calmaria e que ela fique por aqui.

...

O solitário Donde viven las historias. Descúbrelo ahora